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sexta-feira, 26 de março de 2010

O terrorismo midiático contra Cuba

Cuba é uma ditadura, assim como a China. E Cuba deve merecer o mesmo tratamento dado a China pela comunidade internacional.

E enquanto os capitalistas ocidentais estiverem na China se beneficiando da mão de obra escrava e usufruindo de um mercado de 1 bilhão de pessoas, e isto com beneplácitos das potêncais democráticas, não podem perseguir, bloquear, sabotar Cuba e criticar os governantes que mantém uma boa relação com a pequena ilha.

Por Altamiro Borges

A “greve de fome” e a morte de Orlando Zapata desencadearam uma nova onda midiática contra Cuba. Jornalões e poderosas redes de televisão dos EUA e da Europa deflagraram a ofensiva e logo foram seguidos servilmente pelos barões da mídia colonizada do Brasil. Quase todos os dias, Estadão, Folha e Globo lotam páginas para satanizar o regime cubano, tentando fazer a cabeça dos tais “formadores de opinião”. Já as emissoras de televisão, em especial a TV Globo, massificam o terrorismo midiático para milhões de inocentes telespectadores.

A hipocrisia da mídia é repugnante. Ela tem o cinismo de transformar um deliquente comum em preso político. Zapata, o novo herói do imperialismo e da mídia, nunca sequer figurou na lista de “prisioneiros de consciência” do Conselho de Direitos Humanos da ONU, sempre tão rigoroso contra Cuba. Seus problemas com a justiça cubana eram antigos e sua folha corrida era imensa: “violação de domícilio” (1993), “lesões menos graves”, “furto”, “porte de arma branca”, “fratura do crânio de uma vítima com uso de machado” (2000) e “perturbação da ordem pública” (2002).

“Milagrosa metamorfose” de Zapata

Apesar dos crimes comuns, a justiça cubana ainda permitiu que Zapata fosse libertado sob fiança em março de 2003. Poucos meses depois, ele cometeria novos crimes, sendo detido e condenado a três anos de prisão. Mas a sentença foi dilatada devido à péssima conduta na cadeia. Foi neste período que o delinqüente comum foi abordado pela chamada “dissidência cubana”, financiada pelo Departamento de Estado dos EUA e pelas fundações de fachada da CIA.

Como relata o sociólogo Atílio Borón, “é neste marco que se produz sua milagrosa metamorfose: o meliante repetidamente encarcerado por cometer numerosos delitos comuns, que dá machadadas na cabeça de outros, se converte em um ardente cidadão que decide consagrar sua vida à promoção da ‘liberdade’ e da ‘democracia’ em Cuba. Espertamente recrutado por setores da ‘dissidência política’ cubana, sempre desejosa de conta com um mártir em suas esquálidas fileiras, impulsionaram-o irresponsavelmente e com total desprezo pela sua pessoa a levar adiante uma greve de fome até o final”.

Mentiras sobre presos e torturados

A sua morte, ocorrida apesar dos esforços dos médicos cubanos para evitá-la, deu a senha para a nova ofensiva midiática contra a ilha rebelde. A desinformação é total. Fala-se em milhares de presos políticos e torturados em Cuba. Pura mentira. Até suspeitas ONGs de direitos humanos reconhecem que há “menos de 50 prisioneiros de consciência” no país – bem menos do que os 7.500 da Colômbia, que a mídia omite. Elas também nunca registraram casos de torturas em Cuba – a não ser na base militar dos EUA em Guantánamo, famosa por suas barbáries.

Além disso, a maioria dos “presos políticos cubanos” tem notórios vínculos com o imperialismo, recebe dólares da CIA e freqüenta assiduamente o Escritório de Interesses dos EUA em Havana. Em qualquer outro país, eles seriam condenados por alta traição. O Código Penal dos EUA, por exemplo, prevê pena de 20 anos para que proponha a derrubada do governo constitucional; de 10 anos de prisão para quem emita “falsas declarações com o objetivo de atentar contra os interesses da nação”; e de três anos para quem “mantenha relação com governos estrangeiros”.

O medo da revolução cubana

O veneno midiático contra Cuba, inclusive o destilado pela colonizada mídia tupiniquim, tem vários motivos. Ela não tolera que esta ilha rebelde resista a 50 anos de criminiso bloqueio econômico, que já resultou em bilhões de prejuízos ao povo cubano. Ela não compreende porque mais de 640 tentativas de assassinato do líder da revolução, Fidel Castro, tenham falhado. Ela quer apagar os exemplos cubanos, que ainda animam as lutas de povos de vários países com as suas avançadas políticas sociais, sua heróica defesa da soberania nacional e sua solidariedade internacionalista.

Em síntese, como aponta Azaela Robles num didático artigo no sítio Rebelión, a mídia burguesa não aceita as conquistas da revolução cubana. “No autoproclamado ‘mundo livre’ (o mundo que “se deleita” no sistema capitalista), a cada sete segundos uma criança de menos de dez anos morre de fome. Nenhuma delas é cubana. Segundo a FAO, 842 milhões de pessoas sofrem de desnutrição crônica. Nenhuma delas é cubana. No ‘mundo livre’, 200 milhões de crianças vivem e dormem nas ruas. Nenhuma delas é cubana... Anualmente, quase dois milhões de pessoas morrem no mundo somente por falta de água potável e saneameno básico. Ninguém morre em Cuba por esta causa”.

Manifesto “em defesa de Cuba”

Diante deste brutal terrorismo midiático, os movimentos sociais e as forças progressistas devem erguer a sua voz em defesa da soberania cubana e contra os novos intentos desastabilizadores do imperialismo. Como afirma o manifesto “Em defesa de Cuba”, assinado por intelectuais, artistas e lutadores sociais que integram a Rede Mundial em Defesa da Humanidade (RDH), é urgente se contrapor a esta nova ofensiva do imperialismo e de sua mídia venal.

3 comentários:

  1. Concordo que há hipocrisia generalizada a respeito da China. Veja que não foi um governo, que como o Lula diz que "não conversamos com dissidentes", mas sim uma EMPRESA, o Google, que atirou a primeira torta na cara de verdade da China, em todos esses anos. Agora que ela fez, já tem meia dúzia de outras empresas querendo fazer também (Dell é a que me lembra no momento).

    Só porque fabricam umas porcarias baratinhas pro Wal-mart. Shame. Nem Bush, nem Clinton, nem ninguém teve coragem para peitar a China, embora teoricamente os políticos existam exatamente para isso, e sejam pagos para isso: assumir posições, serem visionários. Foi uma empresa, que *vai* perder dinheiro, que teve a coragem. (Vou puxar a brasa para minha sardinha, e afirmar arrogantemente que nós informatas somos defensores da liberdade como poucos! :)

    Agora, em valores absolutos, não há como defender Cuba. Faz papel de bobo quem faz isso. Uma ditadura em pleno século XXI? No mundo ocidental? Me poupe.

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  2. Elvis, nunca defendi ditadura nenhuma, nem mesmo a cubana. Sempre fui um detrator de ditaduras, a começar pela nossa, a dos milicos.

    Defendo isto sim a auto-determinação dos povos, portanto:

    1) deploro o bloqueio criminoso que os EUA mantem há 50 anos sobre a ilha de Cuba.
    2) deploro igualmente a nossa midia serviçal que em sua submissão ideológica deturpa tudo a soldo do imperio do norte e de forças que se alinham com essa corrente.
    3) sou um democrata por excelencia e portanto NÃO fico renegando esse ou aquele segmento legitimo da sociedade, como p. ex. os movimentos sociais, coisa que alguns amigos meus fazem sistematicamente – defendem morte ao MST e tudo para o “Agrobusiness” (a UDR) - a salvação da lavoura.

    Acho até que o sistema cubano (que embora tenha feitos sociais extraordinários, notadamente em educação e saude publica) já está superado e que o comandante e seu irmão já estão gagás. Mas isso ainda ñ dá aos EUA, ou quem quer que seja interferir, e impor os “seus” sistemas. Isso é prerrogativa do povo cubano.

    Por que é que eu nunca vejo essa midia mentirosa e babona atacar a Arabia Saudita ou o Kuwait com essa mesma veemencia?... regimes muito mais selvagens e totalitários que o cubano.

    Porque só vejo essa midia porca atacar o Chavez (que admito, é um destemperado) mas nunca vejo falarem algo parecido do ditador Pervez Musharraf, que chegou ao poder no Paquistão depois de um golpe militar em 1999 e massacra e prende qualquer pessoa que ouse ir contra seu governo? Será que é porque Musharraf é favorável às políticas imperialistas dos EUA e deixa seu país ser usado como base pelo exército americano?

    Ih, daria pra falar horas sobre isso, mas quero só reafirmar uma coisa:

    A intenção desse post foi chamar atenção sobre a seletividade da nossa midia vendida, que nunca informa seu publico, pois está a soldo de forças elitistas e imperiais. Essa midia safada só faz prestar um serviço covarde e sujo em favor da manutenção dos privilégios de meia duzia de oligarcas. Isso é que é...

    As ditaduras são outro papo.

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  3. Que existe parcialidade, ou não-homogeneidade nos tratamentos, sem duívida. Mas não sei se dá pra exigir isso. Jornais não são livros de História. Não dá pra exigir da Folha de S. Paulo que seja historicamente justa, se a Caros Amigos também não é...

    No mais, um erro não conserta o outro. Se a Folha persegue o Lula mostrando erros do governo, é o equivalente do que se diz na Bíbilia, que Deus fala até mesmo através do falso profeta :)

    Agora, que a politica externa dos EUA sempre foi o elefante na loja de louças, é mesmo :) Complicado é convencer o elefante que não é uma boa idéia ele andar lá dentro.

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