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terça-feira, 15 de novembro de 2011

A experiência de Henry Ford no Brasil

vista aérea de Fordlândia, em 1934 - CLIQUE QUE AMPLIA


Breve História da Borracha - Parte 3


Aqui entra o vídeo do post que originou esta série

Em 1910 o preço da borracha no mercado mundial começou a cair, depois de dois anos de aumento e de uma alta abrupta entre abril e maio daquele ano. O pico nessa ocasião atingiu à média de 512 libras a tonelada. A partir daí com a entrada em cena da produção no Oriente, organizada em bases racionais, introduzindo-se a borracha de forma regular no mercado, os preços acabaram reduzindo-se a algo inferior a 100 libras a tonelada depois da Grande Guerra, inicio da década de 1920. Esta última etapa implicou a decadência definitiva da produção amazônica.

Mas, na segunda metade da década de 1920, o gênio inventivo da industria automobilística americana, Henry Ford, resolve tentar um trunfo. Não estava satisfeito em ficar refém do fornecimento de borracha – a preciosa matéria prima dos pneus – pelos ingleses e holandeses que controlavam as plantações orientais, resolveu investir num arrojado projeto na Amazônia com intuído de reduzir a dependência daqueles fornecedores e tentar reduzir ainda mais o preço que havia se estabilizado por volta de 100 libras a tonelada. Plantou nada menos que 70 milhões de mudas de seringueira numa área de um milhão de hectares no Pará no vale do rio Tapajós.

Pela enormidade da escala o empreendimento de Henry Ford, era pioneiro no Ocidente. O projeto começou a ser implantado no ano de 1928. Para a primeira fase, o estado do Pará concedeu terras no médio Tapajós à companhia. Em 1934, por meio de um termo aditivo ao contrato, a empresa trocou uma área da primeira concessão por outra da mesma extensão e mais próxima à foz do Tapajós. O nome Fordlândia, com que ficou conhecido o empreendimento de Ford na Amazônia brasileira, corresponde estritamente à primeira área; a segunda recebeu o nome de Belterra.

Quando a empresa começou a funcionar de fato, depois que foram plantadas o primeiro 1 milhão de mudas e estas começaram a dar sinais de grande vitalidade depois de dois anos, ninguém tinha dúvidas de que a empresa seria bem-sucedida. Mas, muita coisa ainda iria mudar nesse cenário.

Em 1931 trabalhavam para a companhia 3.100 seringueiros. Entretanto, nos anos seguintes, este número passou a diminuir continuamente, sendo que em 1938 já se resumia em 1.700. A adaptação dos caboclos brasileiros ao modus vivendi que se tentou impingir a eles, a American Way of Life foi um fator importante de resistência e contribuiu, embora não fosse o único, para o insucesso geral do empreendimento.

O fato mais deletério que comprometeu definitivamente o projeto de Henry Ford foram as doenças que começaram a se abater sobre os seringais, principalmente uma conhecida como “mal-das-folhas”, causada pelo fungo Microcyclus ulei. Essa doença já tinha sido diagnosticada em 1911 pelos holandeses no Suriname, mas tudo indica que dela não teve conhecimento a Companhia Ford, antes de lançar-se ao cultivo da seringueira no Tapajós.

Fracassado o empreendimento inicial no médio Tapajós, Fordlândia, suspenso em 1933, começaram, então, os plantios em Belterra que também, como em Fordlândia sofreram o ataque intenso de fungos do mal-das-folhas. Embora a doença fosse observado nas plantações em Fordlândia desde os primeiros anos do desenvolvimento, o prejuízo não foi considerado sério até 1933. Acreditava-se que o local era a razão principal do aparecimento do Microcylus ulei, daí porque a Companhia Ford transferiu em 1934, seu projeto para Belterra.

Com todos esses problemas essas alternativas não atendiam a previsão de consumo futuro de borracha, nos EUA e na Europa, principalmente na Alemanha, pesquisava-se avidamente alternativas sintéticas. A guerra e a necessidade de borracha para a indústria bélica veio precipitar as coisas. A guerra interrompeu o comércio entre a Ásia e os Estados Unidos depois do ingresso do Japão na guerra e a ocupação por este da Malásia.




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