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quinta-feira, 24 de março de 2011

Entenda como se estruturam as melhores patranhas na nossa Pindorama – O imperador da Vale



Do ótimo blog Tijolaço, do deputado Brizola Neto (agora de volta à blogosfera)

O Imperador Agnelli, que diz ter uma relação “apenas afetiva”com o Bradesco sempre foi o menino-prodígio do banco do velho Amador Aguiar.

Entrou lá em 1981, antes mesmo de formar-se em economia, e só lá trabalhou até assumir a presidência da Vale, há dez anos. Mas um ano antes, já era presidente do Conselho de Administração da empresa e, também, da Bradespar.

No livro “Administração: teoria e prática no contexto brasileiro”(São. Paulo:Pearson Prentice Hall, , 2008), os professores Felipe Sobral e Alketa Peci descrevem assim as relações entre Agnelli e o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão:

“(…)Agnelli soube cultivar uma rede de relacionamentos interpessoais, além de aproximar-se de pessoas poderosas, entre os quais o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, conquistando sua admiração e proteção.”

Ou, como prefere Agnelli, uma “relação afetiva”.

Em 1997, o Bradesco participou da avaliação da Vale. Como acionista da CSN, que arrematou a empresa, participou também da compra daquilo que ele mesmo avaliara.

Isso provocou uma ação do Ministério Público Federal, movida pelo Procurador Ubiratan Cazzeta, do Pará, onde ele aponta, essencialmente, estes argumentos para essa afirmação:

1) A participação indireta do Bradesco no leilão da Vale deu-se da seguinte maneira: as empresas Belapart e Valetron, constituídas às vésperas do leilão e controladas pelo Banco Opportunity, de Daniel Dantas, lançaram no mercado no dia 07 de maio de 1997, dia da venda da Vale, debêntures no valor de R$ 604 milhões. Para a procuradoria, trata-se de uma “coincidência insuperável”. Os papéis foram comprados por uma subsidiária do Bradesco, da qual o banco controla 99% das ações, a União Participações.


2) O dinheiro das debêntures serviu para que o Opportunity financiasse a Elétron, outra empresa que controlava, na compra da Vale. A Elétron integrou o consórcio vencedor. Desembolsou R$ 660 milhões. Com a operação, segundo publicação do próprio banco, “o BRADESCO detém 85,6% do capital total da Elétron S.A., sociedade de participações detentora de 20,7% do capital total da Valepar S.A., que por sua vez é controladora da CVRD, detendo 42,1% do seu capital votante”.


3) O Bradesco detém 17,9% da CSN que, por sua vez, controlava 31% da Vale.

Resumindo: o financiou debêntures emitidas por duas empresas, que eram controladoras da Elétron: Valetron e Belapart. Tanto a Valetron quanto a Belapart eram de propriedade de uma pessoa física ligada ao Opportunity e ao Sweet River Fund, que participaram da compra de ações da Vale do Rio Doce com direito a voto. Quando as debêntures não foram honradas, ele assumiu o controle.

Na operação de “descruzamento de ações” entre a CSN e a Vale, o Bradesco ficou com uma parcela que lhe permitiu, através da Bradespar, controlar a empresa, mesmo com apenas 21,2% das ações votantes na Valepar, consórcio controlador, enquanto a Previ (previdência do Banco do Brasil) e Funcef (da Caixa), têm 49% e o BNDES mais outros 11,5%.

São, como se vê, relações afetivas e competência gerencial as únicas razões que fazem de Roger Agnelli, o Imperador da Vale, uma figura “imexível”, a quem o país, agradecido por tantos lucros obtidos com a extração de nosso minério, deve curvar-se e reverenciar.

4 comentários:

  1. Ortogonalmente a isso, pega mal pra car#### um governo pretender interferir numa empresa privada. Hoje é a Vale, amanhã vai ter um funcionário do Partido vigiando cada bodega por aí.

    Alguém não recebeu a desejada propina, é a explicação que passa na Navalha de Occam.

    Até porque o que realmente interessaria ao governo e (talvez) ao resto dos brasileiros, é cobrar royalties da mineração no mínimo no mesmo patamar do petróleo. Há 10 anos se fala disso. Por que não é feito?

    (Seria muito mais inteligente cobrar royalties de minério de ferro que de petróleo, porque o grosso do minério é exportado e quem pagaria seriam os chineses, enquanto o petróleo produzido aqui é por nós queimado, e os royalties saem do bolso do Brasil todo para o dos cariocas.)

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  2. E isso do governo ficar se auto-justificando através dos blogs "progressistas" tá parecendo mesmo coisa de país comunista, "ah, saiu no Pravda que o governo fez certo, tá vendo, até a imprensa concorda!".

    Os esquerdistas podiam ser pelo menos mais criativos.

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  3. Todo poder aos sovietes!... Hehehehe...

    Na verdade ñ e exatamente interferir qquer empresa como vc diz, Elvis. O caso da Vale é emblemático pois foi um lesa pátria sem precedentes e em seu processo de privatização todos os ingredientes das maracutalhas estiveram ali reunidos:

    a) foi vergonhosamente sub-avaliada por uma empresa estrangeira que representava interesses difusos ocultos (Merrill Lynch) e depois vendida um preço vil. O grosso das reservas minerais que a empresa detém ñ entraram na conta da avaliação.
    b) Armou-se essa arapuca de venda de debêntures, com fundos do próprio BNDES para concretizar a operação (assim até eu!)
    c) A rigor a Vale pertence aos Fundos de Pensão (Previ e Fucef) e ao BNDES, ai o governo tem mais é que tomar pulso mesmo sobre as cagadas desse (se acha) Semi-Deus Agnelli, pois ele está lá só por conta do Bradesco, que é acionista minoritário no frigir dos ovos. Mas agora dançou, pois o Bradesco também o deixou pendurado na broxa.
    d) Cagadas do tipo dessa: http://www.youtube.com/watch?v=BpBXHEpubmE

    Ih... esse tema daria horas e horas de debate, mas é muito cansativo para comentários de blog - eu acho... =)

    O blogzinho sujo e botocudo aqui ñ é porta voz de nenhum governo. Somos independentes!... hehehe

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  4. Sim, minha suspeição de independência foi para o blog originário (Tijolaço). Você é apenas não-imparcial :) como eu também não sou, blog não é jornal e sendo franco nem os jornais têm conseguido ser imparciais.

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