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quarta-feira, 12 de março de 2014

Barafunda na Venezuela - é o petróleo estupido!...

excerto do ensaio de Ricardo Alvarez, no Correio da Cidadania

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A elite venezuelana, incrustada na estatal petrolífera durante décadas, resistiu duramente ao processo de controle da estatal PDVSA pelo governo a partir da primeira década deste século, o que provocou acirrada disputa interna. O chavismo ganhou as eleições, mas os burocratas não queriam abandonar o controle da empresa.

Porém, na exata medida das sequentes vitórias da Revolução Bolivariana neste enfrentamento, o governo trouxe para si a responsabilidade de ditar as políticas e diretrizes que guiariam os rumos da petroleira, em especial na distribuição social de seus superávits, sustentando programas sociais e políticas de distribuição de renda. Os anos de 2008 a 2010 registram esta nova condição de estabilidade no funcionamento da PDVSA e o sucesso nas pesquisas e descoberta de novas bacias, como evidencia a tabela.

A conquista da Venezuela do posto de primeira colocada em reservas mundiais de petróleo (a partir de 2010) é um fato que passou ao largo da grande imprensa no Brasil e de boa parte dos brasileiros, mas não escapou aos olhos dos EUA e de sua política externa.

Não se trata de uma informação menor, ao contrário, significa colocar o país no jogo global do petróleo, que envolve grandes corporações, governos dos países centrais (especialmente os EUA e União Européia), o capital financeiro e muitos interesses.

Destaque-se ainda que vários autores e estudiosos do tema admitem que o mundo ultrapassou recentemente o “peak oil”, ou o “pico do petróleo”, que representa aquele ponto no gráfico em que a curva quebra para baixo, ou seja, quando as descobertas de novas jazidas não mais acompanham a demanda internacional impondo, daqui em diante, a condição de eliminação definitiva do petróleo como matriz energética do mundo capitalista em algumas décadas.

É nesta moldura da geografia política mundial que se enquadram os conflitos recentes na Venezuela. Os EUA precisam derrubar o governo e garantir maior proximidade e controle dos estoques de subsolo, ao passo que o chavismo depende diretamente do óleo para a continuidade de suas políticas sociais. Este conflito deve ser seguido de perto por aqueles que acreditam na soberania dos povos sobre seu território e na redução das desigualdades sociais como caminho único para a edificação de um mundo mais justo e igualitário. Os próximos capítulos desta disputa de projetos prometem fortes emoções.




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