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sábado, 15 de junho de 2013

Borba, o gato... e Diogo, o cão


primoroso conto infantil de Ruth Rocha, em sua pagina UOL


Borba, o gato e Diogo, o cão, eram muito amigos.
Desde muito pequenos foram criados no mesmo quintal e, assim, foram ficando cada vez mais unidos.

Brincavam de pegador, de amarelinha e de mocinho e bandido.
Essa era a brincadeira de que eles mais gostavam.
Ás vezes, Borba era o mocinho e Diogo o bandido.
Outras vezes, era o contrário.

Vocês já ouviram falar que duas pessoas brigam como cão e gato?
Pois os nossos amigos nunca brigavam, apesar de serem realmente cão e gato.

De vez em quando, Diogo arreliava um pouquinho Borba, cantando:
- Atirei o pau no ga-to-to, mas o ga-to-to não morreu-reu-reu...
Mas o Borba nem ligava e eles continuavam amigos.

Quando chegou a hora de irem para escola, Diogo, que era um cão policial, resolveu estudar na escola da polícia.

Borba foi cantar a mãe:
- Sabe, mamãe? Eu também vou ser policial.
Dona Gata riu:
- Onde é que já se viu gato policial?
- Ora, mamãe, se existe cachorro policial, por que é que não pode haver gato policial?

Dona Gata explicou:
- Meu filho, gatos são gatos, cachorros são cachorros.
Existe gato siamês, gato angorá...existiu até aquele célebre Gato-de-Botas.
Mas gato policial, isso nunca houve.

- Mas, mamãe, só porque nunca houve não quer dizer que não possa aparecer um.
Afinal, é a minha vocação...

Diogo, todos os dias, trazia exercícios para fazer em casa:
- Hoje eu tenho que descobrir quem é que rouba o leite da casa de dona Marocas. Você quer me ajudar?

Borba sempre queria.
Mas, cada vez que ia ajudar seu amigo, arranjava uma boa trapalhada...
Mas o Borba não desistia:
- Sabe, Diogo?
Eu tenho escutado uns barulhos muito estranhos, de noite. Deve ser algum ladrão. Vamos ver se a gente pega?

E os dois saíram, de madrugada, para pegar o ladrão...
Que não era ladrão nenhum, era só o padeiro!

A mãe de Borba já estava zangada:
- Vamos acabar com esses passeios no meio da noite!
Criança precisa dormir bastante!

- Mas, mamãe, todos os gatos andam à noite pelos telhados.
- Isso são os gatos grandes. Você ainda é muito pequeno.
- Ah, mamãe, assim você atrapalha minha carreira!
E Borba continuava a treinar para policial.

E explicava a Diogo:
- Eu preciso reabilitar a raça felina.
Em todas as histórias, os ratos são bonzinhos e os gatos são malvados. Veja os desenhos animados.
Veja Tom e Jerry! É uma injustiça. Eu vou mostrar a todo mundo que os gatos são grandes homens, quer dizer, grandes gatos...

O tempo passou e Diogo recebeu seu diploma. Ganhou uma linda farda e todas as noites fazia a ronda do bairro:
- PRIIIUUUUU! PRIIIUUUUU!...

Borba ainda tinha esperanças de vir a ser um policial e por isso saía sempre com o seu amigo.
Uma noite, quando vinham passando pela casa do seu Godofredo, viram alguma coisa muito suspeita no telhado:

- O que é aquilo? – perguntou Diogo.
- Desta vez juro que é um ladrão.
- Mas eu não sei subir no telhado.
Como é que eu faço?
- Quem não tem cão caça com gato – disse o Borba.
- Deixa que eu vou.

E subiu pela calha como só os gatos sabem fazer.
Aproximou-se do ladrão por trás e ...
- MIAAAUUUUUU!

O ladrão levou tamanho susto que despencou do telhado, caindo bem em cima do Diogo.
O Borba ainda gritou:
- Cuidado, Diogo!
Se ele te pega, faz cachorro-quente!

Mas o ladrão, que era o ladrão de galinhas, estava tão assustado que não conseguiu nem fugir.

- Está preso em nome da lei! – disse Diogo, todo satisfeito, pois era o primeiro ladrão que ele prendia.

Borba vinha descendo do telhado, todo orgulhoso.
Toda a vizinhança aplaudia os dois amigos:
- Agora podemos dormir sossegados!

Diogo levou seu prisioneiro para a delegacia e explicou, direitinho, como é que tinha prendido o ladrão.

O delegado quis logo conhecer o Borba e deu a ele uma condecoração:
- Parabéns, seu Borba!
O senhor daria um grande policial!

Borba piscou para o Diogo.
E foi admitido na corporação, mesmo sem fazer o curso.

Afinal, ele já tinha dado provas de ser um bom policial.
E ganhou o cargo de guarda dos telhados.

E agora, todas as noites, enquanto Diogo vigia as ruas, Borba cuida do seu setor.

A rua deles é a mais bem guardada da cidade.

Pois tem um policial na rua e um no telhado:
Borba, o gato.

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