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quarta-feira, 8 de junho de 2011

O que aprendemos com a queda do Palocci?...

Antes de mais nada quero dizer que para mim não parece que a queda do ministro seja prejudicial ao país. De minha parte já não tinha gostado de início da escolha dele pela presidente Dilma como o ministro da pasta mais importante do governo. Sempre tive o Palocci como um tucano dentro do PT. Achei sua escolha temerária. Tenho o nítido pressentimento de que tem algo de tenebroso em seu passado.

Mesmo assim, nesse caso, tenho a impressão (num primeiro momento - pois não boto a mão no fogo por ninguém) de que não cometeu ilícito algum. Mas atuar como consultor e depois abandonar esse barco para voltar ao governo já é uma brecha aberta para toda sorte de exploração politiqueira e de desgaste por parte de setores da sociedade interessados nisso (mormente o PIG).

Vejamos então o que podemos extrair como aprendizado desse “causo”:

  1. O episódio deixa claras as vulnerabilidades do modelo político brasileiro e a maneira como os “escândalos” fabricados são utilizados politicamente – especialmente quando se misturam questões objetivas (como as dúvidas sobre os clientes das consultorias do Palocci) com factoides (a "denúncia" da Veja sobre o proprietário do imóvel alugado por ele).
  2. desde o impeachment de Fernando Collor a denúncia tem sido utilizada como ferramenta exclusiva de disputa política – não como instrumento de aprimoramento das instituições. É a ferramenta de trabalho do PIG.
  3. Muitos ministros enriqueceram depois de terem deixado o governo e o capital acumulado no exercício de funções junto à iniciativa privada depois não é desprazível, permitindo várias formas de conjecturas, dos legítimos aos ilícitos. Por exemplo, antes da crise mundial, havia uma operação permitida pelo Banco Central que levava a ganhos expressivos para muitas empresas: o swap reverso. A empresa ganhava no cassino financeiro se houvesse uma desvalorização do dólar ante o real. Muitas relutavam em apostar por não ter segurança sobre se (e quando) poderia ocorrer uma inversão do câmbio. Um ex-Ministro como consultor permitiria uma segurança extra nesse tipo de aposta. Nem sei se o Palocci atuou nisso, é apenas um exemplo.
  4. Economistas do Real (da Era FHC) ganharam muito mais dinheiro e em operações muito mais duvidosas (vide Pérsio Arida e o Opportunitty Mutual – só para citar um, mas há muitos mais deles). O fato é que nenhum deles largou consultoria para retornar à governos, muito menos em posições estratégicas.
  5. Este não foi o primeiro nem será o ultimo episódio montado em cima dessa estrutura. O PIG mantém uma estante de escândalos guardados, reais ou fictícios, como em gôndolas de supermercados. Depois, vão sendo tirados da prateleira dependendo do interesse político do momento. Na hora em que quiser, o PIG poderá fazer o mesmo contra Serra, Aécio, Alckmin, Eduardo Campos, Cabral, Ministros de Dilma, secretários de Alckmin, etc... qualquer um. Porque são acusações que independem de comprovação. Não há a mediação do Poder Judiciário, a análise de provas e contraprovas. Basta criar o movimento, a onda, o fato político e aguardar o desfecho. Fácil assim.
  6. Qual o resultado final de toda essa história? Tornar o Executivo mais vulnerável às demandas de partidos aliados fisiológicos do PIG e de seus interesses i.e.: concessões publicas nas comunicações, dominação da exploração de venda de livros didáticos, influencia em licitações de grandes obras, preferência nas verbas de comunicação e por ai vai...

E assim vamos...

PS: o ensaio neste post são variações em cima da analise do Luis Nassif, com as quais concordo inteiramente, aqui. Em tempo: também estou com o pé atrás com a nova ministra Gleisi Hoffmann, que me parece meio... meio... ruralistinha!

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