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terça-feira, 4 de julho de 2017

The Walking Dead: A maldição da semiótica política e do jornalismo



henry Henkels


A política tardiamente descobriu que não passa de uma nulidade, que o poder não mais existe, pelo menos como um locus - uma nobreza, um palácio, um congresso, um tribunal ou coisa que valha - um espaço a ser preenchido por um grupamento social ou uma classe. O poder real migrou definitivamente para a banca financeira transnacional, na gestão automática e algorítmica do capitalismo especulativo e rentista, com seus planejados ciclos de crise e prosperidade.

Através de construção de narrativas e marketing, partidos políticos simulam diferenças entre si, fazem paródia do velho espectro (de esquerda x direita, comunismo x capitalismo, etc.) e vivem do escândalo, da denúncia e do moralismo para se por em um movimento walking-dead de um sistema zumbi.

O jornalismo tradicional, igualmente decrépito e decadente, acha que é uma peça essencial nessa simulação errática: hoje se equilibra numa estrutura de escândalos e denúncias que são sistemática e seletivamente vazados segundo uma agenda política que tenta esconder essa  nulidade de si mesmos: os próprios, a politica e o jornalismo em si.

Porém, assim como o subsistema da política, o jornalismo procura simular racionalidade e utilidade para justificar a própria existência. Isto é, simular a finalidade original à qual o jornalismo supostamente serviria, de informar a sociedade, investigar, enfrentar os poderosos, mas no fim acaba indo onde os poderes decadentes deles próprios tentam cerceá-lo: a verdade.

Assim caminhamos: Ó tempora!... Ó mores!...