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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Índio coerente com os seus




Variação sobre texto de Mario Augusto Jakobskind, no Direto da Redação





O Presidente boliviano Evo Morales deu exemplo para os demais dirigentes de como se pode voltar atrás em determinadas circunstâncias. Uma estrada que passaria pelo Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) foi contestada por indígenas que consideravam a obra, financiada pelo brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), atentatório ao meio ambiente e que dividiria suas terras.

Uma dura repressão, segundo informaram as agências de notícias, não ordenada por Morales se abateu sobre os manifestantes. Morales não pensou duas vezes, suspendeu a obra e agora quer que seja submetida ao julgamento popular através de um plebiscito. O Presidente boliviano garantiu que não foi dele a ordem da repressão, fato que será investigado e os responsáveis punidos.

Embora em um primeiro momento a culpa tenha recaído sobre Morales, quem se lembra de como os movimentos sociais na Bolívia eram reprimidos não poderia acreditar que a ordem da repressão tenha partido dele. Afinal, como líder dos cocaleiros antes de ser Presidente, conheceu de perto a repressão ordenada por governos neoliberais em episódios que remontam o ano 2000, como, por exemplo, a Guerra da Água em Cochabamba entre muitas outras.

É possível que a construção da tal estrada sem consultar os indígenas da região tenha sido precipitada. Deve-se cobrar do BNDES como liberou verbas para uma obra que seria executada pela empresa brasileira OAS e é denunciada como atentatória ao meio ambiente. Isso é contra os princípios e a legislação que regula o próprio banco de fomento. Como o BNDES ainda não tinha propriamente liberado a verba para a construção, agora se espera que os técnicos responsáveis do setor sejam mais prudentes e voltem atrás, bem como daqui para frente analisem melhor os projetos polêmicos na hora de dar o sinal verde para a sua execução.

Se assim procedesse no caso da estrada na Bolívia, críticas ao Brasil do tipo expansionista e único interessado na obra em questão poderiam ter sido evitadas.

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E não percam por esperar, a velha mídia raivosa e de mercado do Rio e São Paulo provavelmente vai cair em cima de Morales acusando-o de não respeitar compromissos assumidos e coisas do gênero. Claro, os editoriais deverão defender os interesses da empreiteira OAS. Faz parte do DNA da velha mídia tupiniquim.

De qualquer forma, uma análise sobre os acontecimentos na Bolívia não pode deixar de considerar o recuo de Morales atendendo os apelos dos seus irmãos índios. Em qual país da América Latina e do resto do mundo tal fato acontece?

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