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quinta-feira, 31 de março de 2011

A Líbia e os privatizadores da água


extraido (e complementado) do Asia Times onLine – por Pepe Escobar

Poucos no ocidente devem saber que a Líbia – como o Egito – repousa sobre o Sistema Aquífero do Arenito Núbio [inglês: Nubian Sandstone Aquifer]: um oceano da extremamente valiosa água doce. Ah!... sim, essa brincadeira de esconde “agora você vê, agora você não se vê”, é a guerra crucial pela água.

O controle do aquífero é um patrimônio sem preço: além da água para beber, tem o prestígio de como “resgatar” valiosos recursos naturais das mãos de árabes tribais e “selvagens”.

Este Aquedutistão – 4.000 quilômetros de dutos enterrados no fundo do deserto - é o Maior Projeto de Rio Criado pelo Homem [inglês: Great Man-Made River Project (GMMRP)], que Kadafi construiu por US$ 25 bilhões, sem tomar emprestado um centavo sequer, nem do FMI nem do Banco Mundial (mais um exemplo de barbárie de Kadafi, que não se deve deixar vazar para o resto do mundo subdesenvolvido).

O sistema GMMRP fornece água para Trípoli, Benghazi e todo o litoral da Líbia. A quantidade de água disponível, estimada por especialistas, é o equivalente à toda a água que corre pelo Nilo por 200 anos.

Comparem-se esses números os números das chamadas “Três Irmãs” – as empresas Veolia (ex-Vivendi), Suez Ondeo (ex-Generale des Eaux) e Saur – todas francesas que controlam mais de 40% do mercado mundial de água.

Todos os olhos devem ficar atentos, para ver se algum dos aquedutos da GMMRP serão bombardeados. Cenário altamente possível, caso sejam bombardeados, é que imediatamente comecem a ser negociados os gordos contratos de “reconstrução” – que beneficiarão a França. Será o passo final para privatizar toda aquela – até o momento gratuita – água. Da doutrina do choque, chegamos à doutrina da água.

Essa lista dos que ganham com a guerra está longe de ser completa – ainda não se sabe quem ficará nem com o petróleo nem com o gás natural da Líbia. E agora queremos saber também quem vai ficar coma água. Enquanto isso, o show (das bombas) tem de continuar. Não há "negócios" tão bons como os "negócios-de-guerra".

Sabemos agora mais um detalhe dos motivos da sede de Sarkozy.

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