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sábado, 16 de junho de 2012

Ecologia não é Desenvolvimento Sustentável, muito menos Economia Verde.








Por Assis Ribeiro – em seu blog A Procura


Com as crises de energia, de ética, de convivência social, e de tantas outras derivadas do capitalismo, como a competição desenfreada e o excesso de extração dos recursos da natureza o movimento ecológico tornou-se inevitável.

A este movimento de caráter ético e humanista querem se apoderar aqueles mesmos grupos que defendem que o ser humano como superior, separado da natureza, e consequentemente devem submeter esta natureza e dela retirar tudo o que for preciso para os excessos inevitáveis da sociedade de consumo.

Com isso querem tomar para si os princípios da ecologia, desvirtuando a sua originalidade, e teorizando o que eles chamam de “economia sustentável”.

Ecologia, resumidamente, é uma ciência que defende a vida e a natureza. Estuda o impacto das atividades humanas, mais especificamente as de caráter econômico e produtivo, sobre os equilíbrios naturais.
Por esta abordagem específica a ecologia mantém uma relação conflitual com a ciência econômica atual, a do capitalismo.

O que a ecologia propõe é um poderoso movimento social, o Ecologismo, cujo objetivo é mudar a forma como se produz e como se consome, a fim de recuperar o meio ambiente já em estado praticamente terminal.

A teoria do desenvolvimento sustentável lança os seus fundamentos nos mesmos mecanismos do mercado e acredita que através de uma legislação normativa nova será possível resolver os problemas ambientais. Ela propõe:

  • A chamada internalização dos custos que consiste no pagamento pelas empresas ou pessoas pelos custos ou conseqüências sociais negativas gerados por sua conduta ou atividade;
  • A inovação tecnológica, para se obter técnicas produtivas limpas (como, por exemplo, os carros não poluentes);
  • O desenvolvimento do denominado capitalismo verde (eco-business, eco-indústrias, etc. simplificado agora pelo termo "economia verde") que permitirá gerir economicamente os recursos da natureza, sem causar grande impacto sobre o PIB, o emprego e o crescimento econômico.

A ecologia não concorda com esta visão economicista dos problemas ambientais, considerando que o próprio capitalismo tornou o sistema sócio-econômico predatório e suicida.

A ecologia questiona a ideologia capitalista, sua sociedade de consumo e de desperdício, formadora das desigualdades sociais, do domínio de países sobre outros povos e da exploração de homens sobre outros homens, propondo um novo paradigma (modelo) de vida.

A economia de mercado alimenta-se do seu próprio crescimento incessante causando prejuízos e insatisfações. Ela arrasta consigo vários problemas, com o seu modelo de competitividade, trazendo o individualismo e seu consequente egoísmo, gerando a desagregação familiar e social e o desemprego. A sua busca é o lucro.

A ecologia frente à falta de empregos propõe melhorar a divisão dos rendimentos gerados, redefinir o papel do Estado e do mercado, incentivando o aumento das atividades autônomas, cooperativas, micro e pequenas empresas..

Esses meios de produção são mais solidários, menos poluentes e geram muito mais empregos.
As tecno-ciências até agora ficaram submetidas aos princípios capitalistas do lucro e do poder. E assim continuarão porque é verve deste modelo.

O Ecologismo acredita em um projeto alternativo que valoriza as sinergias comunitárias de cooperação e ajuda mútua, e contesta frontalmente o capitalismo e o seu pretenso realismo em resolver a crise ambiental, cujo desencadeamento e agravamento ele próprio foi o principal responsável.

O rápido esgotamento dos recursos naturais, e de outros problemas continuará com o capitalismo.
Melhorar a tecnologia, por exemplo, com a produção de carros menos poluentes não resolverá os engarrafamentos e a diminuição do uso de recursos naturais para a fabricação de seus componentes e abertura de novas pistas. Só com um completo e sofisticado transporte coletivo se conseguirá tirar alguns carros das ruas.

A educação ambiental e a educação capitalista 

Não é de se admirar que, numa escola que privilegia o pensamento capitalista, os alunos sejam educados para que todas as suas ações sejam um meio para obter o tão desejado lucro, não importando se, para isso, ele precise captar os recursos naturais de forma predatória.

Para o ecologista a natureza precisa ser respeitada e preservada. A obtenção do lucro não pode prevalecer sobre a vida. Da natureza, deve ser retirado apenas aquilo que servirá para o sustento e nunca para a obtenção de lucro e poder.

Portanto, se quisermos preservar o nosso planeta precisamos escolher um novo tipo de sistema, diferente do capitalista. Precisamos valorizar as relações pessoais e não a posse de coisas, aumentar o convívio com a natureza, deixar de batalhar pelo “sucesso”, que nos moldes atuais se limita a busca do poder, do lucro e do consumo bestial, característicos do regime capitalista.



Rio + 20 

Se pudéssemos definir o que propõe essas conferências como a Rio +20 diríamos se tratar de  um movimento de caráter ético e humanista que questiona a atual sociedade de consumo e de desperdício, formadora das desigualdades sociais, do domínio de países sobre outros povos e da exploração de homens sobre outros homens, propondo um novo paradigma (modelo) de vida.

O atual modelo alimenta-se do seu próprio crescimento incessante, causando prejuízos e insatisfações, trazendo vários problemas com o seu modelo de competitividade, favorecendo o individualismo e egoísmo, gerando a exclusão social e o desemprego.

Os padrões atuais de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e injustiças sociais.  Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais.

O que se busca é a criação de meios de produção mais solidários, menos poluentes e que gerem mais empregos, valorizando as sinergias comunitárias e globais de cooperação e ajuda mútua, criando novas oportunidades para construir um mundo mais democrático e humano.

Não é difícil adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.

A noção de desenvolvimento sustentável busca o crescimento com cuidado ambiental, e o equilíbrio econômico entre pessoas e povos para que traga a segurança interna e externa para os povos.
Isso implica mudanças sociais e tecnológicas que modifiquem a cultura quantitativa e individual, substituindo – a por uma cultura qualitativa dos grupos humanos.

A mudança ética da sociedade é urgente, ou:
quem poderá negar os problemas das grandes metrópoles modernas com seu ar irrespirável, enormes engarrafamentos, pobreza de pessoas, crescente criminalidade, deterioração dos serviços públicos, intolerância, fuga da juventude na anticultura?
o que acontecerá se o crescimento econômico, para o qual estão atualmente mobilizados todos os povos da terra, chegar efetivamente a concretizar-se, isto é, se as atuais formas de vida dos povos ricos chegam efetivamente a universalizar-se?
É facilmente perceptível o esgotamento dos recursos naturais, a deterioração da vida nas cidades, o desequilíbrio sócio – econômico entre pessoas e povos, a insegurança interna e entre países, e isso precisa ser revisto.

É importante fixar que a redução das desigualdades – em nível nacional e internacional – é fundamental para a plena realização do desenvolvimento sustentável no mundo.


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