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domingo, 22 de setembro de 2013

Escolinha de alienados




pescado na revista Samuel - não informa o autor



Completados dez anos da incursão norte-americana em Bagdá, a Guerra do Iraque gradualmente deixa o campo das “atualidades” para passar a ser estudada nas páginas dos livros de história. À medida que o assunto míngua do noticiário, muitos começam a se perguntar como o tema é abordado nas escolas dos Estados Unidos. Será que os jovens norte-americanos confrontam e discutem a presença das tropas do seu país em outro continente?

Para achar a resposta, Jonathan Zimmerman, da publicação Salon, foi às apostilas e livros didáticos usados nos colégios dos EUA. E teve uma feliz surpresa. “Os livros apresentam um balanço complexo e equilibrado da guerra no Iraque, sem as manipulações que diversas vezes mancharam a historiografia norte-americana”, diz.

Aparentemente livres de propaganda chapa-branca das ações dos EUA, as apostilas incluem passagens de fôlego sobre temas controversos. Tanto os prisioneiros torturados e abusados pelas tropas dos EUA fora do país, quanto a volta da vigilância interna são lembrados nas páginas dos livros.

O buraco, no entanto, é mais embaixo: uma combinação de política educacional com decisões judiciais restritivas parece fazer com que os jovens pouco ou nada saibam sobre o que foi empreendido no Iraque.

Política educacional e tribunais

Zimmerman lembra ainda que nunca houve uma “era de ouro” para as escolas dos EUA — em que professores e alunos protagonizassem debates e discussões profundas sobre os assuntos do cotidiano. Durante as duas grandes guerras, por exemplo, houve demissões dos professores que ousaram fazer um contraponto. No Vietnã, o contrário: docentes tentavam frear manifestações vindas dos próprios alunos.

Atualmente, o problema é outro e o pensamento crítico, ainda mais rarefeito. Estudiosos reclamam que não há mais tempo para tentar levantar questões desse tipo. Desde os anos 1980, o sistema educacional nos EUA passa por um processo forte de padronização do ensino, que impõe exames periódicos para avaliar os alunos e, por extensão, as escolas. A pressão por bons resultados nos testes acaba por ditar o ritmo (intenso) e o conteúdo (canônico) nas salas de aula — sem que haja brechas para digressões.

Pior que isso, está se consolidando uma jurisprudência nas cortes norte-americanas que impõe limites às liberdades de discurso dos professores dentro das suas próprias salas de aula. Basta ver o caso de Deborah Mayer, professora de uma escola primária no estado de Nova York. Em 2003, durante uma das suas atividades surgiu na sala de aula uma discussão a respeito de uma manifestação antiguerra. Uma de suas alunas perguntou a Mayer se ela iria a um protesto desse tipo. Ela disse que sim e que as pessoas deveriam procurar maneiras pacíficas de resolver os conflitos. A declaração foi repudiada pelos pais e, após a polêmica, a escola não quis renovar o contrato de trabalho com Mayer.

Ela acionou a Justiça e, após diversas cortes locais validarem a decisão da diretoria do colégio, o caso chegou até a Suprema Corte dos EUA em 2006. Julgando a questão, os magistrados do mais alto tribunal do país decidiram que funcionários públicos não têm liberdade irrestrita para manifestar seu pensamento no local de trabalho. Suas palavras pertencem ao empregador.

Em suma, o professor atua como um “ventríloquo cívico”, pago para repetir frases que são colocadas na sua boca. Não importa que o professor tenha uma opinião própria, se a matriz curricular do colégio compactua com o discurso “Support our Troops”, então é o que será feito.

O resultado é o que Zimmerman chama de “silêncio ensurdecedor” a respeito da Guerra do Iraque nas escolas dos EUA. O assunto não é discutido e os jovens não percebem a sua ausência. A escola da filha de Zimmerman, por exemplo, adota um dos livros didáticos completos e balanceados sobre o conflito. No entanto, a versão utilizada em sala de aula é a edição de 2002, impressa antes das terras iraquianas serem invadidas.

Comentário de uma leitora brasileira:


Thália de Paula: Sou aluna do Ciencia sem Fronteiras e estou nos EUA ha dois meses. Apesar do meu curso no Brasil ser Nutricao, faco uma disciplina chamada "Developement of the USA", disciplina esta, que esta dentro do curso de Historia da universidade.
Eu compreendo exatamente o que quer dizer esse "silencio ensurdecedor": ele nao vem so da instituicao, que certamente orienta a professora a rezar sob a sua cartilha -- o que e perfeitamente possivel; ele tambem nao vem so do professor, que nao se manifesta politicamente durante as aulas, nao promove qualquer discussao em sala de aula, nao coloca o dedo em nenhuma ferida, nao chama os alunos pra discussao critica, e literalmente nao se compromete. Mas o pior silencio e o dos alunos. Eles nao participam das aulas, nao falam, ficam mudos o tempo todo. A sensacao e a de que aquela aula nao os pertence, que eles nao tem nada a ver com aquilo! Parece que ficam todos esperando a hora de ir embora, todo mundo de saco cheio, de cara amarrada.
Quando o assunto e mais polemico, como nas aulas a respeito das guerras mundiais, os EUA, apesar de nao terem sido 100% idolatrados pela professora (como normalmente o faz os Holiwoodianos), tambem nao ha qualquer fala a respeito dos milhares de dolares que o pais embolsou nesses episodios, nem da matanca do Vietnan, da Coreia, de Cuba, e provavelmente nao sera assim na aula a respeito da guerra no Iraque, que vira no fim do semestre. Ninguem fica sabendo das manobras politicas, do imperialismo violentissimo a que eles submeteram os outros paises, da dominacao, etc. As aulas de historia na universidade nao tem 1% da qualidade critica que eu tive nas aulas no colegio no Brasil.
As universidades americanas estao formando um bando de abobalhados, e nao vejo isso so na aula de historia, nao. No curso de nutricao escuto cada barbaridade... Eles, apesar de serem fantasticos em muitas coisas, tem um material humano fraquissimo. E meus colegas brasilieiros de outros cursos que estao aqui, concordam comigo. Estamos melhores do que imaginavamos no Brasil.

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