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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Europa agora é refém da China?...


Tom Orlik, da Dow Jones Newswires, publicado aqui na Pindorama pelo Valor Econômico


As histórias de dois encontros de cúpula revelam o provável preço do apoio da China à Europa. Em 2008, uma raivosa China cancelou sua cúpula anual com a União Europeia por causa de um insulto político: o encontro do presidente da França, Nicolas Sarkozy, com o Dalai Lama. Desta vez, foram os europeus que pularam fora do compromisso – originalmente agendado para terça-feira – porque eles estavam muito ocupados em enfrentar sua crise da dívida.

O que não era tão claro há três anos, mas que hoje é bastante evidente, é que o equilíbrio de poder está mudando. As pesadas dívidas da UE e os fundos bolsos da China ajudaram a acelerar essa mudança no cenário.

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, e outros líderes chineses fizeram um tour pelo velho continente prometendo apoio à Grécia, Espanha e Itália nessa hora de necessidade. Mas fora alguns poucos dados inconclusivos e sugestões de autoridades europeias, que têm todo o interesse em alardear uma demanda por seus ativos, não está claro se a China realmente aumentou suas compras de títulos da dívida de países europeus.

A Administração Estatal de Câmbio – que administra as reservas internacionais da China – está focada em segurança em vez de retorno. Portanto, parece improvável que o país mergulhe de cabeça na dívida emitida por países europeus em dificuldade financeira.

Se a Europa quer receber uma verdadeira injeção de capital da China vai ter de colocar ativos reais, ou concessões políticas, à mesa.

Esse processo já está em andamento. Em julho de 2010, a chinesa Cosco, uma gigante estatal de navegação, assinou um contrato de arrendamento de 35 anos de um porto grego por US$ 4,2 bilhões. Para uma importante nação comercial, nada mais estratégico do que um porto.

Além de tijolos e argamassa, a China tem outros interesses. A designação como uma economia de mercado sob as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) pode estar no topo de sua lista, mas isto limitaria a capacidade da Europa de adotar ações contra a China em questões comerciais.

Wen já deixou escapar que o apoio da China para uma endividada Europa estaria atrelada a uma mudança da posição da UE nesta questão chave.

O fim do embrago europeu sobre vendas de armas à China, imposta desde o massacre de Tiananmem de 1989, pode parecer uma possibilidade mais distante. Mas as críticas da Europa ao histórico de violações aos direitos humanos da China estão mais amenas do que já foram. E no final de 2010 até mesmo circularam informes na imprensa europeia de que a chefe da diplomacia da EU Catherine Ashton teria estimulado os Estados membros a reverem esse embargo.

À medida que a desenrola a crise da dívida e a posição da China continua a se fortalecer, mesmo o que era impensável antes pode vir a entrar na mesa de negociação.

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