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quinta-feira, 10 de março de 2011

Vassalagem ao Norte – década de 1950


Foto – Os presidentes Jucelino Kubitschek e Eisenhower

Não é de hoje que o Brasil é curral dos fundos dos irmãos do Norte. O interessante artigo reproduzido abaixo foi publicado no JB – Jornal do Brasil, em sua edição de 20 de janeiro de 1957 – exatamente o dia em que eu nasci. Nesse dia o General Dwight Eisenhower iniciava seu segundo mandato como presidente dos EE.UU. (para usar a mesma forma que o jornal usou naquel ano).

O Google passou a disponibilizar esses dias a maioria das edições do JB, desde 1920. Por falta de algo mais específico para comprovar isso, fui na data do meu nascimento e achei essa jóia. Por ai bem vemos que a subserviência ao norte não é de hoje nem coisa só de vassalos tucanos e/ou jornalistas mercenários (ver post anterior).

Mas os tempos eram outros, na época,1956/57, o Brasil estava comprando navios mercantes sobras de guerra dos EE.UU. para fornir a empresa de navegação estatal Lloyd Brasileiro na cabotagem, arranjo que não deu certo jamais. Mas a divida ficou.

Procura-se esclarecer os mal-entendidos que cer­cam as negociações sobre Fernando de Noronha

Decepcionados os círculos norte-americanos pela demora em ser obtido um acordo — Esteve no Departamento de Estado o Embaixador Amaral Peixoto para situar a verdadeira posição do Brasil no caso

WASHINGTON. 19 (U.P.I. ) — Urgente — O embaixador do Brasil, Ernani do Amaral Peixoto esteve esta tarde no Departamento de Estado para esclarecer, segundo se disse, "os malentendidos" sobre as condições impostas pelo Brasil para a instalação de uma base norte-americana de controle de projeteis teledirigidos, em território brasileiro.

O embaixador brasileiro falou com o secretário de Estado adjunto para assuntos interamericanos Roy H. Rubottom, o diretor da Seção de Assuntos Sul-Americanos Maurice Berenbaum e vários dos funcionários que cuidam de questões brasileiras.

Acompanharam-no os ministros da Embaixada Egydio da Câmara Souza e Henrique Rodri­gues Valle.

A reunião, que foi resolvida apressadamente, refletiu certa apreensão do parte do Biasil com vista dos rumores que circulam de que os Estados Unidos se mostram muito decepcionados pela demora que vem ocorrendo em dar-lhe permissão para estabelecer uma base de observação na Ilha de Fernando de Noronha.

Pessoa fidedigna disse que o embaixador Amaral Peixoto falou com o Presidente Jucelino Kubitschek pelo telefone antes de ir ao Departamento de Estado. Foi por [ilegivel] conversação, segundo se disse, que o embaixador brasileiro teve que retardar em meia hora a visita ao Departamento de Estado, que se havia fixado para os 17 horas.

Antes de entrar no Departamento de Estado Amaral Peixoto disse a United Press que não tinha informação oficial alguma para con­firmar uma noticia do Rio do Janeiro de que o Brasil havia pedido ajuda econômica e multar aos EE. UU.., pelo uso da ilha.

O embaixador disse que, segundo sabe, as conversações continuam no Rio de Janeiro, e que se espera um acordo.

O governo dos EE.UU. disse ultimamente que, se não se chegar a um acordo abandonarão o projeto de utilizar dita ilha para. finalidade de observação.

ACORDO, SEM VACILAR MUITO, ERA ESPERADO

Em vista de se tratar de um projeto para a defesa do hemisfério em geral, os EE.UU. pensaram que o Brasil permitiria o uso da Ilha de Fernando de Noronha sem vacilar muito.

Os círculos oficiais de Washington se mostram surpreendidos contudo, de que o Presidente Kubitschek não haja podido chegar a um acordo, não obstante haver recebido uma solicitação pessoal do Presidente Eisenhower em dezembro passado.

Em circulos informados se disse que no Rio de Janeiro existe certa preocupação de que o assumo possa afetar as boas relações dos EE.UU. com o Brasil, sobretudo em vista de haver recebido o país sul-americano recentemente ajuda econômica de Washington, no valor de 250 milhões de dólares, e de que o Brasil possa continuar necessitando da ajuda norte americana para sua recuperação econômica.

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