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* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Marilena Chauí - Classe média e a ascensão do conservadorismo proto-fascista




Fala imperdível proferida pela sempre ótima Marilena Chauí, sobre a classe média e a tendência de ascensão do conservadorismo proto-fascista, em evento na USP na ultima terça-feira, dia 28/08. O vídeo dura 23 minutos, mas vale cada segundo. Não deixem de ver. Se não dispuser de tempo agora, volte aqui no final de semana para assisti-lo. O final da palestra é muito legal:


Nessa rodada analítica sobre esse tema, promovido pela USP, a fala anterior à da Marilena Chauí, também interessante, mais curta (14 minutos), foi a de André Singer, que tece algumas considerações interessantes sobre a cultura e o papel da igreja, nesse processo de ascensão do conservadorismo. Essa fala na verdade foi anterior a de Marilena Chauí no dia do debate. Também vale a pena gastar esses 14 minutos e assisti-lo:

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mais um crime de lesa-pátria se cozinhando: a privatização da Embrapa

NOTA PRELIMINAR: 

Um caso seríssimo está a se gestar: entregar a Embrapa para a Monsanto e/ou assemelhadas. Agora a magia foi preparada no caldeirão da bruxa guerrilheira vermelhusca, bulgara e dentuça!... Ai, ai ai...

Com a palavra o combativo senador Roberto Requião:




Texto aproximado do discurso, pescado no Viomundo, destaques grifados deste blog botocudo


O Partido dos Trabalhadores, o glorioso e inefável PT, reintroduz, em grande estilo, aos usos e discursos políticos, um dos piores defeitos do caráter pátrio: o emprego do eufemismo, essa figura de linguagem ou recurso estilístico que serve tanto para encobrir o preconceito, racial ou de classe, como para dissimular, para trapacear e ocultar com nuvens róseas a verdade dos fatos.

Eufemismo que transforma os negros em “morenos”, porque “negro”, para os nossos burgueses bem postados e bacharéis de anel de rubi, é uma idéia pouco agradável, já “moreno” suaviza a rejeição. Eufemismo que transforma os trabalhadores, os pobres, os explorados em geral em “menos favorecidos pela sorte”; as escravas domésticas em “secretárias”; os ladrões do dinheiro público em “supostos” assaltantes do erário; os bicheiros e contraventores em “empresários de jogos”;

os especuladores em “investidores”; a lavagem de dinheiro em “engenharia financeira”; os empregados miseravelmente assalariados dos supermercados em “colaboradores”. E patrões em “colegas de trabalho”, como os nossos jornalistas tratam os Marinho, os Civita, os Mesquita, os Frias, segundo a observação demolidora de Mino Carta.

Pois bem, eis que o já citado glorioso e inefável Partido dos Trabalhadores oferece a sua prestimosa ajuda para a coleção de eufemismos que disfarça, distorce, empana a crueza da realidade nacional. Segundo o novíssimo dicionário petista da negação da história, dos fatos da vida e dos compromissos programáticos, conceder não é privatizar. Concessão é uma coisa, privatização outra, dizem. De que a semântica não é capaz!

Por seis vezes, não por uma, duas ou três, mas por seis vezes, apoiei e trabalhei pelo candidato do PT à presidência da República. No Paraná, nos meus dois últimos mandatos, governei em aliança com o PT. Nesta Casa, sou da base do Governo Dilma.

Isso, no entanto, não me impede, não me inibe ou me descredencia a deplorar não apenas as desculpas piedosas ou a falta de originalidade nas explicações e as tentativas de trapacear a verdade, não apenas isso, mas sobretudo o fato em si; isto é, as privatizações. E elas são o que são: privatizações, sem rebuço, sem disfarce, cruamente, verdadeiramente privatizações.

E eu sou contra.

Há uma anedota, que o decoro parlamentar impede-me de contar, sobre a mecânica das concessões e das parcerias público-privadas. Quem participa com o que.

Caso eu tivesse alguma dúvida, ela se dissolveria lendo as entusiasmadas, e até poéticas, ao seu estilo, declarações do senhor Eike Batista, saudando as concessões anunciadas pelo presidente Dilma. O senhor Batista, bilionária criação de outras concessões petistas, parecia surfando nas nuvens, de tão deleitado.

O discurso é o mesmo de sempre. A velha história da falta de recursos para tocar as obras de infra-estrutura; a diminuição do tamanho do Estado; a eficiência da iniciativa privada; o combate ao desperdício e à corrupção e lorotas da espécie.

Houve um momento, lá no passado, que imaginei que o PT aprendera as lições das concessões-privatizações empreendidas pelos tucanos. Por exemplos, a concessão das ferrovias a ALL et alia, hoje um caso de polícia segundo o TCU e o Ministério Público; a concessão de rodovias, com a imposição de tarifas de pedágio abusivas, transformando as concessionárias em sócios indesejados dos agricultores, dos industriais e dos caminhoneiros; a concessão, em várias partes do país, dos serviços de energia elétrica e de saneamento, com a acentuada piora desses serviços ao mesmo da elevação vertiginosa das tarifas.

Lá no Paraná, parte da empresa pública de saneamento, a Sanepar, foi privatizada. Embora minoritário, o sócio privado assumiu a gestão da empresa que, com todas as letras, sem qualquer pejo ou escrúpulo, decretou que a prioridade da Sanepar passava a ser o lucro dos acionistas. E tome aumenta de tarifas. Quando assumi o governo, em 2003, congelei as tarifas de saneamento e as mantive congeladas por oito anos, sem prejuízo para a saúde financeira da empresa, o que dá uma idéia do quanto eles inflaram o preço da água e do esgoto para remunerar o sócio privado.

No capítulo das concessões e privatizações brasileiras temos ainda dois ingredientes típicos dos negócios público-privados: o financiamento das privatizações e os contratos de concessão.

Como se sabe, o Estado privatiza porque não tem dinheiro para tocar obras de infra-estrutura ou comandar os setores de energia, saneamento e comunicações. Mas como os candidatos às concessões e privatizações também não tem dinheiro para arrematar as ditas nos leilões, não há problema: o Estado empresta o dinheiro para que a iniciativa privada compre aquilo que Estado não tem dinheiro para tocar.

Não é piada, não estou aqui usando a navalha de Occam para reduzir ou simplificar as coisas. É assim mesmo que funciona, porque como ensinava o bom frade já lá no distante século 14, a explicação mais simples geralmente é a correta.

O BNDES e os fundos de pensão da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa também não me deixam na mão e assinam minhas afirmações com os tantos bilhões de reais “investidos” nas concessões e privatizações.
Modelozinho interessante, não acham, senhoras e senhores senadores?

Outro ingrediente distintivo, característico desse modelo são os contratos de concessão. Os concessionários de ferrovias e rodovias, para citar, assumem compromissos de extensão e duplicação das estradas, construção de viadutos, túneis, elevados, passarelas. Mas fazem o mínimo possível. Só arrecadam e não há quem os puna pelo contrato não cumprido. A intangibilidade das concessionárias é uma cláusula não escrita dos contratos, mas nem por isso deixa de ser obedecida com fervor pelas agências reguladoras.

O caos na telefonia celular só recebeu a atenção da Anatel porque os abusos foram muito além daquele “índice de abuso” que a agência julga tolerável.

Senhoras e senhores senadores. Na virada da década de 80, e desta para os anos 90, vimos o ascenso, que parecia inelutável, do neoliberalismo. Tal qual na porta do inferno de Dante,também gravara-se gravara nos caminhos dos povos: “Abandone toda a esperança aquele que aqui entrar”.

Assim, vimos, com tristeza e dor, as velhas correntes social-democratas e socialistas moderadas na Europa, na Ásia, nas Américas cederem, capitularem diante da arremetida dos novos bárbaros. Mas não no Brasil. Aqui, o PT parecia resistir à galopada dos godos e visigodos.

Por isso tudo, houve um momento que imaginei que o PT seria firme, intransigente, no repúdio às concessões e privatizações, especialmente as concessões e privatizações à moda tucana.Enganei-me!...

Quando reptados pela oposição, especialmente pela aguerrida bancada do PSDB, o PT reparte-se em dois.
Há aqueles que batem no peito e ufanam-se: Evoluímos! Avançamos! E comemoram o retrocesso com o fervor dos apóstatas.

Há aqueles que se refugiam na semântica e, de forma até mesmo divertida, cômica esforçam-se para provar que o lobo é uma inocente e cândida ovelha.

Assim, sem oposição, já que toda a mídia atua no coro nas privatizações, e a elas não se opõem sequer partidos ditos de esquerda ou progressistas como o PCdoB, o PSB e o PDT, sem oposição, o Governo reedita um dos cânones da desgastada e desmoralizada cartilha neoliberal.

Mas a “evolução”, o “avanço” do PT e de nosso Governo Federal não para por aí. Animem-se privatistas, anime-se mercado, regozijem-se transnacionais, que vem mais.

Uma idéia que não é de hoje, progride, sem muito alarde nesta casa: a privatização da Embrapa. De novo o eufemismo. Dizem que não é privatização, que é abertura de capital. De novo a alegação de sempre: a Embrapa não tem recursos, vamos captar os recursos no mercado, abrindo o capital da empresa.

Não é preciso mais que dois neurônios para saber que “mercado” é esse que vai se apropriar de boa parte da empresa. Esse “mercado” chama-se Monsanto, Syngenta, Bayer, Cargill, Dow Agro, Ciba-Geigy, Sandoz, as gigantes transnacionais do setor que monopolizam a pesquisa e a produção de sementes, defensivos agrícolas, biogenética e atividades do gênero.

Pergunta a agrônoma e especialista em biodiversidade Ângela Cordeiro: “ “Considerando a importância da inovação e pesquisa na agricultura para um Brasil sustentável, sem fome e sem miséria, o que esperar de uma empresa de pesquisa cuja agenda venha a ser orientada pelos desejos da Monsanto, Syngenta, Bayer?

Segundo ela, se, hoje, já é difícil incluir na pauta de pesquisa da Embrapa temas como a agricultura familiar e agroecologia, imagina o que vai ser com tais sócios. Para ela, a abertura do capital da Embrapa e o inevitável redirecionamento de suas pesquisas caminham na contramão do programa do Governo Dilma, que diz priorizar a segurança alimentar e o combate à fome no país.

Com toda certeza, aduz-se, a Monsanto e quetais não estão propriamente interessadas no dístico “país rico é país sem pobreza”, sem fome, sem deserdados da terra e sem terras.

A agrônoma Ângela Cordeiro alerta para outro risco da abertura de capital da Embrapa, enfim, de sua privatização: a apropriação privada de recursos genéticos depositados no fabuloso, riquíssimo Centro Nacional de Pesquisas Genéticas e Biotecnologia, o CENARGEM.

O acervo do CENARGEM e os bancos dos demais centros de pesquisas da vão se tornar propriedade dos acionistas privados? Tudo o que acumulamos em dezenas de anos de pesquisas, com investimentos públicos, com o suado dinheiro de cada brasileiro, tudo isso vai ser entregue de mão beijada para a Monsanto et caterva?

Ou alguém é ingênuo ao ponto de achar que as sete irmãs que dominam a produção de sementes e dos chamados, eufemisticamente, “defensivos agrícolas” vão associar-se à Embrapa sem a intenção de botar a mão grande em uma dos mais fantásticos acervos de pesquisas agropecuárias e florestais do planeta Terra?

O jornalista Leonardo Sakamoto, reproduziu esses dias em seu blog, o “Blog do Sakamoto”, o alerta de um outro jornalista, Xavier Bartaburu, sobre o desaparecimento do mapa do mundo, a extinção mesmo, de cerca de 800 alimentos, dezenas deles no Brasil.

Não são apenas animais e florestas que correm riscos. Os alimentos também. Alimentos tradicionais, que fazem parte da história, da vida, da cultura de povos e que garantem a subsistência de centenas de milhões de pessoas correm o risco da extinção.

Mesmo que aos trancos e barrancos, e graças à teimosia de alguns pesquisadores, a Embrapa tem ajudado a preservar os alimentos tradicionais. Essa resistência, é líquido e certo, cessará com a privatização da empresa. Afinal que interesse a Monsanto, a Syngenta, a Bayer teriam no umbu, nas frutas do cerrado, no baru, no berbigão, nas quebradeiras do babaçu do Maranhão, nos índios produtores do guaraná nativo, no caranguejo aratu dos manguezais do Sergipe, só para citar alimentos brasileiros na lista de risco, listados pelo jornalista?

Certamente o mesmo interesse que o mercado tem pelo destino da ararinha-azul. Afinal, o que o mercado quer é a transformação do planeta em uma imensa plantation, com soja, milho, algodão, de preferência tudo transgênico.

Privatizar a Embrapa –ou como tentam amenizar os pregoeiros, “abrir o capital da empresa”– sob a alegação de falta de recursos para pesquisas é mais um desses manjados argumentos de que abusam os liberais todas às vezes que cobiçam um naco de uma empresa pública.

De todo modo, faço fé na resistência da diretoria da Empraba e de seus pesquisadores e funcionários. É uma trincheira em que vale a pena combater.

Senhoras e senhores senadores, assim caminha o Brasil; ou melhor, assim retrocede o Brasil.
O economista Paul Krugman, analisando a proposta de cortes de gastos e de responsabilidade fiscal oferecida aos Estados Unidos por Paul Ryan, candidato a vice-presidente na chapa de Mitt Romney, conclui: “Parece piada, mas desgraçadamente, não é piada”.

Plagio o Nobel da Economia ao ver esse hilariante debate entre petista e tucanos sobre concessões e privatizações: “Parece piada, mas desgraçadamente, não é piada”.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Nanotecnologia da madeira


pescado no site Inovação Tecnológica 

Celulose nanocristalina
Imagine um material leve, transparente, oito vezes mais forte que o aço inoxidável e com um mercado estimado em US$600 bilhões em 2020.
Não, não estamos falando do grafeno, nem de ligas metálicas especiais e muito menos de compósitos da indústria aeroespacial.
A nova estrela do mundo dos materiais e da nanotecnologia tem, por assim dizer, uma origem simples: ela vem inteiramente da madeira.
É a celulose nanocristalina - ou, como preferem alguns, nanocristais de celulose, ou ainda nanocelulose.
O material é extraído por um processamento da polpa de madeira, resultando em cristais minúsculos - em grande quantidade, esses cristais de nanocelulose parecem-se com neve.
Fábricas de nanocelulose
A nanocelulose está provocando furor na indústria, não apenas por suas propriedades tentadoras, mas também porque é muito barata.
A empresa japonesa Pioneer anunciou que irá utilizar os nanocristais de celulose em sua próxima geração de telas flexíveis. A IBM também está usando a nanocelulose para fabricar componentes de computadores.
O governo do Canadá possui um programa consistente de pesquisas na área, com uma planta-piloto capaz de produzir uma tonelada de nanocelulose por dia, responsável por disseminar as técnicas para as indústrias do país.
No último mês de Julho, foi inaugurada a primeira fábrica de celulose nanocristalina dos EUA. Embora menor que a canadense, a iniciativa também é de um órgão governamental, o U.S. Forest Products Laboratory.
Nanocelulose: nanotecnologia da madeira promete superar plásticos
Exemplos de aplicações dos cristais de nanocelulose. [Imagem: Moon et al./CSR/Wiley VCH]
Propriedades da celulose nanocristalina
Mas por que tanto entusiasmo com um material que pouco mais é do que uma madeira super-triturada?
Porque a nanocelulose é transparente e tem oito vezes a resistência à tração do aço inoxidável, graças ao entrelaçamento dos cristais, que têm o formato de agulhas.
Os cristais de nanocelulose conduzem eletricidade, embora, devidamente processados em larga escala, possam resultar em bons isolantes térmicos.
E, claro, sendo fruto unicamente do processamento da madeira, o material é muito barato.
"É uma versão natural e renovável dos nanotubos de carbono, a uma fração do preço," afirma Jeff Youngblood, da Universidade de Purdue, que chefia um dos grupos de pesquisa mais ativos na área.
Ele é um dos coordenadores científicos da fábrica norte-americana, que deverá produzir cristais e fibrilas de nanocelulose.
Fabricação de nanocelulose
A fabricação da celulose nanocristalina começa com uma "purificação" da madeira, removendo compostos como lignina e hemicelulose.
O resultado é moído para formar uma polpa, que é hidrolisada em ácido para remover impurezas, antes de ser separada e concentrada na forma de cristais.
Os cristais de nanocelulose formam uma pasta espessa, que pode ser aplicada a superfícies, na forma de um laminado, ou transformado em filamentos, formando as chamadas nanofibrilas.
As nanofibrilas são duras, densas e rígidas, e podem ser prensadas em diferentes formas e tamanhos. Quando liofilizado, o material é leve, absorvente e bom isolante térmico e acústico.
Nanocelulose: nanotecnologia da madeira promete superar plásticos
A nanocelulose vem inteiramente da madeira, mas não depende necessariamente do corte de árvores. [Imagem: Jeff Youngblood/Purdue]
Como transformar lixo em ouro
"A beleza deste material é que ele é tão abundante que não temos nem que fabricá-lo," diz Youngblood. "Nós não precisamos sequer utilizar árvores inteiras; a nanocelulose tem apenas 2 nanômetros de comprimento. Se quiséssemos, poderíamos usar ramos e galhos, ou até mesmo serragem. Estamos transformando lixo em ouro."
As estimativas indicam que a nanocelulose, produzida industrialmente, poderá custar alguns dólares o quilograma.
Os nanotubos de carbono, por sua vez, com os quais os nanocristais de celulose são comparados, são cotados em miligramas - no atacado, pode-se comprá-los por US$250 o grama.
A expectativa é que a nanocelulose torne obsoletos grande parte dos plásticos, já que suas propriedades físicas permitem que ela substitua até mesmo os metais na construção de peças de automóveis.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Neoliberalismo é isso - mais um atestado de burrice



por Pericles de Oliveira, no Brasil de Fato

A citricultura de São Paulo passa por um momento grave. As frutas já estão sendo colhidas, mas por incrível que pareça não há mercado, nem preço. Ou seja, se os produtores (em sua maioria grandes fazendeiros) quiserem entregar para a indústria, ela recebe, mas sem compromisso de preço.

As indústrias esnobam cinicamente e dizem que deixarão de comprar ao redor de 30 milhões de caixas (de 40 quilos) da safra atual, devido ao aumento da produção no campo e a diminuição do mercado de consumo de sucos de laranja. E já há cerca de 10 milhões de caixas colhidas, porém recusadas pelas indústrias – por tanto começam a apodrecer nos galpões e laranjais, segundo denuncia o presidente do sindicato rural de Ibitinga e Tabatinga (SP), Frauzo Ruiz Sanches.

Os produtores calculam que o custo de produção de uma caixa de 40 quilos de laranjas é de aproximadamente de R$ 10 a R$ 12. Mas a indústria oferece apenas R$ 7. Ou seja R$ 0,17 centavos o quilo. Os pobres consumidores se forem aos supermercados de São Paulo, e tentarem comprar um saco de laranjas com 15 quilos, para sair mais em conta, pagarão mesmo assim: R$ 19,90. Ou seja, R$ 1,32 o quilo, 676% a mais para fazer 150 quilômetros, entre a região produtora e a capital paulista. E ainda reclamam que o povo brasileiro não sabe tomar suco de frutas e dá preferência aos refrigerantes.

O governo federal, como sempre, está socorrendo os fazendeiros e assinou portaria adiando o pagamento do crédito rural até 15 de fevereiro de 2013. Mas isso só adia o vencimento da dívida. Nem a diminui, nem ajuda a aumentar os preços ao produtor e nem aumenta o consumo entre a população.

Essa crise da citricultura deveria nos levar a refletir sobre a realidade do setor.
Porque isso está acontecendo?

Os grandes jornalões da burguesia escondem de que a crise se deve a um processo histórico dos últimos 15 anos, em que houve a concentração dos produtores de laranja. Foram à falência mais de 25 mil pequenos e médios agricultores, que tinham seus laranjais, porém diversificados com outros produtos da agricultura. E assim não ficavam tão dependentes de um só produto e de uma única empresa. Agora, restaram poucos fazendeiros, com áreas superiores a 500 hectares e totalmente dependentes do monocultivo da laranja.

Ao se tornar um monocultivo e destruir a biodiversidade natural, os laranjais ficam mais afetos a doenças e insetos, que leva à aplicação cada vez maior de agrotoxicos. O uso de inseticidas aumentou de tal forma, que até o governo dos Estados Unidos proibiu a importação de suco de laranja do Brasil no ano passado até que os produtores se comprometessem a não usar mais um inseticida que ja está banido por lá, mas que por aqui, as empresas transnacionais como a Basf, Bayer, Syngenta e Monsanto seguem utilizando e ganhando dinheiro com a sua venda.

A outra razão é a concentração das indústrias que levou a um verdadeiro oligopólio da produção do suco com apenas três grupos econômicos, entre eles a Citrus, da Votorantim, e a Cutrale. E esses grupos além de controlarem a agroindústria passaram a comprar terras e terem seus próprios laranjais, a partir dos quais controlam o preço de oferta das laranjas.

Até o CADE (conselho econômico do governo que regula as atividades oligopólicas) foi acionado para fiscalizar, mas nada fez.

E a terceira razão é que todo o setor se organizou apenas para exportação. Nós exportamos mais de 80% de toda produção de laranja. Existe até um suco-duto que leva o suco concentrado até o porto. Desconsideramos a necessidade de abastecer o mercado interno e estimular o consumo de sucos de frutas no lugar de refrigerantes, fazendo com que o consumo de sucos de frutas per capita do povo brasileiro seja um dos mais baixos do mundo, apesar de sermos a sexta economia mundial, como diria a presidenta.

Acontece que a poderosa Coca-Cola é a que controla o mercado do suco de frutas lá fora e o mercado de refrigerantes aqui dentro. Então para os pobres brasileiros: refrigerantes, e para sua classe média do hemisfério Norte: suco de frutas! E assim ela ganha dinheiro com os dois mercados.

Mas como estamos enfrentando uma crise capitalista no mercado consumidor do Norte, sobrou por aqui a crise na produção nos laranjais.

Pelo menos agora a Cutrale não teve coragem de botar a culpa nos sem-terra, como fez em 2010, após uma ocupação que o MST fez de uma de suas dezenas de fazendas, em Iaras (SP), que é de propriedade da União, mas grilada pela empresa. Em clima eleitoral e aliada com o então governador Serra, a empresa satanizou a luta dos sem-terra culpando-os pela destruição dos laranjais.

Quem vai pagar a conta? Todo povo brasileiro. O governo vai usar recursos do Tesouro nacional para garantir subsídios aos fazendeiros — cada vez em menor número — e para as três grandes indústrias que controlam o mercado. Os fazendeiros da laranja, também pagarão com seus prejuízos. Já os três grupos econômicos e a Coca-Cola continuarão controlando o mercado e mantendo os seus lucros.

Qual seria a verdadeira saída ?

O governo financiar por meio do BNDES a instalação de dezenas de indústrias de sucos nas cooperativas ao longo do território. Voltar a fomentar a produção de laranjas, nao só em São Paulo, mas em todo Brasil, para que os laranjais e o suco fossem produzidos próximos ao mercado consumidor popular. É um absurdo comprar laranjas paulistas em Marabá (PA), Porto Velho (RO) e até no Sergipe, outrora grande produtor de laranja. E fomentar a instalação de laranjais baseados na agroecologia, em sistema de agroflorestas combinado com outros cultivos perenes e temporários, e assim produzir um suco sem agrotóxicos. Estimular o consumo de sucos de frutas entre a população e em especial incluindo na merenda escolar. E combater o consumo de refrigerantes, que só causam mal à saúde, em especial das crianças e adolescentes. Deveria ser proibida a propaganda nos meios de comunicação de qualquer tipo de refrigerante.

Quando todo o povo brasileiro tiver o direito de consumir sucos de frutas, não teremos mais crises na produção. Quando a indústria não for mais monopólio de meia dúzia de grupos econômicos, a economia brasileira poderá ter um crescimento permanente e distribuído ao longo do seu território.

Quando os laranjais nao forem mais monocultivo, mas forem distribuídos ao longo de nosso território em pequenas e médias propriedades, estaremos livres dos agrotóxicos e dos humores do mercado internacional.

sábado, 25 de agosto de 2012

Porque ainda é sábado: Roger Hodgson (Supertramp)

Fool's Overture, com orquestra, gravada originalmente em 1977, que apareceu no álbum de mesmo nome.

E a velha midia continua esmurrando os fatos


por Saul Leblon, na Carta Maior

1) Mídia: 'o chavismo fez da Venezuela o pior lugar da América Latina para se viver'; Fatos: a Venezuela é o país menos desigual da América Latina (Habitat-ONU); 

2) Mídia: 'a xeonofobia e o populismo de Cristina Kirchner isolaram o país e afundaram sua economia'; Fatos: o investimento estrangeiro direto na Argentina cresceu no primeiro semestre acumulando um saldo de US$ 2,2 bi, 40% acima do registrado no mesmo período de 2011 (Banco Central argentino);

3) Mídia: 'o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) desviou dinheiro público em benefício próprio e para a compra votos' do mensalão; Fatos: as operações imputadas a João Paulo foram legais; a subcontratação de terceiros pela agência SMP&B, de Marcos Valério, que prestava serviços licitados à Câmara, é praxe no mercado; dos R$ 10,9 milhões pagos à SMP&B, R$ 7 milhões foram transferidos aos grandes grupos de comunicação para veiculação de publicidade: TV Globo (a maior fatia, R$ 2,7 milhões), SBT, Record, Abril, Folha e Estadão. (ministro Ricardo Lewandowski). Ou seja, os mesmos grupos de comunicação que sabiam da lisura do processo, lucraram com ele, martelavam a condenação do deputado.

4) Mídia: 'a carga' é intolerável e não se reflete nos serviços oferecidos'; Fatos: a arrecadação fiscal do Estado brasileiro é de US$ 3.797 per capita; a média dos países de G -7 é de US$ 11.811. Para ter recursos que permitissem oferecer serviços públicos de padrão europeu a receita (em sintonia com o PIB) teria que triplicar, o que só seria possível gravando os mais ricos, ao contrário do que apregoa o conservadorismo (dados FMI/FGV). 

5) Mídia: 'O problema da saúde pública é de gestão'; Fatos: o gasto público per capta com saúde no Brasil é de US$ 320/ano; a média mundial é de US$ US$ 549/ ano; a dos países ricos é dez vezes maior que a brasileira (OMS-2012). Em tempo: em 2006, a conservadorismo logrou extinguir a cobrança da CPMF. Foram subtraídos R$ 40 bi em recursos à saúde pública, mesmo depois de o governo propor emenda vinculando indissociavelmente a receita CPMF ao orçamento da saúde pública. 

Porque hoje é sábado: pentelhinhos da Coreia do Norte

Esse é para assistir pois não é só áudio como ultimamente...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A verdade está no olho de quem vê





por Julia Figueira Salvador,  no blog Cognando- Psicologia Cognitiva


“Noventa por cento dos adolescentes brasileiros chegam ao Ensino Médio”.
Você acredita nisso?
O fato é que, mesmo conhecendo o Brasil e sabendo das suas dificuldades em manter os jovens na escola, estamos vivendo um tempo em que o acesso à escola está (ainda que longe de perfeito) cada vez mais crescente. E esses índices que indicam o avanço na educação estão muito presentes em campanhas eleitorais e nos meios de comunicação. Mas, mesmo assim, você tomaria a afirmação inicial como verdade verdadeira?
Agora:
“Dez por cento dos adolescentes não chegam ao Ensino Médio.”
Essa segunda afirmação está mais próxima da realidade para você? Imagino que pensou “sim”.
Claro que você percebeu que as duas afirmações querem dizer a mesma coisa. Sim, de fato elas contêm a mesma informação, mas a segunda é muito mais fácil de acreditar. Por que será? É ruim admitir, mas nós temos uma forte tendência a dar mais credibilidade ao que nos parece pior. Mais precisamente ao que está dito de forma negativa.
Esse mesmo questionamento foi feito por Benjamin E. Hilbig, um professor da Universidade de Mannheim na Alemanha e também pesquisador do Instituto Max Planck.
Ele queria saber o que está por trás dessa “tendência”. O motivo pelo qual damos mais credibilidade ao que é dito de forma negativa em comparação ao que é dito de forma positiva – sendo a mesma informação transmitida nas duas asserções. Mais precisamente, ele buscou analisar qual o papel da elaboração (se estamos focados em elaborar algo, consequentemente nós passamos a acreditar nesse algo) e o papel da fluência (facilidade com que a informação é trazida à memória). Para isso, o pesquisador elaborou experimentos que buscassem responder a essa questão.
No primeiro experimento, ele testou o tempo que as pessoas levavam para responder “verdadeiro” ou “falso” para 20 pares de afirmações de mesmo conteúdo, mas, “enquadradas” de forma negativa e positiva. Dentre essas 20 afirmações, metade se referia ao próprio país das pessoas (no caso, a Alemanha) e a outra metade a outros países.
Os resultados desse primeiro experimento atestam que, como o esperado, as afirmativas “enquadradas” de forma negativa foram em maior parte julgadas como verdadeiras do que as “enquadradas” positivamente. O “tempo de resposta” para as asserções julgadas como verdadeiras foi menor do que o tempo levado para as asserções julgadas como falsas. E, de fato, as afirmações negativas levaram um tempo menor e julgadas como verdade do que as positivas.
O primeiro experimento gerou resultados que estão de acordo com a hipótese do pesquisador de que a fluência – facilidade com que a informação é trazida à memória – facilita as asserções negativas serem tomadas como verdade ao analisar o tempo de reação das asserções, mas, para não haver dúvidas – já que o tempo de resposta não é, isoladamente, uma confirmação do efeito da fluência na facilidade de julgamento como verdade de afirmações negativas, o pesquisador elaborou o segundo experimento, que busca exatamente certificar o papel da fluência para o julgamento das afirmações.
O experimento seguinte foi, portanto, nos mesmos moldes do primeiro somente com a diferença de buscar dos participantes razões para confirmar – ou não – as afirmações apresentadas. O tempo que cada participante levou para elaborar tais razões foi a variável analisada.
Mais uma vez, o estudo mostrou que os participantes levaram menos tempo para elaborar as razões que confirmam as afirmativas negativas do que para confirmar as afirmativas positivas.
Até então, todos os resultados indicam a fluência como um papel importante para a tendência de atribuir um valor de verdade à sentenças proferidas negativamente.
Esse estudo, portanto, comprova que temos, de fato, uma preferência por afirmações que estão em uma forma negativa. Por meio dos resultados alcançados por Benjamin E. Hilbig, podemos perceber que a fluência (ou facilidade de processamento) tem um papel crucial para que tomemos como verdade afirmações negativas, mas, com certeza, muitos outros processos estão presentes e que influenciam essa “tendência”.
Não é só uma questão de ser pessimista ou não, são funções cognitivas que permitem acreditarmos mais naquilo que é negativamente proposto. Ou melhor, a verdade, mais que a beleza, está no olho de quem vê (e não naquilo em si).

terça-feira, 21 de agosto de 2012

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A fraude da Libor, o colapso do princípio neoliberal da auto-regulação



Texticulo extraído  do Opera Mundi


Muita coisa continua obscura com relação à manipulação da Libor pelos 16 grandes bancos sediados em Londres que a administram, mas o pouco que se sabe basta para se concluir que o sistema bancário mundial assinou a certidão de óbito definitiva do princípio de auto-regulação dos mercados difundido pelos neoliberais como a quintessência do capitalismo “progressista”. O que aconteceu não foi um roubo simples. Foram capitalistas roubando outros capitalistas. E isso, pelo código moral do capitalismo, é um risco para toda a arquitetura do sistema.

Trapalhadas na maloca Tupinambá



mais uma do Hora do Povo

Sra Foster aciona o departamento jurídico da Petrobrás para defender Chevron 

Em entrevista coletiva na quarta-feira (15), o diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, José Formigli, fez uma revelação surpreendente. “Nós vamos ajudar a Transocean, nós vamos ajudar a Chevron, nesse trabalho de mostrar à Justiça que na nossa visão não há razão para este embargo aqui no Brasil”, declarou.

Ele anunciou que o departamento jurídico da estatal vai estar a serviço das duas multinacionais na tentativa de cassar a liminar do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que determinou no fim de julho um prazo de 30 dias para que a companhia petrolífera norte-americana americana e sua contratada Transocean suspendam as atividades de extração e transporte de petróleo no Brasil. A decisão se deu em função da lambança dessas empresas estrangeiras na Bacia de Campos, que provocou vazamento de 3,7 mil barris de petróleo no Campo do Frade.

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), a causa do acidente se deu pela má execução de operações de perfuração e o desrespeito às normas de segurança. O MPF pede uma indenização de R$ 20 bilhões pelos danos sociais e ambientais.

Formigli alegou o fato de a Petrobrás ter contrato com sete sondas da Transocean. E daí? Quer dizer, então, que as duas múltis, desrespeitando normas de segurança, provocam danos, e a Petrobrás ainda têm de gastar recursos para livrar a cara delas? As duas não têm recursos para contratar advogados? Além disso, o que é que tem a ver a Petrobrás com os danos provocados pela Chevron? Afora que uma é estatal brasileira e a outra, multinacional norte-americana, o mínimo que se pode dizer é que são concorrentes.

E nós aqui na redação pensando que o capachismo da época Reichstul já tinha sido ultrapassado...

Trapalhadas no império do North



do The Bureau of Investigative Journalism
tradução do Opera Mundi

Quando o FBI (Departamento Federal de Investigação) anuncia que um plano terrorista foi desmantelado em território norte-americano, como ocorreu vezes nos últimos anos, a imprensa costuma comemorar. No entanto, pouco se fala sobre como o órgão equivalente à polícia federal norte-americana consegue dar cabo destas conspirações.

O outro lado da história é simples e estarrecedor: a própria instituição infiltra agentes em comunidades islâmicas (muitas delas pacíficas) para formar e encorajar novos terroristas – frequentemente adolescentes –  planejar ataques e até mesmo fornecer os materiais para torná-los realidade.

Parece mentira, mas não é. Essas informações foram descobertas e divulgadas pelo documentário de rádio "This American Life", produzido pela Chicago Public Media e transmitido em mais de 500 estações nos Estados Unidos (ouça aqui). O trabalho jornalístico conta a história de uma das mais desastrosas e chocantes tramas armadas pelo FBI. 


“Repetidamente, o FBI fabrica ataques terroristas”, escreve o analista Glenn Greenwald. “Eles se infiltram em comunidades muçulmanas para achar recrutas, os convencem a realizar ataques, fornecem dinheiro, armas e o know-how para levar seu plano adiante – apenas para saltar heroicamente no último instante, prender os supostos agressores que o FBI havia criado, e salvar uma grata nação de uma trama orquestrada... pelo próprio FBI”.

Denunciado

Em um desses casos, iniciado em 2006, um marginal de quinta categoria chamado Craig Monteilh foi recrutado pelo órgão para infiltrar-se numa mesquita em Orange County, na Califórnia.

Monteilh é branco, tem 1,87 metros e é musculoso como um fisiculturista. Sua missão era atrair homens da mesquita para a sua academia, onde os recrutaria para um plano terrorista com discursos sobre a jihad de Osama Bin Laden. O nome da missão: Operação Flexão.

Mas a operação encontrou uma pedra no meio do caminho: os alvos de Monteilh estavam mais interessados em jogar vídeogames do que na academia. Mesmo assim, Ayman e Yassir, os jovens que seriam aliciados pelo infiltrado marombeiro, gostaram do novato e começaram a andar com ele. Mas se assustaram quando Farouk, nome falso usado por Monteilh, começou a falar em “jihad” e “Osama Bin Laden” sempre que tinha uma oportunidade.


Nem Ayman e nem Yassir mostraram o mínimo interesse em discutir jihad ou terrorismo. Por isso, quando Monteilh começou a discutir a possibilidade de realizar um ataque à bomba, os dois jovens correram para denunciá-lo – para o próprio FBI.

O FBI negou-se a comentar a história. Principal órgão federal norte-americano de investigação, hoje o FBI está sendo processado por membros da mesquita.

E Craig Monteilh é a testemunha principal contra seus antigos empregadores.

No ano passado, a Associated Press ganhou o prêmio Pulitzer de reportagem investigativa depois de descobrir uma operação secreta de espionagem maciça da polícia de Nova York que monitorava comunidades muçulmanas da cidade, apesar de não haver evidências de atividade terrorista.

Os detalhes de alguns desses planos terroristas ganharam grande repercussão: em 2010, Mohamed Osman Mahamud planejou detonar uma bomba em um evento natalino lotado; em 2009, Hosam Maher Husein Smadi arquitetou a destruição de um arranha-céu em Dallas e Faruque Ahmed esboçou um ataque ao metrô de Washington; e em 2011, Rezwan Ferdaus foi preso depois de planejar atacar o Pentágono com aviões de controle remoto cheios de explosivos.

Seja por meio de infiltrações em mesquitas por parte do FBI ou por policiais que espionam cafés e lugares de convivência, não é de se espantar que muitos líderes muçulmanos nos EUA estejam denunciando um clima de medo e desconfiança, semeado por ineficazes – e às vezes risíveis – ações das forças de segurança norte-americanas.

Dilma lança o “kit da felicidade”: dinheiro do BNDES, risco zero e 25 anos de pedágio

My first Autobahn


pescado no sempre arejado e divertido jornal Hora do Povo - por Carlos Lopes



O sr. Eike Batista definiu o programa do governo lançado na quarta-feira como “um kit da felicidade”. Além de rodovias e ferrovias, entrarão no programa de privatização aeroportos, hidrovias e portos. Os investimentos sairão do BNDES, para serem pagos em 20 anos, com 3 a 5 anos de carência e juros baixos. Mas os açambarcadores poderão cobrar pedágio com 10% de uma obra, e, nas ferrovias, o governo comprará toda a capacidade de transporte do “investidor”. Segundo o sr. Bernardo Figueiredo, da EPL, que vai gerir o programa, “a rentabilidade do investidor não será tão alta porque ele não terá riscos”.

O sr. Eike Batista deve saber do que está falando – além de ser um dos mentores do programa, seu pai, Eliezer, foi homenageado, no evento de quarta-feira, como patrono “da tese de que o encurtamento de nossas distâncias econômicas é decisivo para o desenvolvimento”, ideia genial e inovadora que foi o mote da campanha de Washington Luiz ao governo de São Paulo em 1920.


CONTAS

Mas, nem tudo que faz a felicidade da tribo dos Batistas, faz a felicidade do povo brasileiro. Antes de entrarmos nos meandros dessa sabedoria infinita, é forçoso observar que alguém errou nas contas (se não foi o Mantega, deve ter sido algum marketeiro).

Anunciar um investimento de R$ 133 bilhões, “em 20 a 25 anos”, nas rodovias e ferrovias, significa investir, por ano, apenas R$ 6,7 bilhões (ou, em 25 anos, R$ 5,3 bilhões por ano) até o ano 2040. Ou seja, um quarto da verba para este ano do Ministério dos Transportes - ou um pouco mais que a metade da verba do DNIT, também para 2012.

Talvez percebendo essa dificuldade, o ministro Passos enfatizou que R$ 79,5 bilhões serão investidos nos primeiros cinco anos. Mesmo assim, anualmente, até 2018, isso equivaleria à verba atual do DNIT – ou 60% da verba anual do Ministério dos Transportes. Não é grande coisa.

O que faz o governo promover tanta fanfarra para um plano que, do ponto de vista dos objetivos, é tímido e já está, em boa parte, e de maneira muito melhor, incluído no PAC? Um plano que começará, na melhor das hipóteses, no início de 2014 - quando o problema atual do país uma quase vertiginosa queda no crescimento que ameaça, a curto prazo, liquidar a indústria e desempregar alguns milhões.


BARULHO

Nos recusamos a acreditar que toda essa batucada seja apenas porque o governo não quer ou não sabe enfrentar os problemas reais e concretos do país. Não é possível que, ilusoriamente, o governo tenha transferido a solução para alguns picaretas, sob a fachada de aumento do “investimento privado”, quando está drenando para eles os recursos do investimento público.

Oferecimentos como o da quarta-feira vão atrair parasitas – daqui e de fora das fronteiras. Não o empresariado nacional ou empreendedores. Mas quando não se sabe distinguir o sr. Eike de um empresário...

Se o plano é dobrar a verba para as rodovias e ferrovias nos próximos cinco anos, excelente, ainda que seja pouco para as nossas necessidades. Mas não precisa proclamar que é a “primeira iniciativa estruturada para dotar o País de um sistema de transporte adequado”, porque não é. E quanto mais barulho, mais vai aparecer o aspecto de privatização do programa, pois não há como ressaltar outros.

Realmente, é difícil explicar que não é privatização a entrega de portos, hidrovias, aeroportos, ferrovias e rodovias a interesses privados, sobretudo se estrangeiros. É difícil porque a questão não é a palavra, nem ao menos as diferenças de forma. O problema é o perceptível conteúdo.

Resumidamente: o problema é a nada original ideia de que, para fomentar investimentos privados, deve-se entregar a alguns açambarcadores (inclusive, ou principalmente, externos), o investimento público já realizado, e, até mesmo, os recursos para investimentos públicos futuros. As pessoas identificam tal ideia com privatização. E têm razão.

A questão é prática: se isso desse certo, a taxa de investimento do Brasil seria maior que a da China, pois nenhum país entregou tanto investimento já realizado pela coletividade, quanto o nosso.

No entanto, em que a entrega da siderurgia, das telecomunicações ou de boa parte do setor elétrico aumentou o investimento no país? Pelo contrário, fez o investimento baixar até ao apagão elétrico e ao apagão telefônico. Por que os açambarcadores iriam investir, se o negócio era se aproveitar do investimento alheio, era lucrar com a apropriação do investimento público? Para isso, eles foram “atraídos”. Por que iriam gastar dinheiro, ao invés de ganhar dinheiro? Nem mesmo tiveram que desembolsar algum centavo, pois usaram dinheiro do BNDES...

Foram pagos para levar o nosso patrimônio. Por que iriam investir?

No caso do programa de quarta-feira, 80% dos investimentos (“65% a 80%”) vão vir do BNDES. Mas o dinheiro do BNDES não será apenas para investimento, adverte o sr. Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que deverá gerir o programa. O dinheiro será também para “manutenção”, ou seja, para custeio ou capital de giro.

Os beneficiários da entrega poderão tomar esse dinheiro a uma taxa módica: TJLP (atualmente em 5,5% ao ano) + 1% (para as ferrovias) ou + 1,5% (para as rodovias). Terão de 3 anos (rodovias) a 5 anos (ferrovias) de carência e 20 anos para pagar o empréstimo. Logo, poderão fazê-lo com os ganhos que obtiverem nas rodovias e ferrovias.


RISCOS

Pelo que o governo divulgou, ao contrário de seus empréstimos atuais em logística, o BNDES não cobrará a Taxa de Risco de Crédito (até 4,18% a.a.) nem a Taxa de Intermediação Financeira para grandes empresas (0,5% a.a.).

O ministro Mantega, ao argumentar que não se tratava de uma privatização, mas de uma “parceria público-privada” (PPP), resumiu bem a essência do programa: “é o setor público que vai fazer os investimentos”.

Enquanto isso, o parceiro privado cuida da bilheteria. Porém, Mantega não esclareceu por que o governo pode pagar o investimento, mas não pode operar o empreendimento.

Já o sr. Bernardo Figueiredo, disse algo críptico: “a rentabilidade do investidor que construir as ferrovias não será tão alta porque ele não terá riscos”.

Uma conclusão econômica muito peculiar. O “investidor” usará o dinheiro do BNDES. O governo, através da VALEC, comprará “a capacidade integral de transporte da ferrovia”, para depois revendê-la a usuários. Segundo o governo, essa seria a forma de evitar monopólios privados e assegurar tarifas baixas. Em outras palavras: a forma de evitar o monopólio privado é o governo garantir, com seu dinheiro, os lucros do monopólio privado. Se o preço da capacidade comprada pelo governo for maior que aquele da venda de parcelas dessa capacidade a usuários, o Tesouro, naturalmente, bancará a diferença. A hipótese que não existe é o “investidor” arcar com algum prejuízo. Logo, segundo o sr. Figueiredo, “a rentabilidade do investidor não será tão alta porque ele não terá riscos”...


PEDÁGIO

Porém, riscos vão existir – só que eles serão transferidos para o Estado, tornando o “investidor” imune a eles.

No caso das rodovias, o pedágio começará a ser cobrado logo que 10% da obra fique pronta.

Em suma, trata-se de um capitalismo de parasitas, que mama nas tetas do Estado sem qualquer dó – e sem oferecer nada em troca. Por falar nisso, onde está o “mercado”?



domingo, 19 de agosto de 2012

Cama de gato a la cubana


por Ernesto Carmona, na ANNCOL - Agencia de Noticias Nova Colombia

As virgens nórdicas que acussam Julian Assange de “sexo surpresa” e “não adepto da camisinha” não são “flores que se cheire”. Por exemplo – a acusadora oficial – Anna Ardin, nasceu em Cuba e escreve artigos contra Fidel Castro e seu país de origem em publicações financiadas com dólares do contribuinte norteamericano através de grupos de cubanos-americanos sustentados em Miami pela CIA. Quanto a sua socia, Sofia Wilen, 26 anos, montou contra Assenge uma perseguição tipica de uma “maria-chuteira” até que a levou para a cama e depois foi a primeira a denunciá-lo por estupro, aparentemente em retaliação porque o chefe do Wikileaks não telefonou para ela no dia seguinte.

O histórico político de Ardin foi descrito em detalhes pelo jornalista cubano-canadense do jornal Granma, Jean-Guy Allard (1), enquanto a conspiração para destruir a imagem de Assange para desacreditar os vazamentos do Wikileaks, foi completamente desmiuzado por Israel Shamir e Paul Bennet já em 14 de setembro de 2010, numa documentada nota intitulada "Fazendo desdém do crime real de estupor do acurralado Assange", no Counter Pounch.Org, cuja epigrafo diz "o melhor boletim de noticias norteamericano (exceto Bound Magazine )”.

A seguir, a versão espanhola da nota Counter Pounch :

Voltou a engrossar a conspiração contra o nosso herói favorito de Matrix. Nosso próprio "Capitão Neo", Julian Assange, mais uma vez encara o perigo. Quando deixamos o lendário fundador do Wikileaks no capítulo anterior, dava um suspiro de alívio após ter evitado falsas acusações de duplo estupro. As queixas foram derrubadas e nosso herói foi novamente posto em liberdade para vagar pelo globo. Mas as conspirações da novela são repetitivas. A história foi rapidamente reciclada e agora o nosso capitão valente outra vez está sob a ameaça de castração de Stora Torget, de Estocolmo, ou o ansiado castigo por molestar virgens nórdicas sagradas na terra onde os Vikings já governaram.

Ela outras palavras, novemente surgiram as absurdas acusações de estupro contra o inimigo N.º 1 do Pentágono. Assange agora é acusado de: 1) não telefonar para uma jovem mulher no dia seguinte de ter desfrutado de uma noite de amor, 2) ter-lhe pedido para que pagasse sua passagem de ônibus, 3) ter relações sexuais sem proteção, e 4) participar de dois breves affairs em uma semana. Estas quatro acusações menores, dignas de um julgamento simulado de Leopold Bloom no capítulo Nightown de Ulysses, foram remexidas e acondimentadas até que puderam ser cozinhadas como um caso mal concebido de estupro! O Irã esculachou com a Suécia! Enquanto o Irã era famoso por decisões conservadoras contra o adultério, a Suécia apresenta o que parece ser o lado liberal da mesma moeda, com a invenção de acusações criminais por não ser capaz de telefonar e pelo uso descuidado de preservativos em atos íntimos consensuais. Pior ainda: com propositos políticos estão interligando intensionalmente o sexo consensual com o estupro. Neste, a Suécia faz uma paródia do crime real de estupro.

Os suecos têm uma razão prática por trás de seu decepcionante e bufonesco trabalho policial. O fundador do Wikileaks, perseguido por forças do mal em todo o mundo, procurou alívio temporário sob a reputação da Suécia como um bastião da liberdade de expressão. Mas, quando Julian procurou a proteção da lei de imprensa sueca, a CIA, imediatamente ameaçou parar o compartilhamento de inteligência com o SEPO, o serviço secreto sueco. Desde que chegou ao poder, o atual governo de direita está fazendo de tudo para enterrar o legado da cuidadosa neutralidade do primeiro-ministro Olof Palme. A suspeita de que a farsa de estupro é uma campanha orquestrada, foi iluminada por estes fatos: 1) A Suécia enviou tropas ao Afeganistão, 2) Assange publicou no WikiLeaks o Diário de Guerra Afegão, o que tornou visível esta campanha neocolonial, cruel e desnecessária. Além disso, a divulgação de novos materiais secretos por Wikileaks mal influenciou nas eleições gerais [suecas], de 19 de Setembro. Talvez isso explique a súbita invasão da polícia sueca em um servidor de Wikileaks.

Em seguida, a página de internet do movimento direitista norteamericano Tea Party (RightwingNews.com ) sugeriu que "na próxima vez que [Assange] apareça em público" um agente da CIA, armado com um rifle de presição, dê um tiro de advertência sobre sua cabeça". Confiem relaxados em que a CIA é mais sábia que o Tea Party. Pelo menos aprenderam a lição do Che Guevara. Hoje acabam com a reputação de um rebelde em vez de desperdiçar uma bala. A história é testemunha de que aumentou a eficiência no uso dessa tática. Não se esforçarão para transformar Assange em mártir. Simplesmente utilizam seus próprios e antigos aliados para reduzí-lo a uma piada. O mancham de opróbrio. É muito mais certeiro e destrutivo que o tiro do francoatirador. Nos anos 70 podia somente dizer que Philip Agee era um mulherengo e beberrão. Hoje, não poupam acusações de pedofilia e, por exemplo, humilharam Scott Ritter (5) por não acompanhar a charada de George W. Bush sobre as armas de destruição em massa no Iraque. Dada a expectativa de vocês, a campanha de estupro contra Assange pode ser apenas uma saraivada inicial. Talvez decidam que também é pederasta. A ameaça tácita é bastante evidente como para que alguns partidários manifestem seu apoio ao WikiLeaks como supostamente ocorreu no parlamento da Iislândia.

A bala sempre pode avançar mais, uma vez que a campanha de desprestígio tenha isolado a vítima com êxito. Os Evangelhos dizem que ninguém seguiu Jesus até o Gólgota, mesmo que apenas na semana anterior o povo de Jerusalém tenha lhe mostrado todo seu apoio. Um judeu anti-Evangélios explica que este foi o resultado de uma bem sucedida campanha de desprestígio dirigida por Judas, numa leitura surpreendentemente moderna de uma história do inicio da idade media.

Para que uma mácula realmente pegue, é necessário encontrar um ex-apóstolo. A mera acusação de um Caifás não impressiona. Se deseja-se acusar a um esquerdista, então deve-se contratar um ex-esquerdista. Por exemplo, os trotskistas são acusados de estar dispostos a ser usados contra os comunistas. Atualmente são utilizados pseudoantisionistas de deter um autêntico movimento favorável à Palestina.

Quem é o Judas desta campanha contra o nosso Julian?:

● Um grupo anônimo que alega ter estado "dentro do Wikileaks" lançou um novo site cheio de "revelações" sobre o passado e o presente de Assange, proclamando que vive com luxo na África do Sul com fundos doados, embora na Suecia apareça quase que diariamente nas manchetes.

● Outro ex-apóstolo é a política islandesa Birgitta Jonsdottir, que se declarou "porta-voz do Wikileaks" e convidou Assange para abandonar Wikileaks e deixá-lo à deriva, sem sua direção, como se de alguma forma Wikileaks fosse parte de Assenge.

● A pseudo-progressista organização Repórteres Sem Fronteiras atacou Assange por colocar em perigo a vida de agentes secretos norteamericanos inocentes no Afeganistão. Apesar de sua terminologia de esquerda, a RSF é uma organização privada que recebe fundos do governo dos EUA para financiar a campanha para desestabilizar Cuba. RSF está conectada com as máfias cubano-americana de Miami.

● Anna Ardin (autora da denúncia oficial), frequentemente é descrita pela mídia como "esquerdista", mas ela tem laços com grupos anticastristas e anticomunistas financiados pelos EUA. A mulher [que nasceu em Cuba] publicou suas criticas anticastristas, em sueco, na Revista de Assuntos Cubanos, intitulada Miscelâneas de Cuba. De Oslo, o professor Michael Seltzer disse que esse jornal é o produto de uma organização anticastrista bem financiada na Suecia. Além disso, disse que o grupo está ligado à União Liberal Cubana, liderada por Carlos Alberto Montaner, cujos laços com a CIA foram expostas por Froilán Rodríguez no site Machetera. Seltzer observou que Ardin foi deportada de Cuba por atividades subversivas, pois interagiu com o grupo feminista anticastrista “As Damas de Branco”, que recebe financiamento do governo dos EUU e um dos seus amigos e financiadores é o terrorista anticomunista convicto Luis Posada Carriles. Uma frase de Hebe de Bonafini, presidente das Mães da Praça de Maio, na Argentina, descreveu que "As Damas de Branco, defendem o terrorismo dos EUA".

No entanto, não devemos aceitar a teoria de bala. A vida é mais complicada do que isso.

Além de seu forte anticastrismo pró CIA, aparentemente Anna Ardin tem como esporte favorito espancar os homens. [Jean-Guy Allard: Em 2007, fundou o clube "gay" Queer-klubb Feber de Gotland, uma ilha sueca situada a 60 quilómetros da costa, um refugio para as celebridades]. Um fórum sueco noticiou que Ardin é especialista em assédio sexual e na arte de "supressão anti-masculina”. Certa vez, quando Ardin dava uma palestra, um estudante do sexo masculino na platéia observava suas anotações em vez de observá-la nos olhos enquanto ela falava. Anna Ardin o denunciou por assédio sexual.

Ardin disse que o estudante a discriminou por ser mulher e se queixou sobre suposto uso de "técnicas mestras de supressão", porque o jovem que a ignorou a fez se sentir invisível. Assim que o estudante tomou conhecimento da sua denúncia, ele a procurou para pedir desculpas e se explicar. A resposta de Anna Ardin foi acusá-lo, novamente, de assédio sexual e voltou a se referir às "técnicas mestres de supressão", acrescentando desta vez sensação de desprezo.

Aparentemente, Ardin está envolvida com um grupo social-democrata "cristão". A igreja sueca tem uma escassa e preciosa dotação de clérigos do sexo masculino: Pouquissimos casais suecos feminino-masculino se casam pela Igreja hoje em dia, ou sequer chegam a se casar. No entanto, a maioria dos casais gays são orgulhosos de ser reconhecidos como "marido e mulher" pela igreja. Esta é uma das boas notícias para os suecos ricos: as igrejas abandonadas vendem suas propriedades (que por muitos anos foram utilizadas pela comunidade) que agora são cercadas e aproveitadas pela mais recente onda de privatizações. Obrigado à social democracia sueca!

A segunda acusadora, Sofia Wilen, 26 anos, é amiga de Anna. No vídeo de uma entrevista coletiva de Assange para a imprensa as duas mulheres podem ser vistas juntas. Os participantes da coletiva ficaram maravilhados com seu agradável compotamento com os fãs. Apesar de estrelas do rock utilizar garotas que morreriam para conseguir uma noite de sexo, é muito menos comum vê-las no duro campo do jornalismo político. Segundo sua própria confissão, Sofia trabalhou duro para levar Assange para a cama. Foi também a primeira a queixar-se à polícia. Ela é pouco conhecida e seus motivos são vagos. Por que uma jovem mulher – que compartilha sua vida com o artista norteamericano Seth Benson – procurava uma aventura política tão sórdida?

Em seu divertido romance "My One True Love", o brilhante escritor israelense Gilad Atzmon descreve como os serviços de inteligência empregam jovens mulheres como armadilhas de mel. Será este o caso? Talvez seja, senão, outro caso de ganhar dinheiro fácil. A nova legislação sueca, e noutros países da Europa, tornou os homens extremamente vulneráveis a golpes de extorsão deste tipo.


Uma jovem mulher sueca (nome omitido), de 26 anos, conseguiu ganhar mais de um milhão de dólares durante suas férias na Grécia, de acordo com uma reportagem do Daily Telegraph . Ela reclamou de ter sido estuprada. Quatro homens cujos nomes foram divulgados e seus trabalhos foram comprometidos, foram presos, mas a garota voltou para casa milionária e a protecção da sua identidade preservou a sua segurança. Seu êxito é um convite à imitação: de acordo com um relatório da UE, a Suécia tem 20 vezes mais casos de estupro do que os apaixonados italianos. E a maioria omite a denúncia e até logo...

O estupro é um crime horrível e não deve ser estendido para cobrir delitos menores de pouca importância e faltas morais (como não dar um telefonema no dia seguinte). Quando perguntaram ao advogado da denunciante porque as jovens mulheres não tinham certeza de ter sido violentadas, este deu uma resposta reveladora: "Elas não são advogadas". O estupro, assim como o assassinato, é um crime que não exige nenhum advogado para compreendê-lo. O estupro é um crime capital: se for provado que as acusações são falsas, o denunciante deve certamente ser processado no mínimo por difamação.

Quanto a Julian Assange, precisamos dele. Seja ele casto ou mulherengo, precisamos do nosso Capitão Neo para descobrir as atividades secretas de nossos governos por trás de Matrix. Pelos nossos próprios motivos, todos nós devemos fazer a nossa parte para protegê-lo igualmente dos serviços secretos e da feminista pró-castração.