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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Fundamentos comportamentais para a direita coxinha



por Miguel do Rosário, em seu O Cafezinho


Tem que ter muita paciência para entender a mentalidade coxinha. Imagino que os próprios não entendem a si mesmos. Ontem foi dia de protestos anti-copa, mas dessa vez ficaram bem esvaziados. No Rio, umas cinquenta pessoas, apesar de Marcelo Freixo ter dito a seus fiéis para “continuarem nas ruas”.

O destaque vai para Porto Alegre, que reuniu cerca de 300 ou 400 pessoas.

Os manifestantes, como de praxe, escolheram a hora mais turbulenta do trânsito, o início da noite. Depredaram a agência de um banco público, o Banrisul, tentaram queimar um boneco de Pelé (porque não conseguiram, não sei), reviraram contêineres de lixo, pixaram as sedes do PT e PMDB.

Por fim, puseram fogo a uma foto do Pelé.

Tudo muito pacífico, claro, muito democrático.

Razão do protesto: contra a possibilidade de aumento da passagem de ônibus e, sobretudo, contra a Copa do Mundo.

O Fernando também escreveu sobre o tema no Tijolaço, cujo post reproduzo abaixo:

*

Os “libertários” que não queimam a bandeira americana, mas ateiam fogo à imagem do Pelé

Por Fernando Brito, do Tijolaço

Pelé, fora de campo, nunca foi santo de minha devoção. Já disse muita besteira e muita coisa correta, como tanta gente já fez.

Mas, 40 anos depois de deixar os gramados, é impressionante como ainda é uma figura reconhecida e querida pelo mundo afora. Na prática, virou há meio século um símbolo do Brasil.

Não foi à imagem do cidadão Edson Arantes do Nascimento que este panaca da foto ateou fogo ontem, numa manifestação que reuniu 300 pessoas (“O País em Protesto”, como diz a Folha) em Porto Alegre. Foi ao Pelé que todo mundo gosta, o Pelé do futebol.

Nos protestos, há décadas, volta e meia alguém, mais radical, punha fogo numa bandeira americana. A gente evitava, ninguém queria ofender o povo americano, mas aquilo era um grito contra o império, contra a dominação.

Mas os nossos coxinhas são diferentes.

Protestam contra a Copa, mas não protestam contra a sangria dos juros que o mercado nos impõe e que leva, todo ano, oito ou nove vezes o gasto com a Copa, no cálculo mais modesto.

Carregam cartazes “Dilma=Maduro”, um presidente eleito que se está tentando derrubar.

E ateiam fogo a uma imagem do Pelé. Depois, vão dizer que são “libertários” e “pacíficos”. Quando são intolerantes e belicosos. Eles acordaram a direita fascista brasileira. Que não queima bonecos, mata pessoas.

Não adianta que um ou outro dos que fazem parte disso digam que não concordam. É isso o que se pôs em marcha, querendo ou não. Quem quiser se confundir, que se confunda.

Talvez só descubra tarde demais.

PS. Reparem que a foto, tirada por Carlos Macedo, da Zero Hora, não foi parar nos jornais em geral. A mídia sabe que é uma imagem que repugnaria os brasileiros, não vai ela “queimar” assim os seus prestimosos filhotes.

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