* Este blog luta por uma sociedade mais igualitária e justa, pela democratização da informação, pela transparência no exercício do poder público e na defesa de questões sociais e ambientais.
* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Recesso até segunda-feira


Vou pra estrada.

Em São Bento temos um aprendiz de PIG – um PIGuinho

Faço uma rápida explanação introdutória para os leitores deste blog que não são da nossa charmosa vila botocuda aqui. O jornal de maior circulação aqui na cidade é o diário A GAZETA (1). Pertence a uma família tradicional, que tem múltiplos negócios em varias áreas, mormente ligadas ao comercio.

Como os próceres do PIG nacional, a família dona do tablóide(2) do qual nos ocupamos, também é ligada diretamente à política, local e regional. Transitam por diversos partidos, mas com ênfase pelo PMDB, sardinha para a qual quase sempre puxam a brasa. Também como seus irmãos maiores da PIGagem nacional, querem (hora sim, hora não) transmitir um ar de isenção, que não tem.

Praticam um jornalismo fraco, com abordagens superficiais em sua maioria e não adotam a pratica de se posicionar através de editorais. Não raro publicam noticias incompletas, informando fatos genericamente, sem nem mesmo informar ao leitor onde a coisa se deu, nem fornecendo a identidade das pessoas envolvidas no evento noticiado ou outros detalhes relevantes. As paginas esportivas ocupam quase a metade das edições. Talvez isso seja de agrado dos leitores. Não queremos entrar nesse mérito.

Pois bem, na edição de hoje fizeram uma reportagem cobrindo duas visitas feitas ontem pelo prefeito em exercicio à obras publicas, municipais por suposto. No caso, o prefeito em exercício é o vice-prefeito Flávio Schuhmacher (DEM) que aproveita o momento do cargo para dar visibilidade à si, ao seu partido e talvez projeção ao seu candidato ao governo estadual.

Ai o jornal fez assim: na vistoria que o prefeito fez ao canteiro das obras de construção de casas populares, um programa do governo federal conduzido aqui pela CEF – Caixa Econômica Federal e uma empresa privada local (o que é bom), não informaram isso aos seus leitores. Fizeram de conta que a obra é da Prefeitura Municipal e melhor, deitaram falação tecendo loas ao próprio vice-prefeito (e ao seu partido?) com um corolário de explanações técnicas meio deslocadas no contexto da noticia. Uma coisa sem pé nem cabeça.

Veja na figura abaixo – CLIQUE QUE AMPLIA – Note que a leitura das colunas deve seguir a seguinte ordem: A, A1, B, B1, C, C1

Assim vamos indo!...

NOTAS

(1) Cobram taxa para leitura de suas matérias online à guisa de assinatura, por isso o leitor do nosso blog botocudo não vai poder fazer uma melhor avaliação, infelizmente.

(2) não tem conotação pejorativa nenhuma, pois o jornal é impresso em formato de meia pagina, conhecido como formato “tablóide”.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sacolas Oxibiodegradaveis



As sacolas oxibiodegradáveis são feitas de plástico que no processo de fabricação recebe um aditivo, que os fabricantes sustentam que acelera a degradação das moléculas do polímero. Ainda de acordo com os fabricantes, com o aditivo as sacolas se decompõe em até 36 meses. Sem o aditivo a degradação no meio ambiente levaria mais de 200 anos.

Os aditivos mais usados são os importados: PDQ-H, BDA ou d2w, este último aparentemente o mais utilizado no Brasil.

Os plásticos oxibiodegradáveis pertencem à categoria da poliolefinas tradicionais (polietileno, polipropileno e poliestireno), nas quais é adicionado um catalisador que acelera a oxidação do polímero, causando sua “quebra” em moléculas menores.

Esses fragmentos menores seriam teoricamente degradados pelos microorganismos existentes na natureza como fonte de energia. No entanto, estudos recentes comprovaram que embora os aditivos oxidantes de fato aumetem a quebra polimérica, os fragmentos gerados não são mais biodegradáveis que os fragmentos gerados (mais lentamente) dos polímeros sem este aditivo.

Já as sacolas biodegradáveis (puras - muito mais caras atualmente) são feitas de diversos materiais orgânicos naturais, como o amido de mandioca, milho ou batata, além das que usam proteínas, celulose, fibras e óleos vegetais. Segundo pesquisadores, o material resultante se deteriora pela ação de microorganismos em contato com o solo em um período de 40 a 120 dias, justamente por ser orgânco.

Resumindo:

- Sacolas biodegradáveis feitas de bioplástico orgâncio são importantes na economia de petróleo, no auxílio à reciclagem natural (compostagem);
- Sacolas oxi-degradáveis NÃO DEVEM ser consideradas biodegradáveis, apenas transformam o resíduo em um lixo invisível e diminuem o ciclo de vida do plástico.

Artigo complementar muito bom, aqui


terça-feira, 27 de julho de 2010

Gráfico animado mostra dimensão da catátrofe ambiental nos EUA

O acidente na plataforma de petróleo Deepwater Horizon em 20 de abril iniciou o maior desastre ambiental dos Estados Unidos. Três meses depois, o problema ainda não foi solucionado. Neste período, um gráfico animado ficou famoso por simular o que pode estar acontecendo com o vazamento. Segundo a projeção, se as correntes oceânicas se comportarem de acordo com o usual para a época do ano, o óleo já deve estar chegando ao Atlântico.

Até agora a BP, empresa responsável pela plataforma, já gastou cerca de US$ 4 bilhões para tentar extinguir o vazamento, limpar a região e pagar indenizações. Onze funcionários da plataforma morreram e mais de cem tiveram que ser resgatados.

A maré negra atingiu todos os estados americanos banhados pelo Golfo do México. O óleo chegou ao delta do Rio Mississipi e as áreas de conservação dos pântanos da Lousiania foram atingidas, assim com as praias da Flórida, Alabama e Nova Orleans.

A dramática imagem de animais cobertos por petróleo se tornou comum nos noticiários. Milhares de animais foram encontrados mortos. Até agora, é impossível mensurar o que se perde em um desastre deste tamanho, entre perdas econômicas e ambientais.


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dez (falsos) Motivos para não votar na Dilma




por Jorge Furtado

Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.

Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)

Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.

Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes.

1. Alternância no poder é bom

Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.

2. Não há mais diferença entre direita e esquerda

Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Borhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Borhausen, José Sarney é Che Guevara.

3. Dilma não é simpática

Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.

4. Dilma não tem experiência

Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.

5. Dilma foi terrorista

Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.

6. As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano

Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.

7. Serra vai moralizar a política

Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista - no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC - foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.

8. O PT apóia as FARC

Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?

9. O PT censura a imprensa

Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.


10. Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra

Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.


NOTAS:
(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.


Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões

Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares

Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões

Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos

Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78

Reservas cambiais:
FHC/Serra = 185 bilhões de dólares negativos x Lula/Dilma = 239 bilhões de dólares positivos.

Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%

Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%

Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%

(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:

José Serra começou sua campanha dizendo: "Não aceito o raciocínio do nós contra eles", e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.

Africa - a lixeira da Europa

Sobre essas coisas a nossa midia tupinambá quase não fala

Esta criança foi contaminada, como 30.000 outras pelo material tóxico que vinha no navio Probo Koala, da Europa


Uma notícia que não saiu, que eu visse, em qualquer jornal brasileiro, é importantíssima. A Justiça da Holanda condenou a multinacional Trafigura - que opera na comercialização de petróleo e derivados – em 1 milhão de Euros por ter ocultado a natureza tóxica de uma carga de gasolina com alto teor de enxofre, transportada no navio Probo Koala e te-la exportado para Abdijan, na Costa do Marfim, sem antes saber se haveria condição de tratar lá este lixo tóxico. A multa é menos importante pelo seu valor em dinheiro – a Trafigura teve um lucro 340 vezes maior, ano passado – do que pelo caminho que abre para que a empresa responda em diversas cortes pela intoxicação que seu produto causou em milhares de marfinenses, levando 16 deles à morte, em 2006. Veja a cronologia do episódio aqui.

No ano seguinte, a empresa teria feito um acordo com o governo da Costa do Marfim para evitar processos e iniciou uma ofensiva contra os meios de comunicação para abafar o escândalo.

A Trafigura entrou com uma ação judicial para proibir o jornal britânico The Guardian de publicar um documento – conhecido como Relatório Milton – no qual especialistas atribuíam os problemas em Abidjan aos resíduos do Probo Koala. O jornal foi proibido de mencionar não só o relatório, como o próprio recurso judicial da Trafigura. Mas os detalhes do Relatório Milton, e o próprio documento, rapidamente começaram a circular na Internet. A ação foi mobida também contra a BBC, que teve censurada, no final do ano passado, uma peça jornalística anterior, com o título “Dirty tricks and toxic waste in the Ivory Coast” (“Jogos sujos e lixo tóxico na Costa do Marfim”). A estatal, porém, não parou de noticiar o caso.

A nossa imprensa, que diz estar tendo sua liberdade “ameaçada” – ninguem sabe como nem porque – não se interessou em noticiar nem o caso, nem a tentativa de abafá-lo na imprensa.

pescado mais uma vez do Brizola Neto, no Tijolaço



sábado, 24 de julho de 2010

O ilegal e o imoral


Em um período de cinco meses entre o final de 2008 e o início de 2009, quando o mundo mergulhava numa severa crise econômica, a mais violenta do capitalismo desde a crise de 1929, altos executivos de 17 grandes bancos americanos enriqueceram com bônus de US$ 1,6 bilhão.

Quem contou foi Kenneth Feinberg, encarregado pelo governo dos Estados Unidos de pagar aos bancos a ajuda pública bilionária para resgatá-los da crise que eles mesmos criaram com operações de crédito fictícias que não se sustentaram. Os números sairam de uma investigação com 419 bancos que receberam dinheiro durante a crise.

Como não havia restrições às bonificações, que só foram criadas depois de fevereiro de 2009, Feinberg disse que os pagamentos não foram ilegais. Podem não ter sido ilegais, mas foram imorais. E de uma imoralidade tamanha, muitas vezes superior a certos atos ilegais.

Quando a Nicarágua sofreu um terremoto violentíssimo, que matou 10 mil pessoas em Manágua, o ditador Anastácio Somoza vendeu parte do sangue doado para as vítimas, numa atitude criminosa que marcou o início de sua queda. Pagar bônus com dinheiro da ajuda pública é tão repugnante quanto. É uma afronta ao mundo e a todos os cidadãos norte-americanos que perderam suas casas e passaram a viver com dificuldades após a crise causada pelas instituições financeiras. Um escárnio que não pode ser tolerado, mesmo que não se enquadre tecnicamente na ilegalidade.

Brizola Neto no Tijolaço

Não é só aqui que o PIG é porco – também lá


Uma funcionária desconhecida do Ministério da Agricultura dos EUA passou a ser protagonista de uma história bizarra que chamou a atenção nacional (nos States, claro) ao longo da semana e deveria ser lembrada como um exemplo dos danos que a temeridade do jornalismo alinhado, opostunista, calcado em ranço político/ideológico são capazes de infligir a uma pessoa e toda a sociedade.


Neste caso, a vítima mostrou um comportamento sensato e humano num contexto que é uma vergonha moral à toda elite ologárquica de lá.


A coisa parece que termina bem, pois ontem Barack Obama se desculpou ao país por danos causados a Shirley Sherrod, a funcionaria em questão, num episódio que ele não é o único culpado, mas um entre muitos. Na quinta-feira, ele telefonou para pedir desculpas pessoalmente. "Isso acontece porque vivemos num meio de cultura em que algo aparece no YouTube ou um blog e depois monta o grande confusão a respeito e tudo sai de controle", disse Obama numa entrevista à televisão.


O nome de Sherrod, que é negra, apareceu pela primeira vez na mídia na ultima segunda-feira, quando um site de extrema-direita, Breitbart.com, reproduziu uma declaração fora de contexto pinçada de um discurso, que sugere que tempos atrás, fato ocorrido em maio de 1987, um agricultor teria sido discriminado por ela por ser branco.


Em poucos minutos, a frase estava viajando todos os sites e canais de notícias de televisão com os comentários dos analistas e “especialistas” (é lá como cá), condenando o comportamento inaceitável de um funcionário público e exigindo a sua demissão. Menos de 24 horas depois, um assistente do secretário da Agricultura, Tom Vilsack, determinou que ela renunciasse ao cargo.


Sherrod tentou explicar que fora tudo um mal entendido, que suas palavras foram distorcidas tendenciosamente, mas ninguém se preocupou em ouvir. Só mais tarde, depois que ela foi demitida e os meios de comunicação tinham consumido completamente o engodo, Sherrod conseguiu entregar uma cópia completa de seu discurso e demonstrar que seu comportamento não só não era racista, mas muito generoso. Essa peça histórica agora também está no VocêTuba, aqui. O trecho clipado e editado foi exatamente no minuto 21:00, como pode ser visto também no VocêTuba, aqui.


O famoso discurso, que foi proferido em março de 2010, na Geórgia, numa reunião da NAACP, a principal organização de defesa de direitos dos negros, durou 45 minutos. Nele, Sherrod se refere a um caso que ocorreu 23 anos atrás, quando trabalhava para uma ONG que dá assistência a pequenos agricultores, em que ela prestou uma assessoria a um fazendeiro branco que estava na mesma situação complicada, igual a que muitos agricultores negros sofreram em outros tempos. O trecho de dois minutos reproduzido pela mídia raivosa (de direita toda ela) deu a impressão de que Sherrod agiu discriminando o homem, mas a verdade foi é que resgatou o seu negócio e sua própria existencia. O próprio agricultor em questão, vendo o escândalo que se montou sobre o caso veio em auxilio dela e afirmou categoricamente que mantém eterna gratidão para com Sherrod.


Mas nenhum dos que reproduziram o vídeo editado e manipulado, ou que com ele se indignaram de seu conteúdo, tiveram o cuidado de chamar o agricultor e ouvir sua versão: nem jornalistas, nem o secretário da Agricultura. Ninguém se preocupou tampouco em ouvir o discurso de Sherrod na íntegra. Ninguém exigiu da Breitbart.com provas sobre a procedência da sua denuncia. É claro que não teria sido assim se o réu fosse Bill Gates, mas Sherrod era uma desconhecida, que se pode atacar sem risco.


A estranha coincidência foi de que o vídeo pseudo-racista Sherrod surgiu jiustamente após um fim de semana em que uma outra convenção da NAACP tinha levantado queixas fundamentadas do racismo intrínseco dos membros da Tea Party, que é como são chamados os fundamentalistas conservadores americanos.


"Me cansei de dizer: espere um pouco, veja o discurso completo. Mas ninguém me ouviu", disse Sherrod na quarta-feira, amarga e frustrada. O secretário da Agricultura já havia pedido para retormar ao seu posto, mas agora não está mais inclinada a aceitar a oferta.


É evidente neste caso, a má intenção de alguns dos agentes políticos, a negligência de grande parte da mídia alinhada – mesmo jornais respeitáveis deram grande repercussão ao caso - o New York Times fez um editorial de condenação e a Fox News (que novidade!) converteu o caso numa bandeira de causa, semeando pânico entre políticos que se intimidam ante as críticas. O que permanece completamente desconhecido é o tanto de responsabilidade do próprio Obama neste caso. De saída é, teoricamente, o superior direto do Secretário Vilsack, que exonerou Herrod.


O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, garantiu que o presidente não foi informado do caso até a manhã de terça-feira e em nenhum momento pediu para tomar medidas concretas contra Sherrod. Mesmo que assim fosse, como o primeiro presidente negro EUA, como seus colegas, é refém do medo de comparecer perante o público como um defensor de sua raça.


Mas com o forte resurgimento de valores facistas nos EUA esse caso ainda vai produzir importantes desdobramentos. O conflito racial também volta a linha de frente com muitas arestas mal aparadas, que agora aparecem, como se pode ver neste artigo publicado pelo ótimo Huffington Post, um contraponto liberal à coisas brucutu como o conservador Breitbart.com.

Historinhas edificantes - e de como elas deveriam ser contadas


E os escribas e fariseus trouxeram Lhe uma mulher, apanhada em adultério; a puseram em sua frente entre a multidão, perguntando a Ele:

- Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Moisés nos ordenou na Lei que tais mulheres devem ser apedrejadas; o que dizes Vós?

Assim falaram tentando-O, para que pudessem acusá-Lo. Mas Jesus se abaixou, e com o dedo escreveu no chão [como se não os ouvisse].

Então, como eles continuaram a lhe perguntar, Ele se levantou, e disse:

- Aquele que entre vós estiver sem pecado, que atire a primeira pedra.

E novamente Ele se abaixou, e escreveu no chão.

E aqueles que ouviram, condenados pela [sua própria] consciência, saíram um por um, começando pelos mais velhos, até o último: e Jesus foi deixado sozinho, com a mulher parada entre a multidão.

Quando Jesus se levantou, não viu mais ninguém além da mulher, disse a ela:

- Mulher, onde estão aqueles que vos acusavam? Ninguém vos condenou? - Ela disse:

- Ninguém, Senhor. E Jesus disse a ela:

- Nem eu vos condeno; vai, e não tornai a pecar.

Poucos sabem, porém a história continua:

Schlomo, que era ateu e não tinha pecados porque pecado é especificamente um conceito de transgressão do código moral definido por uma religião, voltou até onde Jesus e a vagabunda estavam, pegou uma pedra deste tamanho e tacou nos cornos da vagabunda. A vagabunda estrebuchou no chão. Não morreu, mas quase... e Jesus saiu murmurando: “ateu filho da puta… estragou a minha estória”.


Adaptado e complementado de um ensaio de 2006 do Rafael Galvão

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Da série Santa (e bela) Catarina (3) – uma terra de “enrolation”


Aqui nas nossas belíssimas terras catarinetas escândalos continuam bombando. Um dos últimos trata de uma diretora do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis - IPUF, a arquiteta Maria Cristina da Silveira Piazza, casualmente sobrinha do ex governador LHS.

Pois bem, essa personagem, recém exonerada do cargo, está envolvida em cabeluda denuncia que diz respeito a uma reforma de um imóvel histórico na nossa capital ilhoa. Trata-se do Palácio Dias Velho (antiga Câmara e muito antigamente uma cadeia publica), um prédio de 200 m², que foi alvo de um convenio entre o IPUF (orgão da Prefeitura Muncipal de Florianópolis) e uma ONG chamada DiverSCidades, casualmente presidida pela mesma Maria Cristina da Silveira Piazza. O valor do convênio - atentem para esse pequeno detalhe Sras. e Srs.: a módica quantia de R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais). Isso representa R$ 125 mil/ m².

Aparentemente, e por sorte, a coisa acabou suspensa, depois de, além de outras coisas, a entrada providencial do Ministério Publico na coisa.

Para ver detalhes e uma cronologia apresentada pelo MP, aqui, embora meio longo é muito didático. A entrevista com as desculpas esfarrapadas da excelentíssima Sra., aqui (tem um vídeo muito esclarecedor).

Candidatura ao senado de Heráclito Fortes do DEMo naufraga


O jornal Meio Norte divulga, a partir desta quinta-feira (22/07), resultado de pesquisa eleitoral encomendada junto ao Instituto Amostragem. Para começar os números somente com os candidatos a senador.

Wellington Dias (PT) aparece na frente, isolado, com 57,34%, seguido por Mão Santa (PSC), com 30,87% das intenções de voto e Heráclito Fortes (DEM) com 24,71%. Ciro Nogueira (PP) está em quarto lugar, com 14,87% e Antônio José Medeiros (PT) tem 10,64% das intenções de voto.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Advogado da Frente contra o golpe é morto em Honduras


A situação de caos, assassinatos e repressão em Honduras continua acontecendo. A vítima mais recente foi o advogado Marco Tulio Amaya, da Frente Nacional de Resistência Popular, assassinado na manhã desta quarta-feira (21/7), na comunidade Ojo de Agua, em El Paraíso. Marco Tulio integrava a Frente de Advogados contra o Golpe de Estado e era defensor dos 56 campesinos do Instituto Nacional Agrário, vítima de perseguição pelo governo hondurenho.

Em virtude desta situação repressiva que se instalou em Honduras, trinta entidades estadunidenses, entre organizações sociais, internacionais e igrejas, que militam em prol dos direitos humanos, expressaram preocupação a respeito das graves violações dos direitos, através de uma carta enviada ontem (20), ao Departamento de Estado, dos Estados Unidos (EUA).

As entidades denunciam que a série de violações de direitos, que tem vitimado os defensores dos direitos humanos, ativistas e até jornalistas, durante o governo do atual presidente, Porfirio Lobo, não tem sido investigada seriamente.

Elas pedem ao Departamento de Estado, que denuncie de forma sistemática e publica, as violações que tem acontecido em Honduras e que encoraje o governo hondurenho para aceitar o estabelecimento de um escritório do UNCHR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), para fortalecer o estado de direito. Na carta, as entidades pedem também à secretária Hillary Clinton, que "condicione o fornecimento de assistência à Honduras, à realização de uma investigação imediata destes casos e a adoção de medidas efetivas para assegurar que se ponha fim a estes abusos".

Lista de vítimas

De acordo com dados relatados na carta, a maioria das pessoas ameaçadas, atacadas e assassinadas pertencia à FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular), ou se opunham de algum modo ao Golpe de Estado. O documento alerta ainda que a dirigente feminista Gladis Lanza, recebeu ameaça de morte, através de e-mail, no último dia 17.

As organizações fizerem ainda uma lista com nome dos ativistas sociais assassinados só no período de gestão de Lobo, entre os quais aparecem o dirigente sindical Julio Fúnez Benítez, a filha do sindicalista Pedro Brizuela, Claudia Maritza Brizuela, Francisco Castillo, Juan Manuel Flores Arguijo, Adalberto Figueroa, Gilberto Alexander Núñez Ochoa, Pedro Antonio Durón Gómez e Vanessa Zepeda Alonzo.

do Opera Mundi