* Este blog luta por uma sociedade mais igualitária e justa, pela democratização da informação, pela transparência no exercício do poder público e na defesa de questões sociais e ambientais.
* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

FMI vem ao Brasil oferecer ajuda

por T. Mello Rego, no bombástico site do Professor Hariovaldo Almeida Prado


Venho mais uma vez a este sanctus locus fazer uma denuncia acerca do descalabro deste governo petelho que por hora usurpa o poder outorgado divinamente a nós, homens de bem , de Benz e de alva epiderme .

Segundo noticiou o PIG - nossa Proba Imprensa Gloriosa, a senhora Christine Lagarde desembarca neta 5° feira no Brasil trazendo a caderneta onde estão anotadas as dívidas da pátria e alguma merreca para oferecer emprestada ao país e assim ajudar este bananal a sair do buraco em que se encontra.

Como é sabido por todos, nos anos em que o país era governado por nosso glorioso Dom Fernando (o procriador), não éramos importunados por tais figuras. Bons tempos aqueles em que éramos respeitados e até ouvidos em questões importantes. Hoje, segundo nosso líder e presidente de carteirinha Dom José I (o bolinhoso), somos um país mequetrefe, que está a beira da falência, tudo por conta do molusco nonadélico que resolver distribuir o sagrado dinheiro dos juros à patuleia que se esbalda comendo carne de gato com cachaça incha pé 51.

Dona Christine trará também receitas para o ajuste das contas públicas do país, além é claro do cilício, da chibata e uma edição do livro de orações de São Serapião, que ela entregará pessoalmente a búlgara terrorista. Talvez com o uso constante destas boas ferramentas e práticas a usurpadora se redima e passe a seguir as boas lições dos nossos irmãos do North, pois é sabido até pelo reino animal o quão eles são sofisticados e sábios.

Esperamos que a fantochuda não dê nenhum vexame diante de tal autoridade , que vá ao aeroporto receber a visitante e esteja descalça , ajoelhada e com o pires na mão quando ela desembarcar do avião.


COMENTÁRIO do Pe. Iscariotes

Finalmente o FMI nos envia uma nova Dama de Ferro’s Bar (antigo reduto paulistano de senhoras de bom gosto e grosso trato). A búlgara que se cuide, porque esta dama não é de dar mole e facilmente arranca os indecisos do armário. O Brasil mais uma vez fica de... oopps!... faz um 4 (apenas para provar que não precisa usar o bafômetro como nas Alterosas) e desta vez vai. O amor é azul:


E Santa Catarina continua uma festa...

Raul Sartori, em seu blog

“Brincadeira” cara - É
com essa qualificação – “brincadeira” – que a mídia nacional trata do evento Desafio Internacional das Estrelas, uma prova de kart que o piloto de Fórmula 1 Felipe Massa promove anualmente em Florianópolis.

A deste ano será dia 4 de dezembro, com transmissão da Globo. Galvão Bueno escalou-se para a missão.
Tudo no evento é pago, pois ele é eminentemente comercial.

Nada de mais, se nessa “brincadeira” o otário do contribuinte catarinense não estivesse sendo saqueado em mais de R$ 1 milhão para privilegiados (“estrelas”) se divertirem.

Isso sim!...

Código Florestal (1) tupiniquim – assunto internacional


Vejam o acontece e o que se fala desde o primeiro dia da COP-17, em Durban, África do Sul, sobre o projeto de Lei que prevê alterações no Código Florestal brasileiro. Esse assunto foi destaque nos corredores do Centro de Convenções (ICC) onde ocorre a Conferência, ao ser tema de matéria de capa na edição desta quarta-feira (30) de uma das publicações de maior circulação na cobertura das negociações internacionais que lá ocorrem neste momento.




PARA LER MELHOR, CLIQUE QUE AMPLIA

NOTA - (1) Ou código de incetivo ao agronegócio?... ou código agropecuário?...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Práticas Globósticas



Arrráhhh... mas isso eu já sabia há muito!...

Hoje na História: 1864 - Milícia do Colorado ataca aldeia de indígenas cheyennes e araphaos


pescado no Opera Mundi


A milícia do território do Colorado ataca em 29 de novembro de 1864 uma aldeia habitada pelos indígenas cheyennes e araphaos, em Sand Creek, a leste das Montanhas Rochosas, por ocasião das Guerras Indígenas. No curso da batalha que durou dois dias as forças do coronel John Chivington matariam cerca de 270 nativos, sem distinguir homens, mulheres e crianças. Este episódio suscitaria uma controvérsia, que levaria ao questionamento da política de extermínio dos ameríndios.

As causas do massacre de Sand Creek têm raízes no longo conflito pelo controle das Grandes Planícies do Colorado oriental. O Tratado do Forte Laramie de 1851 garantia a propriedade da área ao norte do rio Arkansas até os limites do estado de Nebraska aos cheyennes e aos arapahoes. Contudo, no final da década, ondas de mineradores euro-americanos inundaram a região em busca de ouro nas Montanhas Rochosas do Colorado, colocando extrema pressão sobre os eventuais recursos das planícies áridas.

Em 1861, as tensões entre os novos colonizadores e os nativos americanos se acirraram. Em 8 de fevereiro, uma delegação Cheyenne, encabeçada pelo cacique Caldeirão Preto (1), ao lado de alguns líderes arapahoe, ajustaram um novo assentamento com o governo federal. Os ameríndios cederam a maior parte de sua terra mas asseguraram uma reserva de 400 quilômetros quadrados e pagamentos anuais. A delegação alegou que seguidas hostilidades iriam pôr em perigo seu poder de barganha. No mundo político descentralizado de tribos, Caldeirão Preto e seus companheiros delegados representavam apenas uma parte das tribos cheyenne e arapahoe. Muitas não aceitaram esse novo acordo, conhecido como o Tratado do Forte Wise.

A nova reserva e os pagamentos federais mostraram-se insuficientes para conter as tribos. Durante a Guerra Civil, as tensões novamente se acirraram e esporádicas violências desataram entre os nativos e os anglo-americanos. Em junho de 1864, John Evans, governador do território do Colorado, tentou isolar os recalcitrantes indígenas, convidando os “amigos índios” a acampar perto das fortalezas militares e receber provisões e proteção. Chamou também voluntários a fim de preencher as lacunas militares deixadas quando a maioria das tropas do exército regular de Colorado foi enviada para outras áreas durante a Guerra Civil. Em agosto, Evans encontrou-se com Caldeirão Preto e diversos outros chefes índios para firmar uma nova paz e deixar a todos satisfeitos. Caldeirão Preto mudou sua tribo para o Forte Lyon, Colorado, onde o comando militar os encorajou a caçar perto de Sand Creek.

No que só pode ser considerado um ato de traição, Chivington locomoveu suas tropas para a planície e em 29 de novembro atacaram os confiados e inocentes nativos, dispersando homens, mulheres e crianças, perseguindo e os encurralando. As baixas refletem a natureza unilateral da batalha. Apenas nove dos homens de Chivington foram mortos; 148 dos seguidores de Caldeirão Preto foram massacrados selvagemente, mais da metade dos quais mulheres e crianças. Os voluntários do Colorado ainda voltaram ao local, matando os feridos, mutilando seus corpos e botando fogo na aldeia.

As atrocidades cometidas pelos soldados foram inicialmente elogiadas, contudo passaram as ser condenadas à medida que as circunstâncias do massacre foram sendo conhecidas. Chivington renunciou à farda e abortou sua florescente carreira militar. Caldeirão Preto sobreviveu, dando prosseguimento aos seus esforços de paz. Em 1865, seus seguidores aceitaram uma nova reserva no Território Indígena.


NOTAS

(1) Black Kettle, (Moke-Tav-a-to na língua indígena), traduzido como "Chaleira-Preta" no famoso livro de Dee Brown “Enterrem meu coração na curva do rio”, que parece ser mais adequado.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Seria a velha mídia, por acaso, seletiva?...






Por Altamiro Borges, em seu blog




Na quinta-feira passada, a operação “Sinal Fechado” do Ministério Público Federal resultou no pedido de prisão de 14 pessoas no Rio Grande do Norte. Elas são acusadas de fraudes bilionárias na inspeção veicular – o mesmo esquema que bloqueou os bens do prefeito Gilberto Kassab. A mídia até tem tratado do escândalo na capital paulista, mas evita destacar as prisões em Natal. Por que será?

Um dos envolvidos no escândalo potiguar, já preso e acusado de ser o chefão da quadrilha, é o tucano ricaço João Faustino, suplente do senador Agripino Maia, presidente nacional do DEM. Mais grave ainda: Faustino foi um dos homens-fortes da campanha de José Serra em 2010. Enquanto o esquecido Paulo Preto chefiava a arrecadação de recursos financeiros em São Paulo, ele fazia a coleta nacional.

Relação antiga e sólida

As relações entre Faustino e Serra são antigas. Ele foi o seu subchefe da Casa Civil em São Paulo, subordinado ao ex-secretário Aloysio Nunes Ferreira, eleito senador no ano passado. Quando o grão-tucano se afastou do cargo de governador para disputar o pleito presidencial, Faustino foi acionado para o comando da campanha nacional – principalmente na área de arrecadação de recursos (1).

Até agora, José Serra, que adora se fingir de paladino da ética, nada falou sobre Faustino. Nem sequer prestou apoio ao seu amigo preso, ao antigo colaborador no Palácio dos Bandeirantes – bem diferente da postura “solidária e humanista” do demo Agripino Maia, outro ícone da “ética”, que logo inocentou seu suplente ricaço. Ingrato, o falante Serra está calado.

Cadê a Veja e o Jornal Nacional?

Já a mídia hegemônica, sempre tão imparcial e neutra, evita dar destaque para a prisão do arrecadador tucano, homem-forte de Serra. Faustino ainda não virou capa da Veja. Willian Bonner e Fátima Bernardes não fizeram cara de nojo no Jornal Nacional da TV Globo. Os jornalões dão apenas pequenas notinhas, nada de manchetes ou das tais reportagens “investigativas”. Estranho...

E olha que o caso é cabeludo. Renata Lo Prete, da Folha, informa hoje (27) que “tucanos graúdos se mobilizam intensamente nos bastidores para avaliar a situação e projetar os danos da prisão de Faustino, que foi o número dois do hoje senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) na Casa Civil durante o governo de José Serra”. Então, por que a mídia não faz seu costumeiro escarcéu?...

Seria esta midia, por acaso, seletiva?...


NOTAS:

(1) de acordo com sua própria declaração, em entrevista em agosto de 2009: "Eu era subchefe do Gabinete Civil do governo de São Paulo. Deixei essa função para colaborar com o governador (N.B.: D. José I - o pegador discreto). Ele ainda não formou sua equipe de coordenação (de campanha), não existe ainda um coordenador, nem coordenadores regionais. Estou colaborando na condição de amigo pessoal dele, de colaborador que sou dele. Fui vice líder de Serra na Câmara dos Deputados. Sempre que convocado por ele, como eu tenho sido, procuro colaborar com esse projeto de 2010".


domingo, 27 de novembro de 2011

Nossa homenagem ao grande Bob Fields - herói de todo reacionário que se preze


excerto modificado de um texto de Mario Augusto Jakobskind, no Direto da Redação


Um fato histórico vergonhoso, envolvendo as relações Brasil-Argentina, veio à tona. Documentos tornados públicos esta semana indicam que por volta de 1982, o então embaixador brasileiro em Londres, Roberto Campos, defensor histórico do capital financeiro (e bota defensor nisso!...), batalhou no sentido de proteger o então capitão argentino Alfredo Astiz, que como se sabe, era conhecido como o anjo da morte, que torturou e matou sem conta, que acabou de ser condenado a prisão perpétua em seu país.

Astiz, que literalmente se borrou quando foi preso nas Malvinas pelos britânicos, contou com os esforços de Roberto Campos no sentido de libertá-lo, segundo informa o jornal argentino Pagina 12. Tal fato demonstra também como a ditadura brasileira e argentina andavam juntas. A diferença agora é que os torturadores assassinos argentinos estão sendo julgados, enquanto os similares brasileiros contam com a impunidade de uma lei de anistia promulgada em 1979, nos estertores da ditadura, mas ainda na vigência do regime ditatorial e sob pressão dos que tinham culpa no cartório.


sábado, 26 de novembro de 2011

Roger Agnelli - não passa de um trapalhão, agora se vê


por Fernando Brito, no Tijolaço de Brizola Neto


Quando, tempos atrás, Lula reclamou publicamente de que o então presidente da Vale, Roger Agnelli, o queridinho da mídia conservadora tinha mandado construir 12 megacargueiros no exterior e não no Brasil, houve um imenso alvoroço nos jornais.


“Intromissão estatal”, “abuso”, “interesse dos acionistas” (como se os órgãos estatais não fossem os maiores acionistas do grupo controlador da Vale!), e outras coisas do gênero. D. Roger I (e único), o imperador da Vale nunca errava. Tudo o que fazia era genial, lucrativo, inconteste.

Hoje, por dicas de nossos comentaristas, cheguei ao site de Bloomberg, e está lá a notícia:

“China rejeita meganavios de minério e mostra erro de US$ 2,3 bi da Vale”

A história, resumindo, é a seguinte: As empresas de navegação chinesas não querem que a vale, com seus supernavios, esvazie o mercado de frete no país, que já terá problemas com a crise européia. Já as siderúrgicas querem que a Vale repasse ao preço do minério a redução de custo de frete que consegue com o transporte de quantidades gigantescas, o dobro dos grandes navios de minério que hoje fazem esse trabalho. E não querem ver a Vale controlando o comércio da mina à porta da fábrica.

Os chineses, que ao contrário de certos grupos da elite brasileira, defendem os interesses de seu país, por isso, não permitiram a atracação do primeiro navio da Vale que rumava a seus portos e, segundo a matéria publicada ontem no final da noite pelo Estadão, “foi desviado para o porto de Taranto, na Itália, porque não tinha autorização para atracar na cidade chinesa de Dalian. O navio chegou até o Cabo da Boa Esperança, deu meia volta e retornou ao Atlântico.”

Isso é o resultado de uma ação empresarial auto-suficiente, que não encara seu país e seus clientes como parceiros, que não consulta seus interesses e coloca, acima de tudo, um apetite “goela grande” e se acha o maior “esperto”, que, felizmente, parece ter acabado, para a viuvez de parte de nossa mídia, com a mudança de direção da Vale.

Agora, o bom e velho Estado vai, certamente, [N.B. ter que] entrar em negociações diplomáticas para resolver o impasse junto ao governo chinês, que provavelmente exigirá concessões de parte do Brasil para dar um desfecho aceitável ao caso. E os acionistas da Vale vão ter de “segurar” os prejuízos contratuais da interrupção de contratos bilionários para a construção da enorme frota de meganavios “fantasmas”, que nunca chegarão aos portos a que se destinavam.

Compreende-se que a Vale esteja silenciosa ainda sobre o assunto. A esta hora, estão lidando com uma dúzias de batatas quentes navais, cada uma do tamanho do Pão de Açúcar. É ver o que pode ser feito com a carteira de contratos, inclusive com a negociação de sua modificação para a instalação dos estaleiros contratados no Brasil, com acordos para a Vale fornecer-lhes aço a preço de custo, evitando as multas, e diminuindo o porte das embarcações.

Vamos ver agora a claque de Agnelli, diante do “mico” mundial que está fazendo nossa – porque a Vale é uma ferramenta estratégica do Brasil – grande mineradora.

Quando Getúlio aproveitou a 2ª Guerra para, com o apoio de Franklin Roosevelt nacionalizar a Itabira Iron e transformá-la na Vale do Rio Doce, ninguém esperava que, 70 anos depois, fosse aparecer outro espertalhão a la Percival Farquhar na história da empresa.

Farquhar, como se sabe, não queria saber de siderurgia, só de exportar minério bruto. Demorou mas, um dia, foi ele o exportado.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Porque hoje é sábado!... O Leopardo Mouco


De maneira geral a década de 1980 foi muito menos pródiga do que a anterior em termos de musica, no mundo todo. Poucas novidades interessantes apareceram na minha opinião, mas uma delas foi o grupo britânico New Wave / Heavy Metal (o que é isso?...) Def Leppard, surgido já em 1977, mas que despontou como um fenômeno musical em 1983, com o disco Pyromania, em que apareceram as duas musicas exibidas nos videos abaixo.

O (ótimo) baterista Rick Allen, que tinha se juntado ao grupo em 1978, quando tinha só 15 anos, em 1984 sofre um acidente automobilístico em que perde o braço esquerdo, que lhe foi amputado. Continuou no grupo após convalescer por muitos meses e passou a tocar uma bateria adaptada em que usa o braço que lhe restou e todos ou outros ritmos toca com os pés. Sempre se apresenta descalço a partir de então.

Nos vídeos Rick Allen ainda aparece antes do acidente, com o visual que era sua marca registrada: sem camisa, de luvas, tenis e com um calção caracterizando a bandeira da Inglaterra. Prestem atenção na qualidade desse baterista.


P.S. - Oooppps!... postei na sexta feira ainda... desculpem nossa falha de controle de qualidade.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Como fazemos agora?... Cine Brasil em São Bento

Está duro elogiar a administração municipal de São Bento do Sul, com seu programa preferencial de gestão conhecido por “bate-cabeça”...

... mesmo assim fizemos isso aqui neste blog, mas foi em vão. Acompanhem a nota publicada na edição de hoje no tablóide local A Gazeta:

PARA LER MELHOR CLIQUE QUE AMPLIA

Mas nem tudo está perdido, o prefeito municipal está de malas prontas para a seguir para a Europa para “ver” novas tecnologias de geração de energia a partir de RSUs – Resíduos sólidos Urbanos (lixo). Vai “ver” coisas que dificilmente conseguirá transmitir para o resto da população ou de técnicos locais depois, ou seja, informações que jamais terão condições de ser transferidas. Tudo leva a crer em se tratar de mais uma viagem de recreio. Mesmo assim, ainda pretende se candidatar a reeleição e quer ser o condutor dos destinos dessa vila por mais 4 longos anos.

Ai, ai ai.... Cada povo tem os governantes que merece!

______________

ATUALIZAÇÃO 24/11 às 11:27 - o "bate-cabeça" continua - edição de hoje do A Gazeta:



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mais sobre Belo Monte - os Botocudos daqui são a favor


por Jorge Cordeiro, no O Escriba

Ok, vamos discutir Belo Monte? Mas que tal fazermos isso com base em dados reais? Sim, porque qualquer discussão baseada em suposições, falseamento, mentiras, não vai levar a lugar algum. Só vai desvirtuar o debate e promover mais ignorância. Então, a partir dos dados fidedignos, podemos nos posicionar contra ou a favor e, melhor, podemos exigir que se cumpra o combinado. Foram décadas de discussão sobre o projeto, que foi alterado para atender muitas das demandas, como não-alagamento de terras indígenas, diminuição dos impactos na região, melhoria das condições de vida das populações das cidades do entorno.

Não podemos cair na 'esparrela' das Reginas Duartes da vida, que aparecem aqui e ali pontuando com a cara constrita que estão "com medo". Ainda mais quando a causa do medo é informação deturpada. O pior é ver ambientalista tarimbado alimentando essa falcatrua, comemorando por exemplo o sucesso de um vídeo de artistas que em vez de jogar luz sobre o assunto, prefere fazer terrorismo barato, com base em informações defasadas, falsas até - chegaram a afirmar que o Parque Nacional do Xingu, que fica mais de 1.300 km ao sul do local da usina, poderá ser inundado!! Pô, aí não, vai... muita apelação! (não acredita? Veja aqui a distância de um para o outro)

Como bem disse o Gilberto Camara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), recentemente em seu blog, os ambientalistas estão perdendo a oportunidade histórica de conseguir avançar, exigindo que o governo e a iniciativa privada promovam a sustentabilidade em seus projetos. Em vez disso, estão apelando para o obscurantismo, a desinformação, o marketing raso, e com isso perdem credibilidade. Uma pena. Quando sentam para discutir e negociar honestamente, conseguem boas vitórias - como a moratória da soja, que envolveu sojeiros da Amazônia, Greenpeace e até o McDonald's. É assim que funciona numa democracia moderna: os diferentes sentam à mesa, colocam seus argumentos, 'senões' e 'poréns' e tentam chegar a um denominador comum. Isso foi feito com Belo Monte, tanto que o projeto mudou da água pro vinho nesse meio tempo e hoje tem tudo para ser exemplo para outras obras do tipo que virão - e virão, não tem pra onde correr - para a Amazônia.

Mas enfim, vamos aos fatos sobre Belo Monte, que estão longe do bicho-papão pintado por aí:

* O lago de Belo Monte terá 503 km2, dos quais 228 km2 já são o leito do próprio rio Xingu. E boa parte da área restante já está desmatada por criadores de gado, agricultores e madeireiras ilegais. O desmatamento efetivo por conta da usina, portanto, é muito pequeno se comparado com o tamanho do empreendimento, a energia que fornecerá e os benefícios que trará à região. E o lago, uma vez criado, servirá para proteger o entorno de cerca de 28 mil hectares (280 km2), já que vira uma Área de Preservação Permanente (APP).

* É normal que empreendimentos hidrelétricos, e quase todas as fontes de geração de energia, tenham uma capacidade de geração e um fator de potência - ou seja quanto dessa capacidade será possível gerar em média em um ano. No caso de Belo Monte, que tem capacidade instalada de 11.233 MW, a geração média é de 4.571 MW, ou 41%. Esse número é o suficiente para abastecer 40% do consumo residencial de todo o Brasil. Ao longo de sua elaboração, o projeto Belo Monte foi modificado para restringir os impactos que poderia causar ao meio ambiente e à população da região, reduzindo-se a área de inundação prevista em 60% em relação ao projeto inicial. Isso diminuiu a geração média de energia, mas foi importante para a diminuição do seu impacto.

É pouco? Nem tanto. Dá uma olhada nos dados que este blog compilou sobre a média em outros países (na China é 36% e nos EUA, 46%) e mesmo no Brasil, em outras usinas já em operação, como Itaipu, Tucuruí.

* A média nacional de área alagada é de 0,49 km2 por MW instalado, em Belo Monte essa relação é de apenas 0,04 km2 por MW instalado.

* 70% da energia a ser produzida por Belo Monte destinam-se ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e apresenta o segundo menor valor por MW / hora entre todos os empreendimentos elétricos dos últimos 10 anos (R$ 78 por MW/h). Aquele papo de que a energia de Belo Monte beneficiará apenas esta ou aquela empresa, é balela, lenda. A energia gerada pela usina será conectada ao SIN e, com isto, gera energia para todo o país. O mesmo acontece com TODAS as demais usinas construídas por aqui.

* Há duas maneiras de se construir uma usina hidrelétrica: basear-se exclusivamente no critério de eficiência, em que tería que dispor de um lago enorme, como era o projeto original de Belo Monte de 1980, alagando amplas regiões, ou um sistema energeticamente menos eficiente - o de geração de energia em cima da corretenza do rio, denominado fio d'água - justamente para privilegiar questões ambientais. Belo Monte é desse segundo tipo, não sendo tão eficiente como a média das hidrelétricas brasileiras (na faixa de 50%) justamente em respeito a questões sociais e ambientais.

* Nenhum índio terá que sair de suas terras por causa do projeto e os ribeirinhos que serão realocados vivem, em sua maioria (quase 7 mil famílias), em palafitas nos igarapés de Altamira, em condições sub-humanas. O governo pretende realocar essas famílias para condomínios habitacionais que ficam em torno de 2 quilômetros de distância de onde estão hoje. São cerca de 18 mil pessoas. A promessa do governo é que essas pessoas receberão casas em locais totalmente urbanizados, com saneamento básico, postos de saúde, escolas e locais de lazer, tudo antes do final de 2014. É anotar e cobrar.

* Substituir a energia de Belo Monte por eólicas e energia solar parece fácil, mas é praticamente impossível. Precisamos de 5 mil MW por ano de energia adicionada ao sistema para garantir o mínimo necessário para que o país continue se desenvolvendo e gerando emprego e renda, e garantindo a inclusão de milhões de brasileiros que hoje estão à margem de todo e qualquer consumo. Isso não é possível, no curto/médio prazo, com eólica e solar. O Brasil até tem investido bastante nessas duas formas de geração de energia, somos o país que mais tem atraído empresas do setor para cá, mas é coisa para médio-longo prazo. Enquanto isso, fazemos a transição - mas com energia de baixo impacto e limpa, como a hidrelétrica. Nenhum outro país do mundo consegue isso - EUA, China, Europa, Ìndia, todos estão fazendo investimentos em energia renovável (eólica, solar, etc) com base numa economia sustentada por energia suja - nuclear, térmicas a carvão ou óleo diesel.

Para se ter uma ideia, para ter o mesmo potencial energético de Belo Monte, seria necessário instalar mais de 6 mil aerogeradores, de 3MW cada, ocupando uma área de 470 km2 - ou quase o tamanho do lago de Belo Monte (503 km2).

Bom, tem muito mais coisa para se pontuar, mas já tem um bocado aí pra refletirmos, né mesmo? As coisas nem sempre são tão simples como querem fazer crer uns e outros, nem o diabo é tão feio.

Tem mais informação boa circulando por aí, seguem algumas dicas:



Eu não assino petições contra Belo Monte (reproduzido aqui neste blog botocudo)

O PT mudou?... Sim!... Pra pior?... Sim!...


entrevista a Samir Oliveira, no Sul21


O ativista de esquerda Tariq Ali esteve em Porto Alegre pela terceira vez entre os dias 15 e 17 deste mês. Antes, já havia visitado a Capital gaúcha durante duas edições do Fórum Social Mundial. O escritor paquistanês, que cursou ciência política e filosofia em Oxford, na Inglaterra.

Tariq foi um dos entusiastas da chegada do PT ao poder no Brasil. Mas avalia que o partido não foi capaz de implementar reformas estruturais no país e não poupa nem o ex-presidente Lula. “O PT brasileiro foi o último partido de trabalhadores criado no mundo. Havia enormes esperanças depositadas. Lula transformou o partido numa máquina de vencer eleições”, observa o escritor.

Nesta entrevista, Tariq Ali comenta também o contexto político na América Latina, a crise econômica na Europa e os protestos contra o capitalismo nos Estados Unidos.

"Venezuela e Bolívia são dois países que utilizam o Estado para realizar reformas sociais e estruturais. Mas podem ir só até certo ponto, porque o sistema capitalista permanece enraizado" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – É comum ouvir hoje em dia que, ideologicamente falando, não existe mais esquerda ou direita na política.
Tariq Ali –
Se olharmos a política no mundo capitalista hoje, na América do Norte, na Europa e em países como Brasil e Índia, veremos uma situação onde a política convencional é dominada pela centro-esquerda e pela centro-direita. Esses dois lados formam o que chamo de centro-extremo. São extremistas na defesa do neoliberalismo. Dentro desse grande centro é possível dizer que não há diferenças entre esquerda e direita. Mas fora dele, as diferenças são enormes. Mesmo que os grupos de esquerda sejam pequenos, representam uma tradição de justiça social. E, na atualidade, buscam uma tradição de unir socialismo e democracia, rejeitando o modelo stalinista do partido único e do jornal estatal, que vigorou durante muito tempo.

Sul21 – Há algum país que esteja adotando o socialismo com democracia?
Tariq Ali –
Não de uma maneira perfeita. Mas alguns países da América do Sul estão tentando. Venezuela e Bolívia são dois países que utilizam o poder do Estado para realizar importantes reformas sociais e estruturais. Mas podem ir só até certo ponto, porque o sistema capitalista permanece enraizado nesses países e é impossível simplesmente passar por cima. É preciso lidar com o sistema em alguma medida.


“Os cubanos seguiram o modelo político insensato do partido único. Estão percebendo esse equívoco”


Sul21 – E o modelo cubano?
Tariq Ali –
Temos que ser francos, Cuba não tem democracia. Sou um admirador dos cubanos pelo que fizeram na educação, na saúde e na reforma agrária. São cidadãos muito politizados, comparados com outros países do continente e até do mundo. Mas não há contribuição democrática em Cuba. Isso vai, inclusive, contra a tradição da revolução cubana. A falta de democracia no país é resultado de dois fatores: por um lado, o bloqueio norte-americano e a tentativa de derrubar Fidel Castro e derrotar a revolução; por outro, a dependência de Castro da antiga União Soviética. A combinação desses dois fatores burocratizou a revolução cubana. Hoje, muitos cubanos aceitam a situação como ela está. Cuba precisa promover algumas aberturas em sua economia. É loucura o Estado nacionalizar tudo. É loucura nacionalizar restaurantes familiares e mini-mercados. Mas a nacionalização de setores-chave da economia ainda é necessária.


Tariq Ali: "Não podem criticar Hugo Chávez por falta de democracia. Podem criticá-lo por excesso de democracia. Chávez venceu muitas eleições, inclusive contra a maioria da mídia privada" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – Qual o futuro que o senhor projeta para a ilha?
Tariq Ali –
Os cubanos seguiram o modelo político insensato do partido único. Estão percebendo esse equívoco. Não sei para qual lado irão após a morte de Fidel. Sinto que iriam com os Estados Unidos. Muitos cubanos gostariam desse caminho. Mas estariam dispostos a abrir mão de poder para Miami?

Sul21 – E na Venezuela? Há um socialismo mais democrático?
Tariq Ali –
Não podem criticar Hugo Chávez por falta de democracia. Podem criticá-lo por excesso de democracia. Chávez venceu muitas eleições, inclusive contra a maioria da mídia privada, porque fez uma série de coisas boas para a parcela mais pobre da população – muito mais do que foi feito no Brasil. O presidente venezuelano tornou a palavra “socialismo” popular novamente. Com suas ações, conseguiu impactar as pessoas em toda a América do Sul de uma forma que só a revolução cubana havia feito até então. Ele chegou ao poder de uma maneira diferente, sem ações armadas. Construiu movimentos sociais de massa e assumiu através de eleições democráticas para tentar implementar reformas. Então, os bolivianos e os venezuelanos estão fazendo muito mais que o Brasil. E espero que continuem assim, porque mais cedo ou mais tarde terão que confrontar o capitalismo de uma maneira muito mais intensa.


“Por trás de cada família que possui uma grande propriedade rural há um grande crime que eles cometeram para se apossar daquela terra”


Sul21 – De que maneira se dará esse confronto?
Tariq Ali –
Intensificando a reforma agrária, por exemplo. Na Venezuela há muita crítica ao Chávez por ter distribuído as terras. Dizem que é um ataque à propriedade privada. Sim, de fato, é um ataque. Mas como essa propriedade privada se constituiu? Quem dá às pessoas o direito de dominar um pedaço de terra? Como as pessoas se tornam donas das terras? Por trás de cada família que possui uma grande propriedade rural há um grande crime que eles cometeram para se apossar daquela terra. Não compraram as terras, tomaram à força.


"No Brasil, há um subproletariado, pessoas que temem que o pouco que têm possa se esvair. Então, quando ganham um pouquinho do Lula, passam a amá-lo" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – Além da Venezuela e da Bolívia, outros países da América Latina são governados atualmente pela esquerda ou pela centro-esquerda. Há um contexto político positivo na região?
Tariq Ali –
Em geral, o contexto é positivo. Numa escala internacional, isso significa que é muito mais difícil os Estados Unidos controlarem a América Latina como estavam acostumados. Não é tão fácil agora e os norte-americanos sabem disso. Mas ainda não desistiram. A influência norte-americana é muito forte na Colômbia e no México. Há sucessivas tentativas de desestabilizarem o governo Chávez. E quem sabe o que poderão fazer no Brasil depois que o PT sair do poder? Os Estados Unidos estão mais fracos do que jamais estiveram na região, mas não desistiram da América Latina.

Sul21 – O senhor disse uma vez que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff não são tão diferentes de outro ex-presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso.
Tariq Ali –
Não são diferentes no sentido de que não promoveram mudanças fundamentais nas estruturas da sociedade brasileira. Lula teve muita sorte com o crescimento da economia chinesa, que demandou exportações brasileiras, e com a baixa da taxa de juros nos Estados Unidos, que afetou as importações. Mas se a crise econômica piorar e atingir a China, o Brasil será extremamente afetado.


“Em 2006 Lula foi eleito por uma maioria de 61% dos votos. Com esse apoio, poderia ter feito qualquer coisa”


Sul21 – Lula também tinha bastante apoio popular.
Tariq Ali –
No Brasil, há um subproletariado. Pessoas pobres que não possuem um emprego em turno integral, nem um trabalho formal, e são psicológica e politicamente apavoradas, porque temem que o pouco que têm possa se esvair. Então, quando ganham um pouquinho do Lula, passam a amá-lo. Mas com o apoio popular que tinha, Lula poderia ter feito muito mais, especialmente durante seu segundo mandato. No primeiro mandato, Lula estava muito preocupado que o capital internacional pudesse desestabilizar o Brasil. Mas em 2006 ele foi eleito por uma maioria de 61% dos votos. Com esse apoio, poderia ter feito qualquer coisa.

Sul21 – Na sua avaliação, o PT e Lula tiveram medo de promover mais reformas?
Tariq Ali –
O PT brasileiro foi o último partido de trabalhadores criado no mundo. Havia enormes esperanças depositadas no partido. O PT não foi criado por uma pessoa, foi o apoio da classe trabalhadora organizada que criou o PT. E Lula transformou o partido numa máquina de vencer eleições. Isso não é o bastante para um partido político. Qual a diferença em relação a direita, se fazem exatamente o mesmo? Gastam grandes quantidades de dinheiro para ganhar uma eleição. E há casos emblemáticos, como o assassinato do prefeito de Campinas, Celso Daniel, ou as denúncias envolvendo Palocci, que, mesmo assim, foi reconduzido duas vezes ao governo. A quem o PT inspira com essas atitudes? E mais, o que acontecerá com o PT quando perderem uma eleição? Espero que haja uma grande ruptura no PT, porque o Brasil precisa de um partido socialista de massas. Precisamos refletir: essa esquerda que a direita gosta não é tão esquerda assim.


"A mudança só será possível se houver enormes pressões de base, que realmente afete os regimes capitalistas. Caso contrário, por que os governos se incomodariam em mudar alguma coisa, se ninguém os desafia?" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – Com a onda de protestos contra o capitalismo nos Estados Unidos – como o Occupy Wall Street –, além dos indignados na Espanha, o senhor acredita que alguma grande mudança está por vir?
Tariq Ali –
A mudança só será possível se houver enormes pressões de base, que realmente afete os regimes capitalistas. Caso contrário, por que os governos se incomodariam em mudar alguma coisa, se ninguém os desafia? Mesmo com a crise econômica e esses protestos, o capitalismo ainda não enfrentou uma onda de protestos de massa.


“Às vezes, superestimamos o poder da mídia. E isso acaba se tornando uma desculpa”


Sul21 – Como o senhor vê a atuação da mídia tradicional no processo de legitimação do capitalismo?
Tariq Ali –
A função das corporações midiáticas é preservar o sistema como ele está e atacar qualquer mudança. Apoiam todas as guerras que o ocidente promove em diferentes partes do mundo e tentam convencer as pessoas de que essas guerras existem para trazer justiça. Mas, às vezes, superestimamos o poder da mídia. E isso acaba se tornando uma desculpa. “Não podemos fazer nada porque a mídia é muito poderosa”. Isso é uma grande besteira.

Sul21 – A mídia não tem tanto poder assim?
Tariq Ali –
Quando as pessoas estão realmente enfurecidas, ignoram o que a mídia diz. Geralmente, se assiste televisão por causa das novelas, dos atores e do erotismo. Cada vez menos as pessoas assistem televisão para se informar. Quando há um verdadeiro movimento de massa vindo das bases, a mídia se torna irrelevante. Basta ver o caso do Egito. Quando os egípcios começaram a ocupar a praça Tahir, a maioria da mídia foi contra.

Sul21 – Muitos analistas dizem que as redes sociais tiveram um papel fundamental nesse processo.
Tariq Ali –
Claro que o Facebook e, principalmente, as mensagens de texto por celular tiveram alguma relevância. Mas não é pra tanto. O fator decisivo foi que as pessoas estavam dispostas a dar suas vidas para se livrarem do déspota. Isso que foi fundamental. As pessoas usam qualquer meio que tiverem para se comunicar. Quando houve a rebelião dos escravos no Haiti, no século XVIII, a comunicação era feita através de sons, de batidas nas paredes, de vilarejo a vilarejo. Foi um método de resistência.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

BNDES é uma mãe?... ou é mentalidade de colônia?...

Não consigo entender a lógica do governo nesse enfrentamento da crise.

Blindou-se relativamente a economia brasileira, graças às reservas cambiais e ao mercado interno. E só. Cadê a visão estratégica para aproveitar oportunidades?

No plano externo, permite-se que, com o câmbio apreciado, as exportações asiáticas e europeias se apropriem da maior parte do crescimento do mercado de consumo em diversos setores.

No plano interno, o BNDES tornou-se o financiador de empresas estrangeiras em dificuldades, à custa do consumidor brasileiro

A matriz da empresa entra em dificuldades, por conta da crise mundial. A empresa então rapela o cofre [N.B. - raspa o tacho], envia para a matriz 100% do lucro e ainda juros sobre capital próprio. Desvia recursos que deveria estar investindo aqui.

Parte desse desvio resulta em deterioração dos serviços, um custo indevido pago pelo consumidor. Hoje em dia algumas operadoras de celulares estão em estágio pré-pane.

Parte dos investimentos mínimos é garantido pelo BNDES: a empresa remete o lucro total e se [re]financia no BNDES.

Não tem lógica. O papel do BNDES sempre foi o de suplementar o investimento, de agregar novos ativos ao país. Esse papel substitutivo não é da lógica do banco nem do interesse nacional.

Se o banco continua com o sonho da grande empresa nacional, que monte pools de investidores para adquirir o controle de algumas dessas empresas cambaleantes ou lá fora ou aqui dentro. Se a matriz não dá conta de garantir os investimentos internos, nem à custa de reinvestimento de lucros, que venda o controle para grupos em condições.

Agora, amparar multinacionais dessa maneira é uma ação antinacional [N.B. - isso é um descalabro desavergonhado!...].

sábado, 19 de novembro de 2011

Porque hoje é Sábado: Bachman & Turner (do glorioso Bachman Turner Overdrive)


Gloria dos anos 1970, envelheceram como eu e todos, mas continuam firmes... o guitarrista Randy Bachman até ficou parecido comigo, hohohoho....

Agora vejam esse

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O que está por trás dessa barulheira toda de Belo Monte?...


artigo de Antonio Delfim Neto, que saiu na revista Carta Capital em abril de 2011, reproduzido pelo blog Quem tem medo da democracia


***Adendos [entre colchetes] são deste blog botocudo






“BRASIL, POTÊNCIA hídrica do século 21″ é o título bastante sugestivo da matéria de capa de recente edição especial da National Geographic em português, que traz considerações interessantes sobre o aproveitamento do que certamente será a riqueza mais disputada nos próximos mil anos em nosso planeta.

Desde algum tempo tenho procurado mostrar que a água (mais que ouro, minérios ou petróleo) é o que preocupa e motiva o enorme esforço de marketing promovido por ONGs de várias partes do mundo com o objetivo de provar que os brasileiros são incapazes de:

1. Proteger o meio ambiente, especialmente na Região Amazônica.
2. Respeitar as populações indígenas, idem.
3. Realizar o desenvolvimento “sustentado”, alguma coisa com diferentes significados no Brasil, na China e nos EUA.

São meros pretextos. Apesar de gastos, funcionam…

A conclusão, óbvia, é que [pretendem mostrar e/ou forçar a barra de que] a Amazônia precisa ser internacionalizada para evitar que utilizemos os cursos de água daquela bacia hidrográfica para produzir energia e proporcionar o desenvolvimento daquela região em nosso benefício exclusivo. Então, para começar, é urgente impedir a construção das hidrelétricas, enviando seguidas delegações de notáveis que se prestem a fazer o ridículo papel de defensores de etnias das quais mal conhecem a designação correta e certamente desconhecem a localização das aldeias (alguns acreditam que se trata de remanescentes de tribos astecas…).

Esta semana tivemos a demonstração de como a pregação, mesmo infantil, pode influenciar burocratas mal informados de organismos internacionais: uma obscura e inoperante comissão de direitos humanos da OEA alinhou-se às teses de outras tantas obscuras ONGs, pedindo a suspensão (!) da construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu.

O referido pedido, baseado numa denúncia feita em 2010 por “diversas” ONGs (não identificadas), não produz nenhuma consequência prática imediata, mas ficou a ameaça de que “poderá vir a ser submetido a exame na Corte Interamericana de Direitos Humanos, também da OEA, caso não sejam aceitas as explicações do governo brasileiro sobre o resultado de consultas submetidas às populações indígenas”. A reação oficial foi imediata: o Itamaraty classificou como “precipitadas e injustificáveis” as solicitações da OEA; o senador Flexa Ribeiro, presidente da subcomissão que acompanhará o andamento das obras no Pará, qualificou de “absurdo” o pedido “que até fere a soberania nacional” e o diretor-geral da Agência Nacional de Energia – Nelson Hubner – foi direto: “A OEA

O que as ONGs (de longa data), agora apoiadas pela sub-burocracia da OEA, pretendem bloquear, em realidade, não é a obra em si, mas a condição brasileira de produzir mais energia limpa para prosseguir em seu projeto de desenvolvimento sustentável, inclusive na Região Amazônica. Significa demonstrar a capacidade nacional de conservar, administrar e utilizar as riquezas de um território que detém 11% de toda a água doce do globo, onde correm 12 mil rios que respondem por 16% de toda a água enviada ao mar pelos rios do planeta.

Muitos brasileiros só em anos recentes tomaram conhecimento que, além do aquífero Alter do Chão, que contém as águas do subsolo amazônico, o aquífero Guarani, no subsolo das regiões Centro-Sul-Sudeste do Brasil e partes do Paraguai, Uruguai e do norte da Argentina, guarda volume superior ao de seu congênere do Norte. Segundo os cálculos apresentados na edição especial da National Geographic, juntamente com um mapeamento bastante preciso, “não há fartura semelhante em outros cantos do globo: considerando essa abundância, teoricamente cada brasileiro teria à sua disposição 34 milhões de litros de água por ano, uma quantidade fabulosa, 17 vezes maior do que a ONU considera a média confortável de consumo”.

Com todo o progresso civilizatório que se produziu no mundo, digamos, nesse meio século mais recente, a maioria das nações refreou a cobiça em relação aos bens alheios (com notórias exceções provocadas pela exacerbação terrorista). Só não podemos ignorar que a fartura de água, que nos favorece, está distribuída de forma extremamente desigual entre as regiões e os povos. A carência nem sempre tem simetria com o estágio de desenvolvimento de cada país, inclusive das potências econômicas (as petroleiras, por exemplo). São nações com poder de influência suficiente para arrancar resoluções de organismos internacionais capazes de validar argumentos (não importa quão cínicos sejam) que permitam intervir onde exijam seus interesses vitais [vide caso Libia].

Não tenhamos dúvida de que a água figura no alto da agenda dos interesses vitais com potencial de produzir grandes atritos neste século.