* Este blog luta por uma sociedade mais igualitária e justa, pela democratização da informação, pela transparência no exercício do poder público e na defesa de questões sociais e ambientais.
* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Não há crise humanitária em Gaza


O embaixador israelense na ONU, Daniel Carmon, negou que exista crise humanitária em Gaza e disse que a flotilha atacada ontem não carregava ajuda humanitária, mas se destinava a “enviar uma mensagem de ódio e implementar a violência”.

Para confirmar essa calunia assistam o vídeo da TV inglesa Channel 4 (pública), realizado depois do ataque israelense a Gaza, logo que se estabeleceu o cessar-fogo, no inicio de 2009.

O cineasta Jezza Neumann passou a acompanhar a vida de crianças durante um longo periodo, durante o qual aconteceram novos ataques.

Ele ficou ali um ano. Conviveu, filmou e sentiu a vida de quatro crianças mais de perto: Ibrahim, Amal, Mahmoud e Omssyati; produziu um trabalho de extrema emoção, sensibilidade e força, que peço que assistam e divulguem.

Agora você mesmo julgue se há ou não uma crise humanitária em Gaza.

Texto pescado e adaptado do Tijolaço do Brizola Neto que também legendou esse vídeo em português.

sábado, 29 de maio de 2010

José Serra - o pirado do bairro


As declarações do ex-governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, acusando o governo boliviano de ser “cúmplice de traficantes”, além de levianas e irresponsáveis, podem acabar se voltando contra o próprio autor. Pela lógica da argumentação de Serra, não seria possível a exportação de cocaína a partir da Bolívia sem a conivência e/ou participação das autoridades daquele país. Bem, se é assim, alguém poderia dizer também que Serra é cúmplice do PCC (Primeiro Comando da Capital), da violência e do tráfico de drogas em São Paulo. “Você acha que toda violência e tráfico de drogas em São Paulo seria possível se o governo de lá não fosse cúmplice?” – poderia perguntar alguém, parafraseando Serra.

Neste mesmo contexto, cabe lembrar ainda as declarações do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, preso em 2007 no Brasil, que, em um depoimento à Justiça Federal em São Paulo, disse: “Para acabar com o tráfico de drogas em São Paulo, basta fechar o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos)”. As denúncias de um traficante valem o que ele vale. Neste caso valeram, ao menos, o interesse da Justiça Federal em investigar a possibilidade de ligação entre o tráfico de drogas e a corrupção policial, possibilidade esta que parece não habitar o horizonte de Serra. O pré-candidato foi governador de São Paulo, mas afirma não ter nada a ver com isso. A culpa é da Bolívia.

Há método na aparente loucura do pré-candidato do PSDB. O fato de ter repetido as acusações levianas contra o governo de um país vizinho – e amigo, sim – do Brasil mostra que Serra acredita que pode ganhar votos com elas. Trata-se de um comportamento que revela traços interessantes da personalidade do pré-candidato e da estratégia de sua candidatura. Em primeiro lugar, mostra uma curiosa seletividade geográfica: em sua diatribe contra governos latino-americanos, Serra esqueceu de acusar a Colômbia como “cúmplice do narcotráfico”. Esquecimento, na verdade, que expõe mais ainda o caráter leviano da estratégia. Trata-se, simplesmente, de atacar governos considerados “amigos” do governo brasileiro.

Em segundo lugar, mostra uma postura irresponsável do pré-candidato, tomando a palavra aí em seu sentido literal, a saber, aquele que não responde por seus atos. Antes de apontar o dedo acusador para o governo de um país vizinho, Serra poderia visitar algumas ruas localizadas no centro velho de São Paulo que foram tomadas por traficantes e dependentes de drogas. Serra já ouviu falar da Cracolândia? (fotos impressionantes desse inferno social, aqui) Junto com a administração Kassab, um governo amigo como gosta de dizer, fez alguma coisa para resolver o problema? Imagine, Sr. Serra, 200 pessoas sob o efeito do crack gritando sob a sua janela, numa madrugada interminável … Surreal? Na Cracolância é normal. E isso ocorre na sua cidade, não na Bolívia. Ocorre na capital do Estado onde o senhor foi eleito para governar e trabalhar para resolver, entre outros, esse tipo de problema. Mas é mais fácil, claro, acusar outro país pelo problema, ainda mais se esse outro país for governado por um índio.


Tem mais... texto completo na Carta Maior, aqui


Agora assistam esse video, e reflitam o quanto o nobre ex-governador se importa com a educação no estado de São Paulo. Se importa tanto que manda a PM cuidar dos professores com carinho. A NaMaria tem um blog cheio de contos da carochinha a respeito da educação paulista.


Enquanto isso na nossa Santa (e bela) Catarina... Triplice Aliança

Foto - Neiva Daltrozzo
É no mínimo curiosa essa lenga-lenga da triplicealiança. Almoçam em local público, com almoço pago pelos contribuintes, para decidirem sobre a coligação. Tudo jogo de cena. Entre Colombo (DEMo), Moreira (PMDB) e Pavan (PSDB), já sabemos quem abrirá mão da candidatura a governador.

Fica a dúvida agora em relação ao valor da desistência:

Seria esse o assunto em pauta no almoço na Agronômica? Há antecedentes, pois em 2006 Colombo teria abdicado por R$ 5 milhões conforme está no Portal Terra. Então uma tarifa já é conhecida. E as outras parecem lógicas. O PMDB combina com R$ 2,5 milhões ao som de Bocelli. Já o Pavan, todos sabem, opera com taxa fixa de R$ 100 mil.

......................

Santa Catarina já foi um sucesso de público e crítica. Depois de oito anos de (des)governo do PMDB (triplicemente aliado com tudo que cheira mal) a coisa mudou. E pra pior. Em tempos passados fomos o quinto maior produtor de alimentos e o sexto em arrecadação de impostos. Agora, além do sucesso do Código Ambiental inconstitucional e ilegal, amargamos a 10ª posição em ambos os quesitos. E ainda querem vender a Celesc e a Casan pra fazer caixa pras eleições.

Pescado e adaptado daqui

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Caça às baleias - Australia afronta o Japão


O governo australiano anunciou nessa sexta-feira que vai iniciar na próxima semana um processo na Corte Internacional de Haia com o objetivo de cessar o programa “científico” de pesca de baleias pelo Japão no Oceano Antártico. Há tempos o primeiro ministro Kevin Rudd vinha prometendo usar vias legais para conter os baleeiros japoneses que, a despeito da moratória na pesca de baleias em vigor desde 1986, caçam cerca de mil baleias todos os anos.

O anúncio da medida ocorre em meio a críticas da oposição e da mídia de que Rudd não cumpre suas promessas – o primeiro-ministro engavetou, por exemplo, sua proposta de campanha para um esquema para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do país. Com a medida, a Austrália leva seu segundo maior parceiro comercial ao tribunal.

“A ação do governo hoje reflete um desacordo em um elemento de um relacionamento que é profundo, amplo e multidimensional”, disseram os ministros do meio ambiente e de assuntos exteriores australianos em um comunicado, referindo-se às relações com o Japão. “Tanto a Austrália quanto o Japão concordaram que, quais sejam nossas diferenças quanto à caça às baleias, esse tema não deve permitir que a força e o crescimento de nossa relação bilateral sejam colocados em risco”.

Mas segundo o The New York Times, o ministro da agricultura japonês mostrou-se impassível, dizendo que a pesca científica de baleias é permitida e indicando que a medida australiana provavelmente foi influenciada pelo calendário eleitoral. Os australianos irão às urnas antes do fim do ano. A imprensa australiana citou fontes oficiais japonesas dizendo que o Japão vai defender seu programa “científico” de caça às baleias com todas as forças em Haia.

A decisão de apelar ao tribunal ocorre algumas semanas antes da reunião anual da Comissão Internacional Baleeira (CIB) , prevista para 21 a 25 de junho no Marrocos, em que será apreciada uma proposta para substituir os programas científicos de pesca à baleia por quotas comerciais decrescentes ao longo do tempo. Japão, Noruega e Islândia defendem a proposta e para aprová-la é preciso o voto de três quartos das 88 nações na comissão. Caso a proposta passe, o esforço australiano em Haia contra o programa científico terá sido inócuo.

Segundo o comunicado dos ministros australianos, o objetivo do país é cessar a caça de baleias no Oceano Antártico e globalmente. “Embora seja pequena a chance de que os resultados da reunião (da CIB em junho) venham ao encontro dos objetivos fundamentais de conservação da Austrália, o governo vai continuar a se engajar construtivamente no esforço diplomático”, afirmaram os ministros.

O Sea Shepherd, grupo que patrulha o Oceano Antártico durante os verões para tentar impedir a ação dos baleeiros japoneses, comemorou a decisão da Austrália de levar o caso à Corte Internacional. Um ativista do Sea Shepherd, Peter Bethune, está em julgamento no Japão por ter subido clandestinamente no baleeiro japonês que se chocou contra um dos barcos do Sea Shepherd, o Ady Gil, na campanha do verão passado. Se declarado culpado, Bethune, cidadão neozelandês, pode pegar até 15 anos de prisão.


Flavia Pardini - no Pagina 22

Comentário

Agora só falta os governos (inclusive o do Brasil) tomar atitudes efetivas que avancem no controle da matança desenfreada de tubarões para aproveitar só suas barbatanas.




National Kid – o verdadeiro herói



Abertura brasileira do seriado japones National Kid dos anos 1960 está no video ai em baixo. Esse personagem é uma criação da empresa japonesa Matsushita Electric, hoje Panasonic Corp. (desde 2008).
Na época o grupo Matsushita tinha diversas marcas de produtos eletrônicos no mercado entre as quais a National, Technics e Panasonic. A marca Panasonic se firmou na década de 1980 e a marca National foi relegada a pilhas e baterias, depois sumiu, pelo menos no mercado brasileiro. A empresa ainda mantem alguns produtos com a marca National no Japão.
Mas para nós crianças em 1968/69 o bom mesmo era o herói Nashonaru Kiddo, cujo seriado era transmitido pela TV Tupi, em preto & branco ainda, na época.
A abertura que aparece nesse vídeo foi veiculada só num pequeno período. Havia uma outra abertura da companhia de dublagem “A&C São Paulo”, que está mais na minha memória.
A qualidade desse vídeo aqui no VocêTuba é ruim mas a música é, e sempre será, fantástica. Desde criança, até hoje eu sei cantá-la, mesmo sem ter a mínima idéia do que significa.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mais banda larga. Mais RBS, mais m...




Diretor de tele deveria ter vergonha de andar na rua e de falar em público


O livre mercado de conectividade no Brasil falhou, é uma piada de mau gosto

Ontem, esteve na reunião-almoço da Federasul em Porto Alegre, o diretor da Oi, Luiz Falco.


Veio criticar o PNBL - Plano Nacional de Banda Larga - do governo federal, embora tenha confessado que não o conhece bem.

Falco disse que "se o governo optasse pela Oi para implantar seu programa, a empresa teria capacidade de aumentar a instalação de pontos de banda larga dos atuais 1,2 milhão por ano para até 3 milhões". Para o diretor da Oi, "há dois Brasis, o das áreas urbanas, onde há concorrência entre as operadoras, e o da universalização, que as empresas não atendem porque a quantidade de clientes não compensa", conforme matéria de Zero Hora, de hoje, página 20 (fac-símile acima).

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Veja como ZH faz jornalismo de compadre, já que a Oi é um dos grandes anunciantes do grupo midiático RBS:

O diretor de uma operadora de telefonia e conectividade dá uma palestra marqueteira, só para se queixar do PNBL e reivindicar um latifúndio maior na concessão que tem, e o jornal não produz um hífen sequer para criticar esse ganhador de dinheiro fácil.

Luiz de Falco deveria ter vergonha de andar na rua e falar em público, como fez ontem na Federasul e sua platéia de sub do sub.

Basta ler o
Comunicado 46 do Ipea para saber que os serviços concedidos (privados) de conectividade no Brasil estão abaixo da crítica. São muito caros e muito ruins.

Repito: Luiz de Falco deveria ter vergonha de andar na rua e falar em público.

E ontem, foi aplaudido na Federasul, pelos chamados "empreendedores" que lá mastigavam o seu almoço-reunião.

O Rogério Santanna, presidente da Telebrás, na mesma hora, estava ontem no Senado dando depoimento sobre os planos da empresa estatal que dirige e a expectativa do PNBL.

Santanna foi enfático: "as operadoras vivem hoje numa zona de conforto, gozando de um acordo de mediocridade" com o objetivo de ganhar muito dinheiro e oferecer serviços abaixo da crítica.

Silvio Lemos Meira, ex-pesquisador do CNPq e um sujeito conhecido e consagrado no mercado de TI, portanto não é nenhum ultra ou tresloucado, é outro que critica duramente as operadoras de telefonia/banda larga.

Silvio diz o seguinte: "Nos últimos dez anos, regredimos mais de 20 posições nos índices de quantidade e qualidade da infraestrutura digital. Não que o Brasil estivesse indo para trás de forma acelerada. O que a década de queda - do 38º para o 59º lugar no
Network Readiness Index do World Economic Forum, por exemplo - quer dizer é que outros países se moveram muito mais rápido. E isso é um problema, agora e no futuro próximo, primeiro porque muitos deles são nossos competidores, mas também, e mais gravemente, porque o mundo conectado vive, intensamente, a sociedade e a economia da informação e do conhecimento. Estar fora da rede, hoje, é como estar fora do mundo".

Sobre o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), Silvio diz o seguinte: "A ineficiência das operadoras fixas no provimento de acesso em banda larga em quantidade, qualidade e preço acessível é a mãe do PNBL".

"Um PNBL bem executado - prossegue Silvio - pode se tornar uma intervenção estatal de qualidade nos negócios de conectividade. O PNBL parece um novo 'plano de integração nacional' e seu papel pode ser muito parecido ao das estradas e TVs no passado, ao trazer para a rede mais da metade dos municípios e 70%, 80% das casas. Muita gente reclama e desconfia do plano, quase como se fosse uma reestatização do setor de telecom. Mas telecom, a das antigas companhias de telefonia, não existe mais, transformou-se em conectividade, fixa e móvel. E é significativo que o PNBL não trate de mobilidade, e sim de conectividade fixa, onde o mercado, simplesmente, falhou" - completa Silvio Lemos Meira.


by Cristovão Feil, no Diário Gauche

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Estado desvirtuado, por Paulo Bornhausen

fonte: O Estado de São Paulo - dez 2009

Hoje, no tablóide Diário Catarinense, do grupo midiático-politico-golpista RBS, o deputado Paulinho Bornhausen (DEMo–SC) escreve um brilhante artigo desancando o programa de banda larga, promovido pelo governo federal. Essa jóia rara pode ser lida aqui.

Agora, o que esperar de uma mediocridade dessas? Quando fala em 40% de carga tributária nas tarifas se baseia na afirmação feita pelo diretor-executivo da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), Eduardo Levy, que, num debate, para se defender da afirmação de que as tarifas brasileiras de telefonia são a quarta mais caras do mundo (dados da UIT – União Internacional de Telecomunicações) saiu com essa: de que a culpa por isso é a tributação. Ah, tenha dó!?!... Observe a figura que ilustra este post e diga se uma afirmação estapafúrdia dessas tem cabimento.

O oligárquico deputado também esqueceu de citar que as companhias de telefonia são as campeãs absolutas em reclamações de consumidores pelo simples fato de que as operadoras não cumprem regras básicas que os seus serviços demandam.

Lá no meio de seu arrazoado, mistura alhos com bugalhos e mostra ao que veio: “No Brasil de Dilma e Lula, isso não acontece, porque o que eles buscam é a perpetuação no poder, é o controle absoluto. No caso da banda larga, desnuda-se outra “qualidade” petista, a da hipocrisia”. Ora, o que uma coisa tem a haver com a outra?... o que quer dizer com hipocrisia? Que análise profunda...

Já que o deputado catarineta gosta tanto de se indetificar com o “1º Mundo”, deveria se informar sobre o programa australiano de banda larga, que os leitores desse blog botocudo já conhecem.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Hanomag 1939

CLIQUE PARA AMPLIAR

Tirei esse anuncio de uma revista Volk und Welt, que herdei da biblioteca de meu avô. Ele tinha uma coleção completa dessas revistas, de 1935 a 1939. Era uma espécie de National Geographic alemã de orientação nazista. A coleção não era do meu avô originalmente mas de um amigo dele, um artista plástico, que havia mudado daqui de São Bento para São Paulo e não quis levar muitos de seus livros. O ultimo nº da coleção é exatamente de setembro de 1939, inicio da guerra européia. Essa coleção está comigo hoje, não que eu apologize o nazismo, pelo contrario, mas por motivação histórica e sentimental.

Esse carro que está no anuncio, foi lançado em 1939, como uma alternativa ao Volkswagen. Na verdade foi uma conseqüência de um projeto do próprio que não havia sido aprovado.

Como a 2ª Guerra Mundial estourou naquele ano, poucos desse modelo foram produzidos.

A Hanomag foi uma das principais fabricas alemãs de locomotivas, até o inicio da década de 1930, quando quase faliu devido ao caos da economia alemã da Republica do Weimar. Foi absorvida por um conglomerado siderúrgico na década de 1930 e soerguida parcialmente quando produziu automóveis até o inicio do conflito, quando começou a produzir, caminhões militares, tanques e peças de submarinos.

Depois da guerra a empresa se concentrou em produzir caminhões e tratores. A divisão de tratores foi absorvida pela Massey-Ferguson em 1968 e de caminhões pela Daimler-Benz na mesma época.

Ameaça de Golpe!


Agora que a elite oligárquica vendilhona começa a perceber que sua teoria de “chilenização” (de que um governante mesmo sendo popular, não consegue transferir votos para um sucessor menos conhecido) das eleições brasileiras é um tiro na água, está-se cozinhando um golpe branco para impedir a candidatura de Dilma Roussef. Acompanhe aqui o que publica o jornalão, prócer do PIG, já preparando o terreno para essa tese.

Meu amigo Eduardo Guimarães também fez uma previsão analítica muito boa a esse respeito no post O plano B da direita, que vc pode ler aqui (mas não dá link direto ao post, você vai ter que procura-lo no blog. Na verdade é o último post daquele blog uma vez que o Edu está mudando para endereço de blog novo).

Não vão conseguir nas urnas ai querem ganhar no tapetão. Isso é o fim da picada! O pior é que vão ter ajuda externa nessa empreitada.

Agora eu pergunto? Por que só Dilma? O Serra está com propaganda da Sabesp por todo o Brasil desde fevereiro de 2009. Até no Acre (o Acre existe?) já veiculou-se a excelencia da Sabesp.

Mas se houver algo nessa direção, do golpe branco, o povo vai as ruas. O Brasil não é Honduras. Ou é?...

“Irãnizando” o dia 2 - O verdadeiro Irã, além da mídia vendida


Por Sonia Bonzi no NovaE

Depois de ter morado no Irã, minha maneira de ver o mundo mudou bastante. Não acredito em mais nada do que diz a grande mídia.

Quando soube que ia morar em Teerã senti um certo medo, mas aceitei o desafio. Comecei uma busca voraz por informações sobre o país, a cidade, a história, o povo. Depois de tudo que li, decidi que viveria em casa, reclusa, lendo, escrevendo, fazendo crochet, inventando moda...

Parti de Londres pronta para o sacrifício. Teria que conviver com os xiitas radicais, terroristas cruéis, apedrejadores de mulheres, exterminadores de homossexuais, homens-bomba, mulheres oprimidas, cobertas com véus...

Eu estava submetida às leis locais e me seria vedado mostrar cabelos, pernas e braços. Ficar em casa era o que mais me atraia. Vestir um chador para sair me parecia um pouco demais. A caminho de Teerã eu depositava o sucesso da minha estadia nos jardins da casa onde fui morar. Ter aquele espaço me bastaria.

Logo ao sair do aeroporto comecei a ter uma imagem diferente de tudo aquilo que eu tinha lido. Tudo tão bonito, belas estradas, muita luz, viadutos com mosaicos, jardins bem cuidados, gente vendendo flores nos sinais, um engarrafamento sem buzinas, pedestres poderosos cruzando entre os carros, rapaziada de cabelo espetado, mocinhos com camisetas apertadinhas, moças lindas, super produzidas e também muitas mulheres de chador. Parques cheios de gente. Muita criança. Muito pic nic.

Dizem que a primeira impressão é a que vale. Gostei da chegada. Não tive medo. Não vi tanques, cadafalsos, escoltas armadas... Gostei das caras, das montanhas, das casas, das árvores, dos muros, do alfabeto que me tornava analfabeta.
Logo no segundo dia eu já tinha entendido que minha leitura sobre o cotidiano não tinha nada de realidade. Eu não precisava usar chador. Podia sair vestida com uma calça comprida, um camisão de mangas compridas e um lenço na cabeça. Senti-me nos anos 70, quando eu não dispensava um lencinho.

Deixei o jardim de casa e fui conhecer Teerã.

A imprensa e os meios de comunicação do ocidente me deixavam confusa. O que eu lia e ouvia não correspondi ao que eu vivia e via.

Encontro um povo é acolhedor, educado, culto, simpático, que gosta de fazer amigos, que abre as portas de casa para os estrangeiros, gosta de música, de dança, de declamar poesia... Não encontrei os problemas de abastecimento que me informaram haveria. Comprava-se de tudo, inclusive uísque e vodka. Bastava um telefonema.

Os temíveis homens-bomba nunca passaram por lá. Ninguém se explodia. Foi horrível constatar que enforcamentos aconteciam de vez em quando. Apedrejamento de mulher adúltera já não acontecia há 14 anos.

Fiquei amiga de muitos gays, fiz e fui a festas espetaculares, tomei vinho feito em casa, viajei sem escoltas pelo país, visitei amigos em suas casas de campo, de praia, de montanha...

Apaixonei-me pela culinária refinadíssima, morro de saudades das nozes, pistaches, castanhas, avelãs, frutas secas. Não me esqueço dos pães, do iogurte, do suco de romã puro ou com vodka...

Conheci a Pérsia profunda: lagos salgados, desertos salgados, as antigas capitais, segui a "rota da seda", dormi em caravanserais... Sempre assessorada por amigos locais.

Não conheci um iraniano, de nenhuma classe social, que fosse favorável ao regime teocrático instalado no país. Só uma coisa aproxima o povo do governo: o direito à tecnologia nuclear.

A pressão do ocidente fortalece e radicaliza os aiatolás. O povo do Irã não aceita esta interferência mundial. Quem são os ocidentais para dizer a eles o que fazer? Eles não vem o ocidente como um modelo a ser seguido. Eles não acreditam nos governos que já apoiaram Sadam Hussein numa guerra contra eles. Eles não tem razão para acreditar nas grandes potências. Isto incomoda. Melhor demonizá-los. Eles são acusados de não cumprirem acordos. Quem os acusa também não cumpre.
O domínio da tecnologia nuclear é considerado pelo povo do Irã como um direito deles, que sempre tiveram grandes cientistas, que sempre valorizaram o conhecimento, a medicina de ponta, que querem vender energia nuclear..

O povo iraniano não começa uma guerra há mais de 200 anos. Eles não são belicosos. São diferentes de seus vizinhos. A instabilidade no Oriente Médio não é causada pelo Irã. Apesar da força que a imprensa, os governos, as corporações fazem para denegrir a imagem do Irã, eu confesso que o Irã que eu conheci não é o que é descrito pela mídia ocidental.

Não há favelas em Teerã, não há miseráveis pelas ruas. Minorias tem seus representantes no Congresso, judeus tem seus negócios, suas sinagogas, zoroastrianos tem acesa a chama em seus templos. A família é uma instituição valorizada. Refugiados palestinos e iraquianos são mantidos pelo governo e pelo povo iraniano, que lhes oferece abrigo, alimento e escolas...
Não acredito que ameaças e o uso da força possam melhorar a situação na região. Os iranianos não são os iraquianos. Ser mártir para defender a religião ou a pátria é motivo de júbilo até para as mães.

A negociação, o respeito, a falta de arrogância, as informações corretas são as armas para defender a estabilidade no mundo. Pena que muitos interesses financeiros estejam acima dos sonhos de bem-estar e paz.


Comentário

Para o leitor deste blog botocudo ter uma base de comparação, veja como a mídia retrata o Irã: apenas observe as figuras aqui... e aqui.

Faça sua própria pesquisa no Google [imagens] usando a palavra “Irã” ou “Iran” e depois compare com o texto acima.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O desastre do Golfodo México x Ganância


ESCRITO POR JOSÉ CARLOS MOUTINHO NO correio da cidadania

Pelos dicionários, algoritmo é um conjunto de execuções (calculadas) para o cumprimento de tarefas específicas ou resolução de determinados problemas. Os profissionais em Tecnologia da Informação (TI) têm muita familiaridade com o tema. Eles sabem que, para a existência e sucesso de determinado sistema, há que se definir cuidadosamente o algoritmo. Uma vez definido, o sistema poderá evitar perda de tempo e insucessos na execução quotidiana. Bons sistemas devem levar em conta (e respeitar) o ser humano e o meio ambiente.


No caso do derramamento de petróleo no Golfo do México, no dia 20/04/2010, na costa do estado de Luisiana (EUA), no qual estão envolvidas a BP (British Petroleum) e a Halliburton, a exemplo de outros desastres envolvendo multinacionais (as "Big Oil"), parece haver somente um algoritmo em execução: o aceleramento da exploração de petróleo em prol da maximização de lucros, acrescido de mais ganância, ao menor custo.


O lucro máximo (e imediato) deve preceder sobre os interesses do ser humano e do meio ambiente. É a lógica das corporações mundo afora. E mais: resistem a pagar a conta de tais agressões e tentam esconder o problema "debaixo do tapete", pois não se pode manchar a imagem da empresa. Manchar o mar, matar trabalhadores e destruir a fauna e a flora, vá lá. Mas manchar a imagem da empresa...


Os desastres são numerosos. Até hoje as empresas e as autoridades governamentais parecem não saber como evitá-los e lidar com eles em tempo hábil. Praticamente todos os desastres são considerados os maiores da história, o novo supera o velho. E os responsáveis não estão conseguindo aprender com eles, por isto não estão dotados de um conjunto de mecanismos para vencê-los. O desastre no Alasca, em 1989, de autoria da Exxon, poderá ser superado pelo desastre da BP, no Golfo do México.


A mancha na imagem das "Big Oil"


A imagem das corporações é tratada com carinho pelos meios de comunicação hegemônicos. Salta aos olhos, por exemplo, o fato de a imprensa brasileira não ter citado (se citou não deu para ver) a participação da multinacional Halliburton no derramamento de petróleo. A empresa do ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney é reincidente em desastres e negócios escusos. Lembremos que, no mundo, essa multinacional esteve (e está) envolvida em diversos sinistros, entre eles a ocupação do Iraque.


No Brasil, a Halliburton foi responsabilizada pelo desaparecimento dos computadores portáteis com informações estratégicas da Petrobrás. E mais: a Halliburton presta serviços (sem concorrência) para a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), conforme denúncia da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), baseada em informações cedidas por fontes importantes do setor petrolífero brasileiro.


A agência independente de notícias estadunidense "Democracy Now!", no dia 28/04/10, confirmou que a Halliburton é uma das responsáveis pelo desastre no Golfo do México, que resultou em perda de vidas humanas e gravíssima agressão ao meio ambiente.

O portal venezuelano Aporrea noticiou, no dia 04/05, que a BP reconheceu que deu "um passo em falso" ao incluir nos contratos oferecidos aos pescadores do Alabama (EUA), para que ajudem na luta contra a mancha de óleo, uma cláusula na qual estes trabalhadores se comprometeriam em não denunciar posteriormente a petroleira. "Foi um passo em falso que demos em princípio", declarou o diretor geral da BP, Tony Hayward, durante uma entrevista coletiva no Alabama. A BP chegou a oferecer US$ 5 mil para não ser denunciada. Pronto, mais uma vez, lá se vai a imagem tão retocada e preservada das "Big Oil".


Logo na semana seguinte ao desastre, a mancha de óleo tinha aumentado e cobria mais 4.900 quilômetros quadrados do Golfo do México, devido à perda de 42.000 barris de petróleo por dia, e nenhuma medida eficaz foi tomada para conter o desastre. A Guarda Costeira dos EUA e o pessoal contratado pela BP seguem lutando para conter a mancha que se espalha.

Familiares de onze trabalhadores desaparecidos entraram na Justiça para responsabilizar a BP e a Halliburton por negligência na administração da plataforma "Deepwater Horizon". A Halliburton realizou trabalhos no referido poço petrolífero, antes da explosão.


A jornalista estadunidense da Democracy Now!, Amy Goodman, afirmou que a BP, depois de quase duas semanas, chegou a uma idéia para minorar seu crime ambiental, ao projetar uma pesada estrutura (de metal e concreto) em forma de sino para ser posta sobre o poço, mas fracassou neste intento.


Goodman informou ainda que já estão aparecendo várias aves e águas-vivas mortas nas ilhas que cercam a costa da Luisiana, o que tem aumentado em muito a contaminação daquelas águas. A vida silvestre, segundo especialistas em meio ambiente, está com sérias ameaças de contaminação química no longo prazo.


A jornalista destacou também que a analista do setor de petróleo, Antonia Juhasz, chamou a atenção sobre o poderio econômico e político da BP nos EUA. Segundo Juahsz, a BP é uma das mais poderosas multinacionais que operam no país. Em 2009, por exemplo, a empresa lucrou US$ 327 bilhões. No primeiro trimestre de 2010, a BP faturou mais de US$ 6 bilhões. O dobro dos lucros obtidos no mesmo período de 2009.


Segundo declarou a analista, a BP gasta muito dinheiro na política interna norte-americana, bem como na supervisão do cumprimento das normas do setor. Ou seja, é a raposa ditando as leis no galinheiro. Esta empresa muito ocupada com o seu lucro, a exemplo da Halliburton e outras "Big Oil", segue subtraindo vidas humanas, o meio ambiente e a própria democracia nos EUA. Não bastando, é incompetente e lenta na solução de seus crimes ambientais.


Os grandes faturamentos são acompanhados de grandes desastres. Em 2005, uma refinaria da BP, no Texas, explodiu, matou 15 trabalhadores e feriu outros 170. Em 2006, no Alasca, a BP derramou 200 mil barris de petróleo que, segundo a Agência de Proteção Ambiental, foi o maior derramamento que ocorreu naquela região. A empresa foi multada em US$ 60 milhões. Em 2009, foi multada em US$ 87 milhões pela explosão da refinaria.


Não bastando, a explosão da plataforma da BP no Golfo do México, o Serviço de Administração de Minerais, do Departamento do Interior, aprovou 27 novas permissões para perfurações em alto mar. A notícia é da Democracy Now!


A experiência brasileira


O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella, avalia que as petrolíferas multinacionais "praticam a produção predatória, principalmente quando estão fora de seus países de origem. A orientação do Império é da produção a toque de caixa, até porque os EUA só possuem reservas de petróleo para três anos de consumo. E a situação fica mais grave quando estão operando em país pobre, como acontece no México".

Sobre o fracasso da BP em conter a mancha de óleo, Cancella acredita que a solução virá. "Não na velocidade que a preservação do meio ambiente exige. Eles poderiam pedir ajuda à Petrobrás, que é reconhecida mundialmente pela prospecção de petróleo no mar".


Sobre as perdas de vidas humanas e agressão ao meio ambiente, o diretor do Sindipetro-RJ lembrou do afundamento da Plataforma P-36, no Brasil. "O desastre da P-36 aconteceu no governo FHC. As viúvas dos onze petroleiros foram proibidas de entrar na sede da companhia. Quando Lula assumiu o governo, autorizou o então presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, a receber as viúvas e propôs um acordo indenizatório que incluiu até formação universitária dos filhos dos petroleiros mortos na plataforma".


Autoridades brasileiras disseram que o país não tem um conjunto de procedimentos para lidar com situações como a do Golfo do México. O geofísico e diretor da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), João Victor Campos, lembra que o Brasil teve a experiência com a P-36, "mas não aprendemos". "A sorte nossa foi que o vazamento foi mínimo, ao contrário deste no Golfo do México. É irresponsável, com o atual número de plataformas em operação em diversas áreas da costa brasileira, não termos medidas de enfrentamento para situações semelhantes".


João Victor explica que o desastre da BP "ocorreu em função da explosão de um bolsão de gás (metano, provavelmente) próximo à superfície, no caso no próprio assoalho oceânico. Estas ocorrências de bolsões de gás não são raras, têm sido registrados diversos casos na superfície. O inusitado é que este se deu no fundo do mar".


O geofísico acrescenta que existe válvula que detecta pressões anômalas no poço, blow-out preventer, cuja indicação é mostrada na plataforma da sonda por um grande "relógio" chamado "Martin Decker". "Como se tratou de explosão súbita e inesperada, como só acontece no caso dos bolsões de gás, não houve tempo para detectar a anomalia".


Ou seja, ao que tudo indica, teriam como evitar o pior. Mas a lógica da produção acelerada, para acompanhar as negociações na bolsa, impede um trabalha de qualidade, pois a ganância prevalece no algoritmo dessas multinacionais.


Em suma, o desastre da BP demonstra a assimetria entre a economia virtual e a vida real, ao tentar acelerar a produção na vã ilusão de acompanhar o ritmo dos algoritmos computacionais nas bolsas de valores, que operam um volume massivo de tarefas quotidianas em milissegundos. E não é só a BP. Praticamente todas as petroleiras mundo afora tentam acelerar suas atividades de extração a uma velocidade que agride a humanidade e o meio ambiente. Essa é a lógica imposta pelo modelo neoliberal, que precisa ser sepultada, se não, mais desastres virão.


No fechamento desse artigo, surgiu o afundamento da plataforma marítima de gás Aban Pearl, na costa do estado venezuelano de Sucre, no último dia 13/05. Conforme noticiou a Agência Bolivariana de Notícias (14/05), no acidente, os mecanismos de segurança foram acionados, fazendo com que a plataforma se desconectasse do poço Dragón 6 em tempo hábil. Os 95 trabalhadores foram evacuados a tempo, sem nenhum ferimento. Lembramos que a Venezuela tem sofrido diversos ataques, comandados pelos EUA, por ter abandonado o neoliberalismo e propor o socialismo do século 21. Tal fato confirma que o algoritmo do capitalismo selvagem realmente caducou.