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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ratazanas em polvorosa


extraido e adaptado do NovoJornal, aqui

Vamos tentar entender por que Cachoeira atemoriza tanta gente, mesmo isolado numa pequena cela do presídio federal de Mossoró, Rio Grande do Norte. Existem relatos de um esquema milionário que abasteceu o caixa 2 de diferentes partidos por muitos anos. Os pagamentos eram acertados pelo próprio Cachoeira com os arrecadadores de campanha. E o que mais provoca temor entre favorecidos e comparsas: a maioria dessas negociatas foi devidamente registrada pelo capo da jogatina.

Comenta-se que em pouco mais de uma década, o bicheiro acumulou um vasto e explosivo acervo de áudio e vídeo capaz de comprometer muita gente graúda, em Brasilia e muitos estados da federação. Na operação de busca e apreensão na casa de Cachoeira no início do mês, a PF encontrou dentro de um cofre cinco CDs avulsos. No entanto, outra parte do material – ainda mais explosivo – estava escondida em outro lugar, uma chácara em Anápolis (GO). O local sempre serviu como espécie de quartel-general para reuniões do clã Cachoeira, além de esconderijo preferencial para seu acervo de gravações e documentos.

Existem vídeos que ainda estão em poder de Cachoeira em que não constam apenas reuniões políticas ou pagamentos de propina, há registros de festinhas e rega-bofes patrocinadas por ele com a presença de empresários e políticos de todas as tribus. Uma artilharia capaz de constranger o mais desinibido dos parlamentares. Flagrado em conversas nada republicanas com o contraventor, o senador Demóstenes Torres deixou a liderança do DEM no Senado e debandou do partido.

Cachoeira tinha um auxiliar de confiança, seu braço direito, de nome Lenine Araújo de Souza, o "Baixinho",  também contratou arapongas bastante conhecidos em Brasília, como Jairo Martins, o sargento Dadá e o ex-delegado Onésimo de Souza. Consta do inquérito da PF que pelo menos 43 agentes públicos serviam a Cachoeira.“Quem detém informação tem o poder”, dizia o bicheiro.

Antes de ser preso, recebia mensalmente gravações e um relatório dos monitoramentos dos alvos dava novas diretrizes de ação, inclusive a elaboração de perfis de autoridades de interesse. Boa parte disso está guardada em seu QG, a chácara em Anápolis. Este mês, dois novos vídeos circularam pela  imprensa da capital federal. Neles, o bicheiro conversa com o deputado federal Rubens Otoni (PT- GO) sobre pagamentos para a campanha do petista.

Até agora, Otoni não se explicou. A divulgação da conversa com Otoni, porém, foi uma pequena amostra do poder de persuasão. Apenas um dos vários recados que ele enviou a Brasília desde que foi preso em fevereiro. Pessoas próximas a Cachoeira dizem que ele ainda tem muita munição para queimar. As mensagens foram captadas pela cúpula petista, que acionou o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Ele reuniu-se com a mulher de Cachoeira, Andressa, no último dia 21, e pediu que convencesse o marido a se controlar, com a promessa de que conseguiria retirá-lo da cadeia em breve. Andressa voou para Mossoró e deu o recado de Thomaz Bastos ao bicheiro. Desde então, ele silenciou à espera do habeas corpus.

Ao mesmo tempo, porém, Carlinhos Cachoeira mandou espalhar que possui gravações contra políticos de um amplo espectro partidário. É o caso, por exemplo, dos integrantes da chamada bancada do jogo que defendia a regularização dos bingos no País. Além do deputado goiano Jovair Arantes (PTB), arrolado no inquérito da Operação Monte Carlo, mantinham contatos freqüentes com Cachoeira os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Lincoln Portela (PR-MG), Sandro Mabel (PR-GO), João Campos (PSDB-GO) e Darcísio Perondi (PMDB-RS). Todos têm mantido silêncio absoluto sobre a prisão de Cachoeira.

A lei do silêncio foi seguida também pelo senador Demóstenes a principio, que, além de presentes, teria recebido pelo menos R$ 1 milhão do esquema do bicheiro. Para investigar essas e outras, Demóstenes teve seu sigilo bancário quebrado pelo STF na quinta-feira (29).

Outro que em breve terá de se explicar é o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo. Segundo o inquérito da PF, Cachoeira indicava pessoas para cargos de confiança no governo Perillo. A PF suspeita ainda que o dinheiro repassado por Cachoeira às campanhas de vários políticos viria não só da contravenção, mas de contratos entregues a empreiteiras para quem o bicheiro serviu de intermediário.

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